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Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei

publicado em:1/09/09 10:22 PM por: Kamila Azevedo Cinema

A primeira vez em que eu vi Wilson Simonal, eu era criança e foi em uns comerciais que ele fazia para uma rede de supermercados daqui de Natal chamada São Cristóvão – a qual nem existe mais. Na época do Natal, ele também aparecia na telinha norte-riograndense ainda em propagandas para essa rede de supermercados – sendo que, agora, os produtos promovidos eram as populares cestas natalinas que eles fabricam (essas sim, até hoje persistem). Nesta época, eu não sabia absolutamente nada sobre a história dele, sobre o que ele tinha passado – vim entrar em contato com o ocorrido anos depois, lendo sobre ele numa matéria de um jornal local que promovia uns shows que ele iria fazer na minha cidade – localidade aonde ele tinha muitos amigos que o ajudaram até o dia de sua morte. 

Para quem não teve a mesma chance que eu, o documentário “Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei”, dos diretores Cláudio Manoel (que faz parte do elenco do programa “Casseta e Planeta Urgente!”), Micael Langer e Calvito Leal, é uma boa oportunidade para entrar em contato com a trajetória deste cantor, que nasceu no dia 23 de Fevereiro de 1938, no Rio de Janeiro, e foi considerado um dos primeiros entertainers do Brasil – uma vez que, além de cantar divinamente, ele fazia o espetáculo com sua habilidade natural de colocar o público na sua mão. 

Na década de 70, quando era um dos artistas mais populares e bem pagos do país, Simonal viu seu nome envolvido em uma controvérsia que marcaria sua vida para sempre e que o colocaria no completo ostracismo. Após suspeitar ser vítima de um desfalque promovido pelo seu contador, Simonal contratou alguns seguranças para darem uma lição no homem. Em conseqüência disso, o contador entrou com um processo contra o cantor e o resultado foi que Simonal acabou acusado de ser informante do DOPS (Departamento de Ordem e Política Social), um dos órgãos mais pesados da ditadura brasileira. 

De uma certa maneira, “Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei” é uma tentativa de anistiar o nome do cantor de toda uma reputação que foi erguida em nome dele e de propagar algo que foi comprovado através de julgamento da Comissão de Direitos Humanos da OAB reabilitando moralmente Wilson Simonal de qualquer acusação de delator. Neste sentido, chama a atenção o fato de que os diretores ouvem o máximo de versões possíveis – incluindo a do contador envolvido no caso citado anteriormente. Os diretores só acabam pecando em uma situação: eles não aprofundam as razões pelas quais a classe artística abandonou totalmente Simonal, sem lhe oferecer qualquer tipo de apoio – chega a ser até interessante ver alguns dos sorrisos amarelos de algumas das personalidades ouvidas. 

Cotação: 9,5

Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei (2008)
Diretores: Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal
Roteiro: Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal
Com os depoimentos de: Ricardo Cravo Albin, Chico Anysio, Boninho, Sérgio Cabral, Castrinho, Arthur da Távola, Max de Castro, Barbara Heliodora, Jaguar, Luís Carlos Miele, Pelé, Nelson Motta, Simoninha



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Comentários


Ainda não assisti ao documentário, mas tenho grande interesse. Assim como você vi Wilson Simonal muitas vezes cantando em programas de TV, mas não conhecia sua história. Ao que parece ele foi uma vítima do próprio sucesso e do ciúmes e preconceito de concorrentes ou algo assim.

Abraço

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Hugo, o filme mostra isso, mas o Simonal fez uma coisa errada. Não tinha que ter contratado ninguém pra dar lição no cara. Ele poderia ter lidado com a situação de uma outra forma. Abraço!

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Um dos documentários mais interessantes dos últimos anos. Realmente vale a pena assistir! Boa dica, Kamila!

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Kamila,
eu estou bastante interessada no documentário até por que não conheço nada do Simonal e seria uma ótima oportunidade para isso.
Beijo!

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Puxa, não conhecia esse documentário e parece ser um dos melhores filmes do ano. Não sou familiarizado com o trabalho do artista, mas deve ser interessante.

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Bruno, concordo. Obrigada!

Carol, e foi para isso mesmo que o documentário existe: para fazer com que as pessoas conheçam Simonal. Beijo!

Vinícius, eu diria que este foi o melhor filme de 2009, até agora…

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Perdi quando passou no cinema. Mas quero ver. Só ouvi falar bem dele.

Beijos!

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