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Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos

publicado em:10/01/11 11:27 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Não sei o que Woody Allen tinha na cabeça, mas, tanto “You Will Meet a Tall Dark Stranger”, quanto “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos”, são títulos totalmente inadequados a serem dados à última obra escrita e dirigida por ele. Afinal, no decorrer dos 98 minutos de projeção, não estamos assistindo a uma fiel comédia romântica ou a uma busca desenfreada pelo amor; pelo contrário, estamos vendo pessoas que possuem problemas em gerais (não só com o amor, mas que também estão em crise com a vida em si) tentando encontrar soluções para isso que vivenciam.

A história é centrada em dois casais, que possuem muito mais em comum do que os laços familiares. Alfie (Anthony Hopkins) e Helena (Gemma Jones) são os pais de Sally (Naomi Watts), que, por sua vez, é casada com Roy (Josh Brolin). Ambos os casais atravessam crises profundas em seus relacionamentos, as quais são aprofundadas por conflitos pessoais e profissionais vividos por ambas as partes da relação. Alfie e Helena representam um clichê: ele está em crise de meia-idade, quer cuidar de si mesmo e se separa dela para aproveitar uma vida de solteiro, com um padrão de vida que foge de sua realidade – diga-se de passagem. Enquanto Sally e Roy são representantes de uma dita relação moderna e são aquele casal que deixa a frustração por causa da não satisfação com suas vidas profissionais invadir por completo o relacionamento.

Para movimentar “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos”, Woody Allen insere na trama personagens secundários como Charmaine (Lucy Punch, em papel que seria, originalmente, de Nicole Kidman), jovem prostituta por quem Alfie irá se apaixonar e com quem casará; Dia (Freida Pinto), que mora em frente ao apartamento de Roy e Sally e se transforma na musa dele (que é um escritor que tinha enorme potencial, mas hoje é um fracassado) e Greg (Antonio Banderas), patrão de Sally por quem ela desenvolverá uma grande quedinha. Entretanto, o personagem secundário mais importante deste filme acaba sendo a cartomante a quem Helena se agarra depois de ser abandonada pelo marido. As decisões que ela toma em consequência das consultas que faz à cartomante é que movem toda a trama da obra.

Fora a contradição contida no título deste filme, existe uma outra que se revela no início e no final de “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos”: o uso da canção “When You Wish Upon a Star”, que foi composta especialmente para o longa “Pinóquio” e acabou se transformando no tema clássico da Walt Disney Studios. Essa é uma música que fala, basicamente, da grande chance que um desejo, feito de forma verdadeira, tem de se transformar em realidade. A utilização desta canção é um grande tapa em luva de pelica em todos esses personagens. Além de eles serem um grande clichê, eles optam pela saída mais fácil, pela saída mais absurda ou cômoda e ainda esperam sair incólumes de tudo isso. Numa história que carece de um maior trabalho e que tem muitas lacunas, Woody Allen nos lembra de que a vida não é assim. Se o universo pode conspirar a nosso favor, você tem que fazer os meios – de forma honesta, é bom frisar – para que ele possa agir em seu benefício – e, mesmo assim, tanta coisa ainda pode dar errado…

Cotação: 6,5

Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos (You Will Meet a Tall Dark Stranger, 2010)
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Gemma Jones, Pauline Collins, Anthony Hopkins, Naomi Watts, Josh Brolin, Freida Pinto, Antonio Banderas, Lucy Punch, Anna Friel



Jornalista e Publicitária


Comentários


Concordo contigo. Acho que Allen está buscando saídas para os seus personagens bem fracas, ou pelo menos pouco articuladas (e isso é evidênciado em outros dos seus recentes longas). E eu adorei Gemma Jones, rs

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Eu tive uma visão diferente dessas duas contradições que você fala, acho que Allen queria exatamente essa ironia. “You Will Meet a Tall Dark Stranger” é a frase que Roy diz a Helena quando ela conta que sua guru disse que ela encontraria um novo amor. É pura ironia que ele transportou para o título do filme.

Está longe de ser genial, mas acho um filme interessante.

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É o filme mais fraco de Allen, saí do cinema sem entender qual a real intenção dele. Infelizmente. Espero que Carla Bruni dê uma apimentada no próximo filme. hehe

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Amanda, ahhh, valeu pela explicação! 🙂

Robson, não acho que seja o mais fraco do Allen, mas, ao lado de “Scoop – O Grande Furo” é um dos mais fracos dos últimos anos.

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Eu achei o filme bem razoável, apesar de gostar dos últimos trabalhos de Allen. Mas, quanto ao título, é uma ironia. O moreno alto a que Allen se refere é a Morte, e não um grande amor.

Tem razão, não é lá um grande filme, mas passa uma mensagem inteligente.

=]

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Um cineasta que faz um filme por ano com certeza vai errar,mas desde de Math Point que Allen vem entregando bons filmes.Seja filmes digno de 5 estrelas como o já citado e Vicky Cristina Barcelona,até filme que se não receberam grandes elogios da critica ao menos são obras dignas(O Sonho de Cassandra).Tudo Pode Dar Certo tem uma mensagem final interessante,mas não gostei de Larry David ter sido o protagonista.Vou ver esse filme Kamila e sempre que vejo uma obra do neurastenico diretor Nova Yorkino eu tenho grandes expectativas.Beijos e bom inicio de semana(ou férias).

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“You Will Meet a Tall Dark Stranger” está longe de ser uma referência romântica, na verdade o titulo fala da morte, logo não há contradição nenhuma, pois o medo de morrer (ou de não morrer) irá permear toda a obra. E convencionou-se a nomear “Woody Allen menor” alguns filmes dele, advirto que um Woody Allen menor é melhor que o MAIOR de muito diretor por aí.

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Mateus, ah, não sabia dessa ironia!

Paulo, eu achei esse o mais fraco do Allen desde “Scoop – O Grande Furo”. Beijos!

Por que você faz poema?, entendi o título, obrigada! E concordo: um Woody Allen menor é melhor que o maior de muitos diretores…

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Ah Ka, aqui o eu discordo veementemente de vc. Primeiro em relação a essa contradição, que na minha leitura, inexiste. Para mim, além do insidio da fatalidade, o título fala de expectativas (o que no limiar é uma das matérias primas da fita) e Allen, utiliza tb, como de hábito, de ironia ao batizar seu filme. Não acho que o filme tenha lacunas, nem mesmo que pretendia se resolver como romance… É agridoce. Angustiado e frequentemente engraçado. Como a vida e suas expectativas…

Bjs

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Acho que a história sobre o personagem de Josh Brolin poderia render um grande filme, ainda mais com roteiro e direção de Woody Allen. Mas é apenas um segmento. Allen quer falar de várias situações, vários personagens. Mas eu o perdoo. Claro.

Bjs!

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Lendo o roteiro, me dá a impressão de que Woody Allen requenta trechos de vários filmes de sucesso do passado – talvez com a diferença de que seu “espelho” (Antonhy Hopkins) tenha envelhecido pra valer, e talvez não saiba lidar bem com isso. Ainda acredito muito no talento de Woody, mas sinceramente, para “Você vai conhecer o Homem dos Seus Sonhos” não guardarei nenhuma expectativa.
Beijos!

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Reinaldo, pode discordar! 🙂 Seu comentário tem muitos pontos interessantes! Refletirei sobre eles numa revisita à obra. Beijos!

Otavio, sim, o personagem de Josh Brolin daria um grande filme. Concordo. Beijos!

Weiner, eu também acredito muito no talento de Allen! Beijos!

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Olá Kamila!

Eu não interpretei a contradição que tu disse no texto da mesma forma. Allen é extremamente irônico. E diferente da maioria, até vi certa graça em “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos”. Entra para o hall de filmes despretensiosos do diretor, que embora não sejam grandes obras, sequer alcançam a média satisfatória, ainda divertem =)

bjs!

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O Woody Allen tá fazendo filme que nem doido, o que faz com que ele possa errar com mais frequência.

Já vou preparado para não ver algo tão bom como Vicky ou Match Point, mas pelo menos melhor do que Tudo Pode dar Certo.

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Kamila, ao terminar de ver o longa ficou até difícil de acreditar que era do Allen, o roteiro é muito clichê assim como todos os seus personagens uma obra totalmente esquecível na longa lista do Diretor.
Abs.

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Elton, já entendi que sou minoria na contradição do título e, agora, entendo que estou errada. Beijos!

Bruno, que bom que ele anda fazendo filme que nem doido! 🙂

Jonathan, não diria que o roteiro é clichê. Só achei fraco. Abraços!

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Mesmo não aparentando ser um bom momento de Allen, pretendo dar uma chance ao filme em breve. Mesmo fraco, ele vale a pena. E também acho “Scoop – O Grande Furo” o mais fraco dele.

Beijos! 😉

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Oi, Kamila.

De vez em quando passo aqui, mas acabo não deixando comentário.
O Cinema em Casa está em coma, por enquanto.
Não sei se algum dia acordará. Hehe!

Estou procurando informações sobre o Oscar. Hehe!
Sobre esse filme do Woody: vale pelos diálogos e conflitos pessoais. Não adianta querer tirar grandes lições dele como um todo. Hehe! Eu gostei. Daria 7.0.

Abs!

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Ramon, sem problemas. Pena que o blog tá em coma! rsrsrsrsrsrs Informações sobre o Oscar, em breve! 🙂 Amanhã, tem do Golden Globe. Vê se aparece. 😉 Abraços!

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em filmes de allen sou meio cego, não teve um que tenha visto até hj que eu não goste… esse em especial daria entre 7,5 e oito, achei mto bom.. cheio de ironias e nem sabia dessa ironia da musica que vc falou… sem duvida isso só adiciona mais uma camada legal na apreciação do filme…

o unico personagem que não me cativou foi o artista frustado que algumas cenas com a vizinha me pareciam meio estranhas demais sem chegar porém a ser tosco – pq qdo chega ao tosco a intenção ironica ou de brincadeira fica mais clara.. mas como já tem um tempinho que vi não lembro exatamente, mas nada dificil de digerir, só um leve engasgo que não tirou nem de longe o brilho do filme pra mim.

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