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A Erva do Rato

publicado em:9/12/09 11:30 PM por: Kamila Azevedo Cinema

“A Erva do Rato”, filme dirigido e escrito por Júlio Bressane e Rosa Dias, é uma obra muito difícil de se acompanhar, principalmente porque seu roteiro possui uma estrutura não-linear. A história não evolui no habitual começo, meio e fim; e sim se propõe a fazer retratos isolados da convivência que é estabelecida entre os dois personagens principais: um homem e uma mulher que são interpretados pela dupla Selton Mello e Alessandra Negrini. 

Os dois se encontram na primeira cena do filme, em um cemitério, onde ambos estão visitando pessoas que ali estão enterradas. O desmaio dela no ambiente é a desculpa para que homem e mulher acabem se conhecendo. Numa conversa casual, ela acaba revelando para ele a história de sua vida: perdeu o pai há três dias e, agora, não tem mais ninguém no mundo com quem possa contar. Ele, num rompante de educação e cordialidade, acaba convidando-a para morar com ele e dividir rotina, convivência e atividades. 

É importante, durante a experiência de se assistir “A Erva do Rato”, prestar bastante atenção à personagem interpretada por Alessandra Negrini, porque ao observar suas características principais (ela é uma mulher extremamente submissa e que vive para a vontade dos outros, suprimindo a sua própria), entenderemos o por quê de ela sempre se submeter aos caprichos do homem feito por Selton Mello – nesse sentido, aqui, podemos encontrar traços do conto “A Causa Secreta”, de Machado de Assis, que tem como protagonista um senhor que realiza boas ações de forma que elas permitam que ele exercite alguns de seus prazeres. 

O outro conto de Machado de Assis no qual “A Erva do Rato” é baseado se chama “O Esqueleto”, que lida com insanidade, elementos macabros e que estão também relacionados à personalidade do seu personagem principal. Portanto, dá para se perceber que “A Erva do Rato” possui alguns temas bem interessantes, pena que tais influências fiquem soltas numa tentativa de filme experimental que faz pouco sentido para aqueles que o assistem e que é uma experiência chata e difícil de ser compreendida. Quem sabe, em outra visita ao material… 

Cotação: 2,0

A Erva do Rato (The Herb of the Rat, 2008)
Diretores: Júlio Bressane e Rosa Dias
Roteiro: Júlio Bressane e Rosa Dias (com base em contos de Machado de Assis)
Elenco: Selton Mello e Alessandra Negrini



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Comentários


Machado de Assis é o escritor brasileiro que eu mais gosto, e chega a ser surpreendente, negativamnte, as “adaptações” de suas histórias.
Que se bem feitas, resultariam em coisas belíssimas, mas, como sempre, o problema da “livre adaptação” causa estes desastres catastróficos..

Valeu a dica sobre “o que NÃO ver no fim de semana!” rsrs

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Bruno G., eu também adoro o Machado, mas, realmente, as adaptações de obras dele não são felizes. De nada! rrsrsrsr

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Vi esse há pouco tempo e, como você, também não gostei. Se tivesse aproveitado melhor alguns elementos dos contos, que são muito bons, acredito que o resultado teria sido bem melhor.

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Poxa, que decepção. Acho Selton Mello um arraso!

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Samantha, pode ser que tivesse obtido um resultado melhor, se tivesse aproveitado melhor os contos.

Bruno S., fique mesmo! Mas, do jeito que você anda discordando de mim, ultimamente, é bem capaz de assistir a este filme aí e ADORAR! rsrsrsrrs Beijos!

Wally, eu também acho, mas esse foi um erro feio cometido por ele.

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Pois é, o que tem de gnt querendo pousar de intelectual… O próprio Bressane já foi mais bem sucedido com o Matou os pais e foi ao cinema e Cleópatra. Nesse filme, apesar das boas intenções ele não chega a lugar algum. E ainda incomoda com aquele rato.

Bjs KA!

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Por mais que eu queira muito ver esse filme, me dá uma sensação de dúvida porque não gosto muito do cinema do Bressane. Não consigo engolir muito os filmes dele.

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Reinaldo, eu tenho medode assistir “Cleópatra”. ssrrsrs Beijos!

Otavio, terrível mesmo!! Beijos!

Rafael C., eu não conheço muito o cinema do Bressane, mas essa obra aí é o HORROR!

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Não imaginava que este filme é uma adaptação de Machado de Assis, adoro ele. Veria pelo Selton Mello. PENA!

Beijos! 😉

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Mayara, eu só soube também de que se tratava da adaptação de contos de Machado de Assis após assistir a este filme. Beijos!

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