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Mademoiselle Chambon

publicado em:12/02/11 2:44 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Pode não parecer, mas o filme francês “Mademoiselle Chambon”, do diretor Stéphane Brizé, é um romance. É uma obra silenciosa, que se apoia muito nas sensações passadas pelos olhares dos atores Vincent Lindon e Sandrine Kiberlain (os dois em soberbas atuações) e que retrata com perfeição aquele momento em que duas vidas são impactadas por um encontro inesperado, mas que ganha um significado diferente a partir do instante em que a conexão entre aqueles dois seres foi feita.

Jean (Lindon) trabalha com construção civil, é casado e pai de um jovem menino. Verónique Chambon (Kiberlain) é a professora do filho dele. Os dois se conhecem quando Jean precisa pegar o garotinho mais cedo, na escola, após a mãe se acidentar no trabalho. De um encontro fortuito, nasce o convite para que Jean participe de uma aula falando às crianças sobre a sua profissão. Disso, vem mais um convite: para que Jean faça uma obra na casa de Verónique. E, de encontro em encontro, de descoberta em descoberta, através do som da música do violino que a professora toca, vemos os dois cada vez mais atraídos um pelo outro.

Apesar disso, boa parte de “Mademoiselle Chambon” não fala sobre a consumação de um adultério. O filme enfoca muito, na realidade, a falta de coragem em dar um primeiro passo, a covardia em se entregar a um sentimento que vai consumindo-os aos poucos e a forma como a infelicidade de não poder viver essa relação acaba afetando as vidas privadas de cada um deles. O filme adota um tom um tanto verdadeiro, porque, desde o primeiro instante, você sente a culpa corroendo Jean e Verónique e é a vontade de não magoar os outros que move todas as ações deles no desenvolvimento desta trama.

“Mademoiselle Chambon” pode ser um filme que frustra certas pessoas, mas o roteiro criado por Brizé e Florence Vignon (com base no livro de Eric Holder) resulta em uma obra muito madura e com uma visão extremamente adulta sobre o fato de se sentir atraído por outras pessoas, mesmo estando em um relacionamento. O longa é muito real, é sobre duas pessoas desprovidas de egoísmo e que possuem o valor de fazer aquilo que é certo, mesmo ao custo das suas próprias felicidades. E isso é uma coisa muito rara hoje em dia…

Cotação: 8,5

Mademoiselle Chambon (2009)
Direção: Stéphane Brizé
Roteiro: Stéphane Brizé e Florence Vignon (com base no livro de Eric Holder)
Elenco: Vincent Lindon, Sandrine Kiberlain, Aure Atika, Jean-Marc Thibault, Arthur Le Houérou, Bruno Lochet



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Comentários


Oi Kamila, sou fã do Vicent Lindon. Ele fez Tudo por ela , a versão francesa do filme do Russel Crowe e da Elizabeth Banks, que você comentou aqui. Vou procurar assistir a este filme. Parabéns pelo texto.

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É francês? Pois é, o cinema francês é conhecido por dramas pessoais e bem intensos, coisa que combina muito comigo. Este eu não conhecia, e se parece mais com romance, e ainda é maduro, melhor…
Por falar em romance, e “sobre o fato de se sentir atraído por outras pessoas, mesmo estando em um relacionamento”, você já viu DESENCANTO, do David Lean? Se não, recomendo demais.
Beijos!

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Huuum, que interessante. Não conhecia, mas vou dar uma procurada!

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Flávio, a única coisa que eu sabia do Vincent Lindon antes de assistir a este filme é que ele namorou a Princesa Caroline de Mônaco! rsrsrsrs Obrigada e assista ao filme!

Weiner, sim, francês. Esse é um drama bem pessoal e intenso, então acho que você vai gostar. Nunca assisti “Desencanto”. Anotei a dica. 🙂 Beijos!

Cleber, procure!

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Juro que se não fosse o seu texto eu nunca ia ter interesse em ver esse filme, Kamila. Me interessou bastante. Beijos!

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Adoro a Kiberlain (que também era professora em O Pequeno Nicolau, rsrs). E gosto do cinema de Brizé – gosto mais ‘Among Adults’ do que este. É um fime bem sensível, bem pessoal, bem típico do francês (que está tentando se reinventar ultimamente). Gostei também.

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É, o filme parece mesmo bem interessante. Anotei.

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Luís, exatamente. A Kiberlain era a professora de “O Pequeno Nicolau”. Concordo com seu comentário sobre esta obra.

Mayara, procure, sim! 🙂 Beijos!

Amanda, que bom que gostou da sugestão! 🙂

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