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Brilho de uma Paixão

publicado em:21/10/10 10:04 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Não é só no Brasil que se observa uma característica de se valorizar a importância de alguém para um determinado campo somente após a morte desta determinada pessoa. No caso de John Keats, poeta inglês do século XIX, seu trabalho, em vida, foi muito mal recebido por crítica e público. Somente após a sua morte, ocorrida em 1821, quando ele tinha somente 25 anos, que seu trabalho como poeta foi altamente reconhecido, a ponto de sua obra ser considerada uma das mais importantes da língua inglesa.

O filme “Brilho de uma Paixão”, da diretora e roteirista neozelandesa Jane Campion, se prende a um período de três anos na vida de John Keats (Ben Whishaw), quando ele conheceu e se envolveu com aquela que seria o grande amor de sua vida: Fanny Brawne (Abbie Cornish). O interessante nesta jovem é que ela era alguém comum, totalmente interessada em vestidos, bailes e flertes, mas que se pega interessada em um homem intenso, um poeta de olhar melancólico e de personalidade introvertida e amargurada.

Mais curioso ainda é perceber que o que une Fanny Brawne fortemente a ele é a vontade que ela tinha de entender poesia. Através do conhecimento desta arte, ao ver John Keats trabalhando com o parceiro e amigo Mr. Brown (Paul Schneider), Fanny se vê completamente presa em um sentimento que ultrapassa qualquer dificuldade que se tenha – e olha que elas eram muitas, uma vez que, por ser um poeta totalmente dedicado a sua arte, a qual não era reconhecida como devido, Keats não tinha condições financeiras de se sustentar ou de prover uma família.

Por ser um filme que transpira poesia, amor e sensibilidade, chama a atenção o fato de que Jane Campion faz de seu filme uma coleção de imagens naturalmente poéticas e que conseguem transmitir para a gente a força e a verdade de um amor que foi interrompido por uma fatalidade do destino. “Brilho de uma Paixão” é um típico filme de época, com técnica brilhante (os destaques vão para os figurinos, a fotografia, a trilha sonora e a direção de arte), e que se apoia na belíssima performance da australiana Abbie Cornish. Ela brilha, especialmente, no ato final, na cena em que corre pelos campos a declamar o poema “Bright Star”, que Keats fez em sua homenagem.

Cotação: 9,0

Brilho de uma Paixão (Bright Star, 2009)
Direção: Jane Campion
Roteiro: Jane Campion (com base na biografia de Andrew Motion)
Elenco: Abbie Cornish, Ben Whishaw, Paul Schneider, Kerry Fox, Edie Martin, Thomas Sangster



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Comentários


Não conheço bem a atriz.
Aliás, não conheço bem um monte de atrizes. Tenho que corrigir isto. Com certeza eu verei este filme.

E ele prova mais uma coisa.
“Quer realmente conquistar uma mulher? Aprenda e entenda poesia.”

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Essa cena da Fanny declamando o poema é lindíssima mesmo. O filme todo é belo, mas para mim, pareceu uma história escrita pela Jane Austen, rsrs. O filme merecia mais atenção, principalmente a estética e Abbie Cornish.

Beijos! 😉

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Você é a quarta pessoa que fala bem de Brilho de uma paixão na blogosfera. Meu interesse por conferir a película só cresce! Preciso corrigir esse deslize urgentemente.

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Thyago, a Abbie está começando, apesar de já ter tido alguns papeis de destaque. Acho que ela ficou mais conhecida por namorar Ryan Philippe.

Mayara, não senti nada de Jane Austen aqui! Jane é mais rotineira na questão do amor. Não tem esses arroubos poéticos, não! 🙂 Beijos!

Roberto, corrija. É um lindo filme! LINDO mesmo!!

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Virei fã da Jane Campion após conferir o exclente “O Piano”. Preciso ver “Brilho de uma paixão” logo. Estou muuuuito curioso!

Abs.

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Gosto muito de “O Piano”, também tenho interesse em conferir esse, só não teve ainda oportunidade.

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Raspante, muita gente virou fã da Jane após esse filme. É realmente muito bom! Abraços!

Amanda, eu gosto de “O Piano”, mas considero este filme resenhado melhor que o anterior.

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Não chego a gostar imensamente do filme, mas é louvável a forma como a Campion desenvolve esse romance sem cair nas facilidades desse tipo de projeto, principalmente por um dos protagonistas ser um poeta, o que podia complicar muito a história. Mas o roteiro sabe dosar bem a relação dos dois com muito carinho. O único porém é que, à vezes, a falta de familiaridade com a poesia do Keats se torne o filme um tanto cansativo (e traduzir poemas é algo realmente delicado). Mas até isso é um ponto positivo porque passamos a conhecer um pouco o trabalho dele. A Abbie Cornish está ótima, um doce no filme.

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Ainda não assisti este filme, apesar da inúmeras críticas elogiosas que tenho lido. Vai ficar para a tv por assinatura mesmo…
E só para meter a colher, Jane Campion é mesmo ótima diretora. Gosto muito dela.
Bjs

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Gostei desse filme.Sempre confundo com A Jovem Rainha Vitória(que ainda não vi).Bem fotografado e com uma direção de arte e figurino embriagadores,o filme é uma volta por cinema de Jane Campion.Desde de O Piano ela não fazia um filme tão contundete.Destaque para as atuações de Abbie Cornish.Ela me lembra a Nicole Kidman no inicio de carreira.Estou esperando a critica a Tropa de Elite 2,pra mim o melhor filme do ano.Beijos Kamila.

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Rafael, concordo que o filme fica, em certos pontos, cansativos. Mas, não acho que isso prejudique o resultado final obtido pelo filme.

Reinaldo, eu gosto da Jane também. Ela tem estilo como diretora. Beijos!

Paulo, pois eu nem confundi com “A Jovem Rainha Vitória”, pois são dois filmes bem diferentes. Poxa, que comparação feliz a da Abbie Cornish com a Nicole Kidman. E a Nicole já trabalhou com a Jane Campion também, no fabuloso “Retrato de uma Mulher”. Acho que a Nicole deveria ter sido indicada ao Oscar por este filme, aliás. Beijos!

Robson, tá vendo?? rsrsrsrsrsrrssrrs

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Sou um admirador dos trabalhos da Campion, pra mim uma das grandes diretoras – melhor que Sofia Coppolla, inclusive. Mais feminina, mais sentimental e com estilo próprio. Seu olhar sensível torna seus filmes mais lindos e poéticos de se ver. Abbie Cornish reina neste filme aqui, não conhecia ela e me surpreendi com o trabalho. Como você abordou, é um filme lindo mesmo com técnica e um roteiro até reflexivo, até por que tem o charme das poesias expressas e dá todo o clima sensível que ele pede.
m trabalho que encanta pelo domínio dos sentidos técnicos e emotivos.

É um filme que prioriza este sensível sentimento entre os dois amantes, visto que a relação de ambos não se sustenta no desespero do sexo – ambos, vivenciam, aos poucos, a atmosfera do sentimento, gradualmente – entre pequenos gestos e diálogos, atos cúmplices que denunciam o desejo que ali paira.

Lindo, lindo filme!
Comentei ele no Apimentário tem uns meses.

Beijo

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É incrível a transformação da atriz ao fim, parecia outra pessoa, ela soube traduzir com perfeição a dor e o luto da personagem naquele cena no bosque. Eu gosto de histórias de amores infelizes, platônicos… ainda mais quando verdadeiras. O Keats… acho que deixa Lord Byron e o nacional Álvares de Azevedo no chinelo com relação ao estilo de vida “romântico” (morte por tuberculose jovem, amor provavelmente não consumado, pobreza etc…)

O filme todo eu fiquei pensando.. “Por que a Fanny não costura uma jaquetinha nova pra ele?” Tadinho…

Concordo com tudo que vc disse, e achei o melhor trabalho da diretora desde “O Piano”. Executado com sensibilidade, sem apelar para clichês, sem falar na fotografia deslumbrante.

Kamila, já viu estes links aqui?
http://englishhistory.net/keats/fannybrawne.html
http://englishhistory.net/keats/letters.html

Ele era BEM mais atordoado do que no filme, e morria de ciúmes dela. E parece que ele teve uma namoradinha, que por um tempo foi reconhecida erroneamente como a “bright star”.

Bom fds!

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Abbie Cornish é maravilhosa! Não entendo como ficou de fora do Oscar. E olha que a defendi em “Um Bom Ano”, que eu adoro. Ah, também defendi Marion Cotillard naquele filme!

Bjs

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cleber, reveja. Achei a obra maravilhosa.

Romeika, eu também gosto de histórias de amores infelizes e platônicos. Eu concordo que é o melhor trabalho da Jane desde “O Piano”. Vou entrar nos links. Fiquei curiosa. Bom final de semana!

Otavio, nem eu entendo como ela ficou de fora do Oscar. Merecia ser indicada. E eu nem me lembro da Abbie em “Um Bom Ano”. Beijos!

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Um dos meus filmes preferidos do ano e a atuação de Abbie Cornish é linda demais,a atriz consegue se desconfigurar sem a necessidade de maquiagens,somente com expressões,coisa de mestre !
Abraços

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Eu tô com o filme aqui no meu HD, mas não tive tempo de dar um confere. Todo mundo falando super bem dele… E olha que eu não curto romances de época. Mas depois desse seu 9, vou apressar a conferência.

Bjs!

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Esperei por esse filme por um bom tempo até que finalmente chegou no cinema aqui da minha cidade e como ninguem queria ir comigo …fui sozinha mesmo, devia ter umas 7 pessoas na sala de cinema (todas mulheres). E as pessoas que não assistiram o filme ficaram no prejuizo pois o filme é muito bom, como vc mesma disse o figurino, a fotografia, a trilha são maravilhosas. Spoiler* Na cena em que ela tem a certeza da morte dele é tão triste, me passou uma realidade tão forte que eu me emocionei muito, eu senti a dor da perda dela e quando ela chama pela mãe na tentativa de diminuir a dor ou pedir ajuda é tão natural que me emocionou muito. E sim o final, ela declamando o poema que ele fez pra ela é lindissima…pena que muitas pessoas percam uma obra como está pra assistirem filmes que as vezes nem valem o ingresso.

beijos

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