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Em Teu Nome…

publicado em:9/07/10 11:47 PM por: Kamila Azevedo Cinema

O filme “Em Teu Nome…”, que foi escrito e dirigido por Paulo Nascimento, se passa numa conjuntura muito importante da História do Brasil: a ditadura militar, especialmente o período entre 1970 (governo de Emílio Garrastazu Médici), quando foram notadas altas denúncias de tortura, prisões e desaparecimentos de presos políticos; até 1979, ano em que o presidente João Figueiredo assinou a Lei da Anistia que permitiu que muitos que viveram exilados, longe do Brasil, pudessem voltar ao seu país de origem. 

Esta história nos é contada através do olhar de Boni (Leonardo Machado, em uma notável atuação), estudante de engenharia gaúcho que se envolve num grupo de resistência ao regime militar e, consequentemente, na luta armada. Ao lado de seus quatro companheiros, Boni é preso e torturado. A partir daí, tem-se início a enorme jornada do personagem: mudanças de prisões; o exílio no Chile, na Argentina, na Argélia, na França; a luta pela Anistia política e pelo direito de ele voltar, finalmente, para casa com a família que ele formou ao lado de Cecília (Fernanda Moro) – que abandonou sua vida no Brasil para viver na “clandestinidade” com Boni – e dos dois filhos nascidos enquanto o casal estava exilado. 

Um detalhe importante a se perceber no filme “Em Teu Nome…” é que a jornada de Boni, de Cecília, de seus companheiros de luta e, até mesmo, da família que ele deixou no Brasil (e que nunca desistiu dele, de brigar por ele, de saber se ele estava bem) nos é mostrada de uma forma muito bonita pelo diretor Paulo Nascimento. Ele utiliza a metáfora de mudança (ocorrida não só no Brasil, naquela época, como também com o próprio Boni) para nos fazer compreender que é necessária uma visão externa, longe de tudo, para que a gente possa realmente entender a dimensão das coisas e poder brigar pelas transformações que são necessárias. 

Uma outra coisa importante neste longa – que foi baseado no relato de pessoas que vivenciaram o que a gente assiste no decorrer de “Em Teu Nome…” – é que não existe aquela necessidade de nos chocar, como foi visto em “Batismo de Sangue”, por exemplo, para a gente ver a proporção de tudo o que foi vivido nesta parte da história de nosso país. O diretor utiliza a jornada particular de cada pessoa (e aqui temos vários exemplos de como a ditadura influenciou a vida de muitos) para nos deixar um exemplo de coragem, de luta e de não desistir daquilo que se quer. 

Cotação: 9,5

Em Teu Nome… (In Your Name, 2009)
Direção: Paulo Nascimento
Roteiro: Paulo Nascimento
Elenco: Sirmar Antunes, Sílvia Buarque, Julia Feldens, Leonardo Machado, Fernanda Moro, César Troncoso, Marcos Paulo



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Comentários


Ainda não tinha ouvido falar desse filme e fiquei muito curiosa. A forma como você o descreve parecer ser bem sensível.

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Cassiano, ADOREI!

Amanda, o filme é sensível, mas é muito forte e pega a gente de jeito!

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Sabe do que mais gosto aqui? De descobrir filmes que nunca descobriria sozinha. Não que eu seja “idiota” e não os procure, mas, como alguém disse acima que não descobre filmes brasileiros, o mesmo acontece comigo e alguns filmes em geral.

Acho que precisarei destinar um dia da semana para assistir aos filmes. =P

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Mas um acerto do brilhante cinema brasileiro.Que país tem uma diversidade cinematográfica tão grande.Vou conferir.Mas esta disponivel em DVD?

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Cleber, comigo não acontece isso. Sempre prestigio os filmes nacionais.

Marília, obrigada! É sempre bom poder apresentar filmes diferentes por aqui!

Paulo Ricardo, acho que ainda não está disponível em DVD. Eu o assisti no cinema mesmo.

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Mesmo que o tema já seja muito explorado em nosso cinema, é bom ver que essa produção tem algum diferencial (e que bom ser o oposto de “Bastismo de Sangue”, um filme que não gosto nem um pouco, rsrs). Muito bom ver tantos filmes brasileiros notáveis nesse ano.

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Estou ansioso pra conferir este! Tinha visto o trailer, realmente gostei do foco. E já tinha dado atenção ao Leonardo na participação dele na novela Viver a vida, rs..e agora na série Na forma da lei. Ele é bom ator, dedicado.

PS: já vi teus comentários em uns blogs sobre Eclipse, uma pena não ter gostado, para mim foi muito bom sim e é, de fato, bem adaptado.

até!

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Vinícius, eu até gosto de “Batismo de Sangue”, mas “Em Teu Nome…” coloca este outro longa no chinelo!

Reinaldo, é um filme excelente e está altamente recomendado. Beijos!

Cristiano, eu nem conhecia o Leonardo antes desse filme… Ele é bom ator mesmo! E não gostei de “Eclipse”. Esperava mais! Até!

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Oi Ka,

Depois desta resenha e de suas sábias observações, só me resta dar um jeito de assistir este filme. A premissa da ditadura já foi utilizada em outros filmes, porém, o que tiramos de aprendizado de um perigo negro que não seja o que outros filmes já trouxeram? Pela sua resenha, este filme tem um diferencial a nos dizer.

bjs!

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Madame Lumière, assista mesmo. Como você bem pegou, este filme tem um diferencial. Beijos!

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Pois é, Kamila, eu já não gostei tanto do filme. Acho a história muito boa, mas a produção me parece artificial e amadora. Acho as interpretações a pior coisa do filme – são muito fracas. O casal protagonista é inexpressivo. Acho também que o roteiro é meio costurado nas coxas, sem muito ritmo. Na minha opinião, vale a pena apenas para conhecer um pouco mais dessa época cavernosa que o país atravessou.

Bjs!

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A premissa dele me interessa muito e fiquei meio triste em perdê-lo no cinema daqui, rsrs. Espero que venha outras oportunidades.

Beijos! 😉

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A cada dia me impressiono mais com o cinema nacional. Sem dúvida quero assistir a este filme.

Recomendo pra você o documentário CIDADÃO BOILESEN, que ao meu ver faz uma ótima análise imparcial deste período triste da nossa história.

Bjos.

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Dudu, senti o amadorismo, às vezes, mas isso não me incomodou, sinceramente. E eu gostei muito do ator principal, mas concordo em relação à esposa dele, por exemplo. Beijos!

Mayara, tomara que venham outras oportunidades. Beijos!

Bruno, assista mesmo! Obrigada pela dica. Tentarei assistir ao documentário. Beijos!

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Interessante. Tratarei de ver em breve. Infelizmente, não veio para cá. Ou veio e passou desapercebido por mim. Mas seu texto me deixou bem curioso!

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