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Os Famosos e os Duendes da Morte

publicado em:17/06/10 11:30 PM por: Kamila Azevedo Cinema

A Internet é um meio de comunicação que, definitivamente, mudou a forma com a qual as pessoas se relacionam. Muita gente que se sentia sozinha por não encontrar outros seres que compartilhassem de seus mesmos gostos, anseios e desejos acabou achando, na rede, uma série de outras pessoas com as quais se pode conversar, se pode dividir aquilo que se gosta, se pode debater sobre você mesmo ou aquilo que te emociona e te move. O personagem principal do filme “Os Famosos e os Duendes da Morte”, de Esmir Filho, é um exemplo fiel desse caso. 

Um adolescente mora numa cidade isolada do interior de algum estado da Região Sul. Ele ama a música de Bob Dylan, se isola em seu quarto a maior parte do tempo, vive em silêncio e só compartilha seus pensamentos (aquilo que lhe aflige, aquilo que lhe alegra, aquilo que ele sente saudade, enfim, seus sentimentos no geral) nos posts que faz para publicar em seu blog. No local aonde vive, esse adolescente pouco enxerga uma chance de futuro, porque ele não consegue se identificar com nada que existe ali – nem com seus amigos de colégio, nem com o cotidiano da cidade, nem com a sua rotina familiar. 

O roteiro escrito por Esmir Filho e Ismael Cannepele fala justamente sobre o refúgio que este garoto encontra na vida virtual que leva. Ele não parece enxergar ou acreditar em nada além daquilo que ele coloca no seu blog, que ele conversa com o (a) amigo (a) virtual E.F. e nos vídeos e fotografias que vê da irmã de seu melhor amigo real – que poderia ser a única pessoa de sua cidade com a qual ele poderia estabelecer uma conexão de verdade. O interessante é que, mesmo tendo essa vida virtual ativa, nada aplaca de dentro do jovem a sensação de solidão e é justamente esta jornada de tentar pertencer a algum lugar, a alguma pessoa, a qualquer coisa que assistiremos no decorrer de “Os Famosos e os Duendes da Morte”. 

Neste sentido, é bom prestar muita atenção à música favorita do personagem principal. Ele se apresenta, no seu blog, como Mr. Tambourine Man, que, na música de Bob Dylan, é o cara que vai tocar, pra o interlocutor, a canção que vai fazer com que ele tenha a força para ir a qualquer lugar, para desaparecer, para ele moldar seu próprio caminho. O jovem, assim como o interlocutor da música, quer seguir algo. Neste momento, entra a irmã do melhor amigo do personagem principal, que se apresenta como Jingle Jangle, a aguda manhã desafinada que o interlocutor da música de Bob Dylan irá seguir. Uma metáfora perfeita para um filme que exige do espectador uma certa sensibilidade no momento de assisti-lo. 

Cotação: 6,0

Os Famosos e os Duendes da Morte (2009)
Direção: Esmir Filho
Roteiro: Esmir Filho e Ismael Cannepele (com base no livro de Ismael)
Elenco: Ismael Cannepele, Tuane Eggers, Henrique Larré



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Comentários


Essa nota 6,0 me deu uma desanimada de ver esse filme.Já tem para alugar?

*Ultimamente só penso em Copa do Mundo.Minha mente esta dominada por Messi,Cristiano Ronaldo,Maradona(admiro a superação dele),a grande atuação da Alemanha,e estou temeroso com a nossa seleção.2 a 1 na fraquissima Coréia do Norte(juntamente com a Nova Zelândia as seleções mais fracas da copa)é muito pouco.Que venha a Costa do Marfim domingo,e grave esse nome Kamila:Didier Drogba.Ele pode acabar com o domingo de muitos brasileiros.

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Sou eu insensível? Bem, não sei. Sei que assisti o filme e saí do confuso do cinema. Não é bem culpa do filme, saí confuso sobre conceito a seu respeito, sobre ter a certeza de que odiei ou ter a certeza que amei. O fato é que este filme tem muita propriedade e ela usada da maneira mais surreal e inteligente. Gostei e num gostei, se é que me entende. No fim das contas minha nota não seria muito diferente da sua!

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Pedro, obrigada!

Paulo, acho que não. Eu assisti no cinema. Eu penso em Copa do Mundo e conheço o Didier Drogba. Acho que o jogo contra a Costa do Marfim será bem difícil porque os jogadores são muito fortes e técnicos. É bom o Brasil tomar cuidado.

Robson, eu não sou insensível, achei o filme bonito, mas não me tocou tanto assim. Eu também saí meio confusa em relação ao seu conceito, sem ter ideia de ter gostado da obra ou não! Mas, é um filme com estilo, é fato. O diretor deixou sua marca ali.

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Nossa! Acabo de lembrar que preciso ver esse filme, que por sinal passou batido por mim, o farei o mais rapido possivel.

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Essa temporada do cinema nacional parece ótima e “Os Fantasmas e os Duendes da Morte” é um dos filmes que mais me interessam – junto a “As Melhores Coisas do Mundo”. Até espero gostar mais que você, hehehe.

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Nossa, não conhecia mesmo esse filme. Espero que tenha por aqui. Apesar de não gostar muito da premissa, pretendo conferir.
Mas assim como o Paulo, to focado na Copa! haha Até o mestrado tá de lado :S

Beijo Kamil!

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Li várias críticas positivas para esse “Os Fantasmas e os Duendes da Morte”. O título é muito curioso e o diretor, Esmir Filho, é um renomado diretor de curtas-metragens. Um dos filmes lançado esse ano que mais me interessam.

abs!

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Vinícius, o nosso cinema vive, realmente, uma ótima fase e esse filme é um exemplar bem interessante. Não sei se você irá gostar mais que eu, mas é uma experiência que eu recomendo. 🙂

Victor, espero que o filme estreie por aí logo. Beijo!

Elton, o título é deveras curioso mesmo e o diretor tem até certo renome mesmo! Abraços!

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Estou muito curioso para ver este filme. E essa ebulição de referências (Dylan, internet…) me parecem um convite e tanto. No entanto, senti que vc não gostou tanto do filme. Pq?
bjs

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Do título à sinopse: que maluquice! Parece bem interessante. Quando puder vou conferir. A única ressalva que tenho é sua nota. Meio frustrante para o mote da obra.

Bom final de semana!

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Quero muito ver esse filme, mesmo que não tenha te tocado tanto. O complicado é que aqui em Salvador ele só veio em uma única sessão as 14hs de um único cinema… Tá difícil fugir do trabalho para conferir, sábado o almoço lá em casa só sai depois das 13hs, enfim… Vou tentar um malabarismo…

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Reinaldo, não é que eu não tenha gostado desse filme. O longa é uma experiência bem autoral e diferente. É somente uma questão de costume. Acho que eu teria que rever para saber direito como me posiciono diante dele. Beijos!

Ramon, é bem interessante mesmo! Mas, é como eu disse ao Reinaldo. É tudo uma questão de costume. Sinto que este filme deve ser visto várias vezes até o compreendermos de verdade. Bom final de semana!

Amanda, aqui também veio no mesmo horário! Por isso que eu assisti logo no final de semana, que é a hora livre que tenho! rsrsrrss

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Hey! Mr. Tambourine Man…

Legal Kamila, nunca tinha ouvido e ou lido falar a respeito desse filme. Achei a premissa interessante, mas não acho que sustente um longa-metragem.

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Cassiano, para mim, sinceramente, a premissa não sustentou o longa, então sua impressão está mais que correta!

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Eu gostei bastante desse filme, mas acho que ele seja uma produção bem peculiar. Não sei, mas tenho a impressão que quem se identifica com a história gosta mais do resultado. De qualquer forma, considero “Os Famosos e os Duendes da Morte” um dos filmes nacionais mais interessantes que surgiram ultimamente.

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Matheus, é mesmo uma produção bem peculiar. Acho que essa questão da identificação, que você citou, é fundamental.

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