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A Lenda dos Guardiões

publicado em:27/10/10 1:19 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Quando somos crianças, nossos pais, geralmente, nos fascinam com histórias lendárias de herois que derrotaram grandes inimigos. Tais relatos de feitos consideráveis acabam alimentando as nossas imaginações em brincadeiras em que aspiramos tal heroismo. A animação “A Lenda dos Guardiões”, do diretor Zack Snyder, nos coloca diante de uma história em que a imaginação pode se tornar realidade e em que alguém comum possui a chance de mudar a sua trajetória, se tornando um grande heroi.

Neste sentido, os nossos dois personagens principais, os irmãos Kludd (dublado por Ryan Kwanten, da série “True Blood”) e Soren (dublado por Jim Sturgess), não poderiam ser mais diferentes um do outro. Enquanto um acredita, o outro desdém. Enquanto um sonha, o outro se mantém cético. Enquanto um é altruísta, o outro é egoísta. Enquanto um é confiável, o outro é traiçoeiro. Enquanto um pende para o lado do bem, o outro se aproxima mais do lado do mal.

É nesta dualidade que se encontra o ponto mais interessante do roteiro de “A Lenda dos Guardiões”, que foi escrito pela dupla John Orloff e Emil Stern. Os roteiristas colocam estes dois irmãos diante de uma situação em que eles veem que a lenda que seu pai os relatava era pura verdade e o que eles vivenciam no ambiente dos maldosos Puros são acontecimentos que farão com que cada um deles se posicione de uma maneira diferente – afinal, como já demonstramos, a essência deles é muito distinta.

Portanto, há que se valorizar um aspecto de “A Lenda dos Guardiões”. O filme pode falar sobre heroismo, sobre sacrifício, sobre lutar por aquilo que é o mais correto; mas, na verdade, a grande mensagem da animação é revelar aos pequenos sobre um tipo de decepção que, talvez, seja a pior de todas: aquela que nos é causada por aqueles que mais amamos. Soren e Kludd tiveram a mesma criação dos pais e receberam os mesmos valores deles, mas resultaram em dois seres humanos diferentes, que talvez nem se reconheçam e que vão ver desvanecer qualquer traço de irmandade que possuíram um com o outro.

Analisado por esse prisma, “A Lenda dos Guardiões” é um dos filmes de animação mais tristes dos últimos anos, mas o diretor Zack Snyder não se prende a esse lado melancólico. Ele privilegia em seu relato a descoberta da própria força de Soren, que vai sozinho encontrar os Guardiões de GaHoole para tentar convencê-los dos planos maléficos dos Puros e a lutar contra isso. A se lamentar somente o fato de que, por boa parte do filme, o roteiro se esquece da família que Soren e Kludd deixaram para trás quando embarcaram nessa aventura deles. Quando eles voltam a aparecer, o furo no roteiro já está todo aberto. Mas, isso, é bom frisar, não é algo que tire o brilho de uma animação que é uma verdadeira surpresa.

Cotação: 8,0

A Lenda dos Guardiões (Legend of the Guardians, 2010)
Direção: Zack Snyder
Roteiro: John Orloff e Emil Stern (com base no livro de Kathryn Lasky)
Com as vozes de: Abbie Cornish, Deborra-Lee Furness, Ryan Kwanten, Anthony LaPaglia, Helen Mirren, Sam Neill, Richard Roxburgh, Geoffrey Rush, Jim Sturgess, Hugo Weaving, David Wenham, Leigh Whannell



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Comentários


Realmente quero assistir!!!

Considero o começo de Wall-E algo extremamente triste e melancólico, ainda que eu tenha rido bastante com o robozinho-chaplin…

Fiquei ansioso por esse lado triste da animação… verei em breve.

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Verdade, eles esqueceram completamente da família, e ainda incluiram a babá cobra na jornada. hehe. Mas, eu achei o filme lindo, principalmente pela técnica da animação.

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A Lenda dos Guardiões é uma animação triste,e as ultimas animações que mais gostei tem um enredo triste:Wall-E,Up-Altas Aventuras,Toy Story 3 e Mary e Max-Uma Amizade Diferente que é uma produção Australiana dá melhor qualidade.Ainda não vi A Lenda dos Guardiões e no seu texto você cita o roteiro fraco.Zack Snyder costumar ser fidelissimo com as obras que adapta como a graphic Novel 300 e o visualmente arrebatador Watchmen que era fiel até de mais a obra original.Mas mesmo com toda essa fidelidade na adaptação tanto 300 quanto Watchmen tinham sérios furos no roteiro.E pelo que leio A Lenda dos Guardiões também tem.Mas vou conferir.Pelo diretor e pela sua critica vale a pena ver.Bjs.

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Não estava tão empolgado com essa animação por conta do trailer, mas depois da sua crítica eu irei conferir assim que tiver tempo. Bjus.

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Amanda, pois é! rsrsrs E, até agora, não sei de onde a Eglantine e a Babá surgiram lá no mundo dos Puros.

Paulo, é uma animação triste, mas, como eu disse, a tristeza fica em segundo plano a maior parte do filme, uma vez que o lado do heroismo é o privilegiado. Beijos.

Jonathan, eu também não estava empolgada, mas li boas opiniões sobre o filme escritas pela Amanda e pelo Otavio e acabei me interessando em conferir a obra e não me arrependo de ter seguido as dicas deles. Beijos.

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Não acho que tenham esquecido da família, afinal trata-se de um filme. Não de uma série com tempo pra todo os personagens. Ou uma novela. Foi preciso desenvolver as personalidades de Soren e Kludd. Além do mais, isso não é uma animação da Pixar. Precisa passar rápido e se concentrar no que é mais importante para o desenvolvimento de uma trama com começo, meio e fim. Snyder não abandona suas preferências, mas, no fundo, sabe que é um filme para crianças, que fazem fila pra ver “o filme das corujas”. Então não dá pra ter uma metragem maior. Fica chato pra criançada. É o melhor filme do diretor (o que não quer dizer muita coisa). Mas, pelo menos, ele não tentou xerocar o material original, como fez em “300” e “Watchmen”. Pensou em cinema. Já é um passo à frente. Bjs!

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Não sou fã de desenhos, mas estou começando a apreciar por motivos paternos. Estou anotando os grandes pro momento certo.

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Reinaldo, obrigada! Verdade. É o filme mais incomum do Snyder e isso nada tem a ver com o fato da obra ser uma animação. Beijos!

Otavio, esqueceram, sim, da família dos irmãos. Seu raciocínio tem fundamento, mas eu senti falta desses personagens. Porém, como eu dosse, entendo que eles tiveram que focar mesmo no desenvolvimento das personalidades de Soren e Kludd e isso foi muito bem feito. E não sei se eu diria que é o melhor filme feito pelo Snyder. Com certeza, é a obra mais surpreendente dele. Beijos!

Cassiano, pois é! Vá anotando para ir mostrando ao seu pequeno, na hora certa! 🙂

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Misera viu, estou tão por fora desse filme, que nem ao menos sabia que era do Zach, irei conferir!

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Cleber, nem eu sabia que era do Zack. Só soube disso quando li as críticas da Amanda e do Otavio.

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Não estava curiosa, tinha medo de que o Snyder se focasse mais na técnica, que é linda, do que na história. Mas ainda bem que parece não aconteceu com este novo dele. À conferir.

Beijos! 😉

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Mayara, a técnica e a história do filme são bem interessantes. Pode assistir a esta animação sem medo! Beijos!

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Esse filme passou hj no HBO e tive a oportunidade de assistir. E meu deus do céu, que visuais foram esse? Por um momento, eu pensei que tinha voltado no tempo e tava assistindo aquela obra-prima chamada “Avatar”. Acho que nenhum filme de animação, seja da Pixar, Disney ou Dreamworks, conseguiu criar imagens tão perfeitas. As corujas são de um detalhismo imenso, as expressões faciais dão um toque crível de humanidade a esses seres e as lutas são muito bem executadas.

Porém, “A Lenda dos Guardiões” tem seus problemas. A primeira coisa que me incomodou foi o tom épico que soa exagerado em muitos momentos, principalmente quando o Snyder investe em pausas nas cenas de ação para impressionar o telespectador. Outra coisa, foi o desenvolvimento rápido da história e, como vc mencionou, o esquecimento de alguns personagens. Muitas pessoas se queixaram que a história é “puro clichê” e “que o filme é sombrio ou pesado demais para o seu público alvo”. Eu não vi nada de violento que possa ser prejudicial aos pequenos, e não acho que os clichês (que são poucos, até) sejam um empecilho à trama.

E pesquisando um pouco, eu descobri que o filme é baseado nos três primeiros livros de uma série infantil. Então, eles tentaram resumir três volumes em um só filme? Dá para entender porque a história pareceu ser tão apressada. Pelo menos, o resultado final é bem divertido.

Nota: 8,0

E acabei de notar que esse é o meu primeiro comentário do ano no blog! Espero continuar acompanhando o seu trabalho aqui, afinal, 2012 promete ser um grande ano para o cinema.

Abraços!

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Clóvis, o visual desse filme, sem dúvida, é um dos pontos fortes da obra. Também não achei que o filme chega a ser sombrio tendo em vista o seu público alvo. Obrigada pelas visitas e comentários! Feliz 2012 no cinema para todos nós. Abraços!!

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