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Abraços Partidos

publicado em:24/02/10 2:36 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Na primeira cena de “Abraços Partidos”, filme espanhol escrito e dirigido por Pedro Almodóvar somos apresentados a Harry Caine (Lluís Homar), um roteirista cego que nos informa que, numa época não muito distante de sua vida, antes de ele se assumir sob este pseudônimo e com esta profissão, ele teve uma vida bastante real como diretor de cinema sob o seu verdadeiro nome: Mateo Blanco. Ainda nesta primeira cena, temos uma vivacidade enorme, coisa típica dos filmes de Almodóvar, afinal Harry é um homem sedutor, passional e que sabe como conduzir uma mulher àquilo que ele deseja. 

Entretanto, esta vivacidade termina a partir da segunda cena de “Abraços Partidos”. O filme tem uma característica muito introvertida (apesar de ter algumas frases bem-humoradas típicas do universo de Almodóvar), uma vez que a descoberta da morte de alguém – neste caso, do empresário Ernesto Martel (José Luis Gómez) desencadeia uma história que coloca Harry Caine revivendo feridas não-cicatrizadas de 14 anos atrás, quando ele estava no processo de produção daquele que seria seu derradeiro filme e conheceu Magdalena (Penélope Cruz), aquela que seria o grande amor de sua vida. 

Harry Caine é obrigado a voltar ao passado por diversas razões. Não só porque foi ali que a vida como Mateo Blanco acabou para ele, mas também porque ele precisa reencontrar toda esta parte de sua existência de forma a poder encerrá-la de vez e retomar sua vida da maneira certa. O interessante é perceber que o roteiro escrito por Pedro Almodóvar usa a volta ao passado de Harry como uma forma de vários outros personagens, como a fiel escudeira de Harry, Judit García (Blanca Portillo), e o estranho Ray X (Rubén Ochandiano) acertarem também suas contas com o protagonista de “Abraços Partidos”. 

O resultado é que “Abraços Partidos” é uma verdadeira miscelânea de sentimentos. Talvez, por isso, o filme carece de uma certa regularidade (em certos pontos, a história parece se alongar demais), porque temos diversos pontos de vistas, diversas motivações, diversos detalhes a prestar atenção. No final, o que importa é colocar o olhar por completo no eixo deste longa, porque “Abraços Partidos”, apesar de ter elementos de drama, comédia e suspense, é uma jornada que fala sobre amor e sobre poder ter a chance de um limpo recomeço sem ameaças ou qualquer tipo de dor. 

Cotação: 7,0

Abraços Partidos (Los Abrazos Rotos, 2009)
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar
Elenco: Penélope Cruz, Lluís Homar, Blanca Portillo, José Luis Gómez, Rubén Ochandiano, Tamar Novas, Lola Dueñas



Jornalista e Publicitária


Comentários


Parece ser bem subjetivo o sentimento que esse filme transmite hein.Pelo visto nao tem aquele tradicional choque dos filmes do Almodovar, oque é uma pena. Devo conferir assim que passar a onda do Oscar.

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Rogerio, não tem mesmo o tradicional choque dos outros filmes do Almodóvar, mas não deixa de ser uma boa obra.

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Apesar de todos que compõem a obra, essas notas médias não me animam muito a vê-lo. Quem sabe um dia, por acaso.

Beijos!

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Alyson, assista, sim! Um filme do Almodóvar é sempre imperdível, independente de ser uma obra mediana!

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Oi, Kamila

ainda estou pra conferir este, mas não li criticas boas não, mas isso não importa, quero vivenciar este Almodovar..assim que conferir, te aviso.

Estás lendo Agua viva? muita coincidencia, eu estive folheando ele, agora pouco…adoro! mas, Paixao segundo GH, perto do coração selvagem e O livro dos prazeres me definem mais…Lispector me acalma, sempre!

Grato por ter me linkado por aqui, apareça por lá, espero sua opinião no meu post sobre Crepusculo, pode ser?

Gosto muito do seu tom sóbrio nas suas resenhas.

Mantenha mais contato, se quiser.
Se tiver msn ou email, aceito. abs

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Kamila eu achei interessante o filme mas concordo com você que faltou algo mais pra impulsionar a história. Acho que se prolongou muito onde não devia, se o filme começasse com a história, de fato, sem a imbromação do início, seria mais coeso e interessante.

Mas ainda assim é bom conferir a parecia Almodóvar-Penélope e perceber a sintonia maravilhosa que não só os dois tem como também todo o elenco que é velho conhecido dele.

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Olha, gostei muito desse filme. Almodóvar revisita a própria obra. Tenta dimensionar seu significado como cineasta e tb o significado de seu cinema. Além do mais, constrói belas cenas. Como elenquei em meu blog, um dos melhores filmes do ano passado.
Bjs

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Cristiano, eu estou numa fase Clarice Lispector. Vou ler algumas obras dela, nos próximos meses. Então, teremos muito dela por aqui nos próximos meses. E assista a este filme, porque Almodóvar é sempre Almodóvar.

Robson, concordo contigo! Em tudo!

Reinaldo, você, como sempre, me apresentando diferentes perspectivas sobre as coisas. Não tinha visto o filme sob esta ótica. Beijos!

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Um dos meus filmes favoritos do ano passado, fico pasma quando leio criticas que caracterizam a obra como “um Almodovar menor”.

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hummmm ainda não consegui assistir, e concordo com Romeika é triste essa critica que tenta moldar os criadores, isso acontece bastante com o Wood Allen, bom espero que eles naum escutem esse povo rss,
abraço!!

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Apesar de receber mais críticas negativas do que o normal para um longa do Almodóvar, me parece ser um excelente filme. Penélope Cruz falando espanhol ‘me encanta’!!

http://cinemaemdvd.blogspot.com/

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Romeika, imaginei que tivesse gostado desse filme mesmo! 🙂

Ygor, o pior é que o povo escuta. Abraço!

Kahlil, eu acho que a Penélope atua melhor em espanhol que em inglês.

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É, engraçado, né? O filme é bom, mas fica mediano porque sempre esperamos algo genial de Almodóvar. Ficou comum, sem intensidade e a sensação é de que foi terminado mesmo “as cegas” como fala Mateo no final.

abraços

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Realmente não é uma obra-prima de Almodóvar, mas é um filme muito bom se compararmos com a atual safra das premiações norte-americanas. Não troco por 100 Guerra ao Terror.

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Um, achei esse filme 1 lixo, nota 1! Primeiro filme do Almodova que não gosto.

Cehio de coisas desnecessárias, história fraca e previsível… blerg!

A sensação que tive é que ele pensou na frase final do filme, e resolveu escrever a história dalí… tudo p/ justificar aquela baboseira…

Muito pseudo intelectual p/ mim.

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Amanda, exatamente! Concordo contigo! Abraços!

Cassiano, eu discordo de você. Achei “Guerra ao Terror” um filme melhor.

Mandy, nossa. Não diria que é um lixo, mas não concordo mesmo com você!

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Não achei um lixo. Mas como grande fã de Almodóvar, saí da sala um pouco decepcionado. De fato é um Almodóvar menor. Bem menor, eu diria. Realmente uma mistura de sentimentos e gêneros. Acho que ele errou a mão. Uma pena.

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Foi a minha 1ª decepção com Almodóvar! Hueheuhe

Rapaz o Ebay é tranquilão e nem precisa compra como leilão! =D

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Mesmo com algumas coisas me incomodando (a história do Dj que acompanha o velho lá é horrível!) gosto do estilão Almodóvar de fazer filmes que pulsam energia a todo momento.

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Leo, eu não disse que o filme era um lixo, mas concordo que é uma obra menor do Almodóvar.

Mandy, é mesmo? Para mim, só se podia comprar lá como leilão!

Luís, eu também gosto desse estilo, mas acho que ele esteve ausente por boa parte de “Abraços Partidos”.

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Desde de Tudo Sobre Minha Mãe,eu nunca vi um filme de Pedro Almodovar,tão criticado.Nem Rubens Ewald Filho(que é fã do espanhol)gostou.Apesar de não ter visto o filme ainda,vou ver com muita desconfiança,gostei da sua critica.Vlws Bjs.

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Paulo Ricardo, eu vi por gostar de cinema e por gostar do Almodóvar. As críticas, confesso, nem me motivaram, até porque não foram mesmo boas. Beijos!

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Este perdi no cinema, mas gosto do Almodóvar e parece que este filme é o mais técnico dele, pode ser por isso que não foi muito bem recebido, como os outros filmes anteriores dele. Parece ter uma bela direção de arte.

Beijos! 😉

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Não é dos meus favoritos do Almodóvar, mas sem dúvida vale por alguns aspectos em particular (como de costume nos últimos filmes do diretor, que me decepcionaram um pouquinho após a obra-prima que foi “Fale com Ela”).

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Mayara, tem uma bela direção de arte, uma bonita fotografia, algumas atuações legais, mas não é mesmo uma obra excelente do Almodóvar. Beijos!

Vinícius, exatamente. O filme acaba valendo por alguns aspectos.

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A volta de Pedro Almodóvar com o lançamento de seu 17º filme, “Abraços Partidos” – é o conto de um diretor de cinema cego (Luis Omar) e como ele chegou a perder não só sua visão, mas também o amor de sua vida (Penélope Cruz). As viagens do filme entre o passado e o presente, e entrelaçado de histórias diversas e pontos de vista, para construir um drama fascinante cheio de voltas e reviravoltas. A qualidade é ótima, com as imagens agradavelmente arredondadas por uma trilha sonora produzida pela música sempre brilhante Alberto Iglesias. Pedro Almodóvar tem vindo a desenvolver como um contador de histórias, diretor e artista com cada filme produzido. Neste belo filme, em “Abraços Partidos”, que afeta severamente a vida privada dos personagens: é uma causa direta de uma tragédia, mas ao mesmo tempo, um remédio para a dor. É um filme fabuloso que tem vários “flash backs” de cenas sobre a vingança, dor, sofrimento e amor. Às vezes o filme parece um pouco complicado, mas tudo ficará claro no final. O papel das mulheres, como de costume nos filmes de Almodóvar, é de grande importância. O personagem principal, Lena (Penélope Cruz), é como um retrato fascinante, mulher jovem e bonita. Você vai experimentar ciúmes, segredos, paixão e morte. Uma história comovente e terrível. Nota: 9,0

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[…] A CRITÍCA .:: “Apesar de ter elementos de drama, comédia e suspense, é uma jornada que fala sobre amor e sobre poder ter a chance de um limpo recomeço sem ameaças ou qualquer tipo de dor. ” (Kamila Azevedo) […]

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