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Duplicidade

publicado em:4/09/09 9:32 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Uma das maiores sacadas do filme “Duplicidade”, do diretor e roteirista Tony Gilroy, é o tipo de relacionamento que é construído entre o ex-agente da MI:6 Ray Koval (Clive Owen) e a ex-agente da CIA Claire Stenwick (Julia Roberts). Está tão claro que eles estão totalmente encantados e envolvidos um com o outro, que eles chegaram naquele estágio em que se esquecem – perigosamente – daquilo que está acontecendo ao redor deles e daqueles com quem estão em contato direto. Por causa até da própria história existente entre eles, Ray e Claire estão sempre com o pé atrás um com o outro, sempre com aquela desconfiança de que a traição está prestes a acontecer.

Ray e Claire estão envolvidos em uma investigação ultrassecreta que tem como pano de fundo uma disputa mercadológica entre as empresas dirigidas por Howard Tully (Tom Wilkinson) e Richard Garsik (Paul Giamatti, totalmente exagerado). Claire é a agente dupla inserida na empresa do primeiro a mando do segundo, enquanto que Ray é o agente de campo que executa aquilo que Claire não pode sob pena de colocar em risco o seu disfarce. O roteiro de Tony Gilroy enfoca, particularmente, o ápice dessa investigação, quando a empresa de Tully está prestes a lançar um produto secreto revolucionário que pode decretar o fim das atividades empresariais de Garsik. 

Tal história nos é apresentada através de uma direção extremamente ágil por parte de Tony Gilroy, num trabalho bem diferente do tradicionalismo visto em “Conduta de Risco”. Em “Duplicidade”, também temos algo diferente: o diretor/roteirista usa e abusa do tom irônico para retratar toda uma atmosfera de competição, em que cada personagem quer ser mais esperto do que o outro. Portanto, espere muitas reviravoltas e não deixe de prestar atenção mesmo a cada personagem – principalmente naqueles que parecem ser secundários, mas que, na realidade, terão importância vital para o ato final do filme. 

Apesar de estarmos elogiando bastante alguns aspectos do roteiro de “Duplicidade”, é justamente este elemento que guarda as maiores incongruências da obra. Se Tony Gilroy é perfeito na composição do relacionamento entre a dupla de protagonistas, ele erra por completo na construção dos dois antagonistas. Nunca fica claro para a gente o por quê de tanta rivalidade entre os personagens de Tom Wilkinson e Paul Giamatti. Entretanto, é bom mencionar que isso não é um ponto que tira o brilho de uma obra que chama a atenção pela química entre Clive Owen e Julia Roberts (que trabalharam juntos em “Closer – Perto Demais”, de Mike Nichols). Ele está, claramente, se divertindo demais em tela. Ela, ao contrário, parece ter levado a experiência de filmar um thriller de espionagem a sério demais.

Cotação: 8,0

Duplicidade (Duplicity, 2009)
Diretor: Tony Gilroy
Roteiro: Tony Gilroy
Elenco: Clive Owen, Julia Roberts, Paul Giamatti, Tom Wilkinson, Denis O’Hare, Thomas McCarthy



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Comentários


Também gosto muito de Duplicidade, mas não acho que o fato do roteiro não revelar o motivo da rivalidade entre os chefões seja uma falha.

Abs!

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Realmente o antagonismo não é bem explicado! Eu daria uma nota 6, gostei do fim e tal, mas as partas muito românticas e etc me entediaram!

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Irrita um pouco no filme a tentativa do Tony Gilroy em sempre parecer inteligente e com boas sacadas de roteiro, mas o filme tem todo um charme (reprocessada pela boa música), e uns ótimos diálogos, embora eles ainda queiram parecer por demais ágeis e espertos. Gosto do elenco, principalmente Clive Owen, mas Julia Roberts é quem não me desce mesmo. Ela não tem time, mantém uma expressão de superioridade blasé insuportável. Mas dá pra relevar.

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Bom, sou fã demais da Julia Roberts para aceitar crítica! Brincadeira! Acho que tem razão, a quimica do casal já foi testada e aprovada.

Não vi esse filme, esperarei pelo DVD!

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Mandy, eu gostei do final também! E das partes românticas.

Rafael, o filme é charmoso mesmo. Eu também adorei o elenco, exceto a Julia. Ela também não me desce!

Cassiano, acho que você vai gostar. Você gosta de filmes assim!

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Eu acho que grande parte da graça de “Duplicidade” vem da rivalidade entre os chefes, por isso não concordo muito que o filme não deixa muito claro o motivo disso – acho que o roteiro apresenta vários motivos. De qualquer forma concordamos que é um filme divertido.

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deve ser bom. mas ainda não me chamou a atenção esse filme. de qualquer forma, vejo agora em setembro, acho 🙂

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Filme bem legal mesmo. Mas tenho umas ressalvas sobre o roteiro e sobre Clive. Vou escrever sobre ele, um dia… hahahaha.

Beijos e bom feriado!

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Vinícius, eu não consegui achar o motivo claro pra tanto ódio entre eles, exceto a concorrência corporativa, mas por quê era tão pessoal???

Jeniss, o filme vai chegar agora nas locadoras, né??

Kau, espero sua opinião. Beijos e bom feriado!

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é certo a química estranha (no melhor sentido da palavra) entre Julia e Owen. Eu gostei do filme, não é muito comparado ao ótimo (para mim é claro) Conduta de Risco, mas é um bom entreterimento

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Kamila, tenho curiosidade em torno do filme pela química entre Julia e Clive, que parece que rendeu bem como em “Closer”. Vejo em DVD, que parece que será lançado neste mês.

Beijos! 😉

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Wally, espero que goste!

Luís, eu achei também inferior à “Conduta de Risco”, mas não deixa de ser um bom filme.

Mayara, exatamente! Beijos!

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Kamila, apesar da sua paixão pela música de Marcelo “Faço jús ao meu sobrenome” Camelo (todos temos direito a um defeito em nossas vidas), você já se tornou uma crítica de cinema completa. Parabéns, seus textos estão cada vez mais lúcidos, maduros e inteligentes.

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Rodrigo, rsrsrsrsrsrrrs, tenho alguns defeitos! Mas, gostar do Camelo, pra mim, é qualidade, desculpa! 🙂 Obrigada pelo comentário! Vindo de você, que é o crítico que eu mais leio, é uma honra completa!

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Elogio merecido. Na verdade, às vezes fico com a sensação de que você teria mais a dizer sobre os filmes. Talvez seja problema de falta de tempo, não sei… comigo isso acontece muito. De qualquer forma são textos bem legais.

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Rodrigo, a impressão é correta. A realidade é que, às vezes, eu não consigo dizer tudo o que gostaria, ou não consigo colocar no texto aquilo que eu queria dizer. Então, fica no pensamento mesmo! 🙂 Obrigada de novo!

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Kamila,
Duplicidade foi uma ótima surpresa para mim, um dos filmes mais charmosos do Ano e tudo por causa da química perfeita entre Julia Roberts e Clive Owen.

Um ótimo filme!

Bjos,
André

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Esperava outra coisa desse filme, mas acabei me surpreendendo pela boa qualidade do roteiro, Julia e Clive estão ótimos, muito boa a química entre eles como vc disse, a história é legal, apesar de meio complexa, e o enredo demora a engrenar. nota 7.0!

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Monótono, com pretensões a ser muito inteligente e diferente. Falta o que Clint Eastwood definiu como essencial num filme. A história, com principio, meio e fim, sem essa bobagem de ficar indo e voltando no tempo torrando a paciencia do espectador. Deixei o DVD na metade do filme.

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Eu queria muito ter assistido a esse filme, mas demorei tanto pra ir ao cinema que o filme saiu de cartaz. Agora tenho que ir pra alguma cidade próxima (¬¬) ou esperar sair em DVD…
Mas eu quero muito rever o encontro do casal Roberts-Owen, que estava muito bem em Closer. Eu realmente acho interessante quando os atores se reencontram após algum tempo desde que trabalham em outro filme juntos.
😀

[bah, mas isso não tem nada a ver com o assunto debatido]

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