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Aconteceu em Woodstock

publicado em:27/05/10 1:00 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969, foi realizado na cidade de Bethel (EUA), o festival de música Woodstock, que prometia entregar e proporcionar aos seus espectadores 3 dias de muita música e paz. Por muitos fatores, este festival acabou se tornando icônico e representante máximo de uma época em que a liberdade de amar, de pensar, de viver, de experimentar, de ser, de sentir era a coisa mais importante a se fazer. 

O filme “Aconteceu em Woodstock”, do diretor Ang Lee, fala sobre como este fato histórico acabou influenciando a vida de Elliot Teichberg (Demetri Martin). Desginer, filho de pais (Imelda Staunton e Henry Goodman, ambos excelentes) donos de um motel localizado justamente na cidade de Bethel. Elliot deixa seus planos pessoais de lado e investe tudo aquilo que tem para livrar o negócio da família e, consequentemente, seus pais da falência. Elliot tem muita visão e planos, mas esbarra sempre nas limitações de pensamento das pessoas de sua cidade bem como de seus próprios pais. 

Esta situação vai ficar ainda mais crítica quando Elliot ambiciona se unir a um grupo de amigos nova-iorquinos e expandir o pequeno festival de música que faz nos arredores do motel naquilo que se tornaria Woodstock. Portanto, grande parte do filme de Ang Lee se dedica a mostrar Elliot se relacionando com os hippies do festival que migram em quantidade absurda para a sua pequena cidade e ocupam os campos e os espaços ao redor de seu empreendimento familiar. Este pequeno caos pacífico também influencia na relação de Elliot com seus pais, bem como na dinâmica de sua cidadezinha. 

Se Ang Lee e seu habitual parceiro James Schamus acertam na abordagem narrativa do núcleo familiar de Elliot, a dupla erra na construção dos demais personagens (tem gente que aparece e sai de cena sem maiores explicações), em mostrar subtramas que nunca decolam (por quê não mostrar mais as tensões existentes dentro da própria cidade em decorrência da realização do festival?), em colocar cenas desnecessárias (a que conta com a participação de Paul Dano, por exemplo) e, principalmente, por não enxergar a ocorrência de Woodstock como uma metáfora de mudança, porque a vida de todas aquelas pessoas nunca mais seria a mesma após o término daqueles três dias especiais. 

Cotação: 7,0

Aconteceu em Woodstock (Taking Woodstock, 2009)
Direção: Ang Lee
Roteiro: James Schamus (com base no livro de Elliot Tiber e Tom Monte)
Elenco: Demetri Martin, Imelda Staunton, Henry Goodman, Liev Schreiber, Jonathan Groff, Eugene Levy, Emile Hirsch, Paul Dano, Mamie Gummer



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Comentários


É uma comédia dramática eficiente, porém não é um grande filme do diretor. Fica a sensação de que o diretor não soube equilibrar na sala de edição a expectativa da música, que jamais vem, com a necessidade de concluir a metamorfose de seu protagonista – por mais que ela tenha ligação com os significados que Woodstock deixou para a eternidade.

São pequenos detalhes que ainda permitem ao documentário “Woodstock”, de Michael Wadleigh, ser a principal referência cinematográfica sobre o festival.

E Woodstock sem música? Não dá, né?

Bjs!

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Otavio, não é mesmo um grande filme do Ang Lee. Falta muito pra isso, aliás. Eu senti falta da música, da conclusão da metamorfose do protagonista. Concordo muito com teu comentário. Beijos!

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Olá Kamila!
até achei que tu foi condescendente com o filme =)
sinceramente, achei bem chatinho e lamentável que o roteiro perca tanto tempo com subtramas e tantos personagens, como tu afirmou, em vez de focar no que realmente interessava: a metamorfose na vida do protagonista durante e após o evento. O filme virou uma grande bagunça.

Ang Lee é capaz de muito mais.

Também escrevi sobre o filme no meu blog. Tá aí o link: http://pospremiere.blogspot.com/2010/05/aconteceu-em-woodstock.html

grande abraço!

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Acho que o pessoal que queria um filme sobre Woodstock terá dificuldade de aproveitar mais a obra. Para mim o Lee foi totalmente acertado na escolha de fazer esse filme mais sobre o seu protagonista do que necessariamente sobre aquele evento.

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Uma das decepções do ano passado sem duvida.
Personagens extremamente mal explorados, atores mais perdidos do que cego em tiroteio porém é de tirar o chapeu para quem fez os pais do rapaz e o personagem Vilma, muito interessante.

Lentissimo demais, ficou devendo em seu conteudo, mas não dá para negar a belissima sequencia da viagem de LSD na kombi, belissima cena, mas para chegar até ai … bem … fazer o que né? Fora a cena WTF do cavalo …

Bem, um festival de importancia extrema para a nossa cultura merecia um filme melhor …
beijim!

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Elton Telles, não acho que fui boazinha demais com “Aconteceu em Woodstock”. 🙂 Acho que fui justa. E concordo com a segunda parte de seu comentário. Lerei seu texto sobre o filme, depois. Abraço!

Vinícius, eu também acho que ele acertou em focar a história na jornada de Elliot, no entanto acho que ele ainda cometeu erros na abordagem narrativa, como citei em meu texto.

João Paulo, não achei que o filme seja lento. Não me senti entediada na sua duração. Discordo também de você em relação à cena do Paul Dano, na kombi. Como eu falei em meu texto, achei este momento totalmente solto na trama. Beijo!

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Apesar de uma ou outra opinião mais desanimadora, ainda espero um bom filme. Como seu texto afirma, possui algumas qualidades.

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Ainda não vi o filme. Achei, no entanto, seus argumentos bastante convincentes. Como o Elton bem observou, vc foi mais púdica do que ele na avaliação da fita.
Bjs

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Eu ainda não conferi o longa, mas em bereve, verei. Acho o tema super interessante!

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Wally, e é bom que a gente se foque nessas qualidades mesmo. Até para podermos apreciar a obra.

Reinaldo, obrigada! E fiquei curiosa para ler o texto do Elton. Farei isso, assim que puder. Beijos!

Raspante, eu também acho, por isso que quis assistir a este filme.

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Achei esse filme um Ang Lee em tom menor, mais leve. Está longe da qualidade de sua filmografia, mas como comédia fica na média. Acho, inclusive Camila, que demos a mesma nota…

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Não é a primeira pessoa que leio criticando a intenção do cineasta em não mostrar que Woodstock foi uma mudança de cultura Kamila.

E isso pra mim seria um defeito gravissimo.

Confesso que quero ver esse filme, mas ainda não o priorizei.

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Eu gostei do filme, sai do cinema leve. Tanto já foi falado e filmado sobre Woodstock que achei a mudança de foco interessante e a história do protagonista me envolveu. Agora, claro que principalmente nas cenas do evento fica aquela sensação de quero mais, já que em nenhum momento é mostrado o palco, eles poderiam resolver isso com a trilha sonora, talvez. Não é uma obra-prima, longe disso, mas é um filme interessante.

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Marfil, eu concordo. É um Ang Lee em tom menor, mais leve.

Cassiano, é um defeito gravíssimo, tanto que eu o destaquei aqui!

Amanda, a história do protagonista também me envolveu, mas a abordagem narrativa, para mim, teve alguns erros.

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Pensei que esse filme focaria mais no festival em si, que quero muito saber mais, mas parece que não é isso no filme do Ang Lee. Mas, mesmo assim, estou curiosa para conferir o resultado.

Beijos! 😉

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Mayara, não! Para isso, tem o documentário. O filme fala sobre o Elliot, que foi, de certa forma, fundamental para que o festival ocorresse. Beijos!

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O que eu achei mais bacana nesse filme é que a câmera nunca se aproxima do palco. Não escutamos um acorde vindo do palco principal, somente murmúrios. Essa opção narrativa, acredito, é o que dá um certo charme ao filme.

Bjs!

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Qual o nome da música que eles ouviam na hora que eles ficam viajando na KOMBI?

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Uma Delas é, The Red telephone – The Love, e a outra infelizmente não sei… já ouvi de tudo dos anos 50, 70 e principalmente 60, o ano da contracultura, do psicodelismo etc. mas não consegui identifica-la. . .

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