A Onda
No início de “A Queda – As Últimas Horas de Hitler”, filme dirigido por Oliver Hirschbiegel, a Srta. Junge, que trabalhou como secretária particular do ditador alemão, discorre sobre o choque dela diante do fato da Alemanha ter caído nas garras da ditadura nazista. Ela não conseguia compreender porque isto aconteceu, afinal, os alemães são um povo inteligente e não seriam, em decorrência disso, facilmente dominados intelectualmente – ainda mais por ideias tão transgressoras como as defendidas por Hitler.
Nos primeiros trinta minutos de “A Onda”, filme dirigido por Dennis Gansel (também co-autor do roteiro ao lado de Peter Thorwarth), também encontramos um questionamento relacionado a esta responsabilidade histórica carregada pelos alemães. Ao se defrontar com uma discussão realizada pelos seus alunos, o professor Rainer Wenger (Jurgen Vogel) olha para eles e pergunta: a Alemanha atual poderia ser subjugada novamente por um regime ditatorial?
É a partir desta pergunta que a trama de “A Onda” se desenvolve. Acontece que Rainer, um professor que foge do esteréotipo padrão (ele é roqueiro e se veste de forma alternativa) e fala a mesma linguagem que seus alunos, está oferecendo uma oficina sobre o tema Autocracia (termo que significa governo por si próprio e pode ser aplicado a regimes ditatoriais, tiranos, déspotas, autoritários e totalitários) e, como uma experiência prática para que os alunos entendam como a teoria funciona, ele propõe a criação de um grupo o qual dá nome a este filme.
O que o longa efetivamente nos mostra é a criação fugindo do controle do criador. Ao vivenciarem a experiência da Onda, os jovens estudantes do professor Rainer vão além, criam suas próprias regras, expandem seus domínios e passam a se comportar de uma forma que seria irreconhecível para eles mesmos. O interessante aqui é que o diretor Dennis Gansel nos retrata uma atmosfera política perfeita, pois temos o lado dominante e encontramos também um lado de oposição a esse grupo, o qual é formado pelos estudantes que lutam sozinhos para trazer a sanidade de volta à mente de seus colegas de escola.
Baseado em uma história real que aconteceu na Califórnia, em 1967, “A Onda” é um filme surpreendente sobre o poder das ideias, sobre o poder da influência, sobre a força das ações e das palavras, sobre ter a lucidez de reconhecer quando as coisas estão indo pro lado errado, sobre ter a capacidade de admitir erros e de tentar consertar as coisas. Mas, especialmente é um belo estudo sobre como existem certas situações com as quais não se deve brincar e o professor Rainer Wenger aprende isso da pior forma possível – ainda mais porque ele deixou a vaidade de ver várias pessoas fazendo tudo o que ele mandava subir à sua cabeça. Quando ele quis retomar as rédeas dos fatos, era tarde demais. O estrago já estava feito!
Cotação: 10,0
A Onda (Die Welle, 2008)
Diretor: Dennis Gansel
Roteiro: Dennis Gansel e Peter Thorwarth (com base no livro de Todd Strasser)
Elenco: Jurgen Vogel, Frederick Lau, Max Riemelt, Jennifer Ulrich, Christiane Paul, Jacob Matschenz, Cristina do Rego, Elyas M’Barek, Maximilian Vollmar
Oi Kamila, tudo bem?
Então, ainda não vi A onda. Estou bem ansioso para ver o filme, mas acho que só o verei na tv por assinatura. De qualquer jeito, espero que ele seja tão bom quanto a sua avaliação.
Bjs
PS: Além da bela critica, vc contextualizou a obra a seu tempo maravilhosamente bem.
Ah, fui o primeiro a postar comentário dessa vez. Por puro egoísmo, vou ser o segundo tb(rsrs).
Bjs
Reinaldo, tudo bem, obrigada. E com você? Obrigada pelo comentário sobre o texto!! 🙂 Beijos!
Assisti ainda a pouco o filme Kamila.
Realmente me impressionou o quanto é capaz de nos questionar até que ponto nossas atitudes “afirmativas” e “comuns” (no sentido de comunidade) podem nos cegar. O quanto agimos por um grupo ou por uma ideia ao ponto de nos fazer excluir todo o resto.
Achei bem foda!
Victor, exatamente! Faço minhas as suas palavras!
Quando assisti o trailer imaginei que teria esse impacto mesmo. Aguardando chegar na locadora para conferir. Assim que assistir comento mais!! =)
Beijo!
UAU! Se já estava interessada com a premissa do filme agora depois deste texto bem escrito… Estou bem curiosa agora… rsrs.
Beijos! 😉
Carol, assista mesmo, porque este é um filme interessantíssimo! Beijo!
Mayara, espero que tenha a chance de conferir esse filme e que goste dele! Beijos!
Esse filme é um grande tapa na cara. Nota máxima com mérito!
Ainda nao vi A Onda, mas pelo texto seu e do Ramon, de fato trata-se de um grande filme.
Mas quero mesmo ver tua critica do filme ali do lado, “The Visitor” – se fores fazer, claro. Eu adorei o filme, foi um dos melhores do Oscar desse ano.Achei as intepretacoes de uma sutileza que encantou, uma simplicidade que eu adoro nos filmes.A imigraçao tratada de maneira muito correta.
Bjus.
Hmm.. mais gente se derretendo por esse aí.
Ah, me surgiu uma dúvida: vc viu DESEJO E PERIGO no cinema ou em casa?
Pedro Tavares, concordo!
Rogerio, é um grande filme mesmo! “O Visitante” é bem sutil mesmo, adorei o Richard Jenkins! Beijos!
Bruno Soares, vi o filme do Ang Lee no cinema!
Eu já vi o filme e achei incrível . Parabéns pelo post ! Com certeza esse filme é nota 10.
Bárbara, obrigada!
Kamila,
um dos melhores filmes que vi no ano. Como disse no meu blog Die Welle nao é um filme comum, longe disso, Die Welle é um filme para ver, pensar, discutir e admirar!
Excelente, seu 10 demonstra a qualidade do filme!
Até,
André
André, concordo plenamente contigo. Até!
Wow… estou oficialmente fisgado!
Wally, que bom! Espero que gostes do filme!