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O Ritual

publicado em:11/03/11 11:04 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Ao contrário do que se pensa, o filme “O Ritual”, de Mikael Hafstrom, não é um longa de terror, muito menos um suspense psicológico. O que assistimos, no decorrer de seus 112 minutos de duração, é a jornada de auto descoberta de um homem em busca da fé que ele deixou de ter. Este é um conflito que se torna bastante apelativo na trama, uma vez que o personagem principal é um seminarista (Colin O’Donoghue), enviado especialmente para Roma para um curso de formação de padres exorcistas por aquele que, pode-se dizer, é o seu mentor (Toby Jones).

É importante mencionar o trabalho de composição do personagem Michael Kovak. Ele não se decide pela vida no sacerdócio por vocação. Para ele, para a família na qual ele cresceu, só existiam duas opções a seguir: a primeira, cuidar da funerária que era o negócio familiar paterno; ou entrar no seminário, o que é uma característica herdada do lado materno. Como Michael odiava o pai (Rutger Hauer) e não suportava uma existência solitária e invisível dentro da funerária, decidiu-se pelo seminário. Um outro detalhe curioso a ser frisado é que poucos eram o que acreditavam que Michael chegaria ao final do curso e faria o juramento de padre – nem ele mesmo acreditava nisso.

Quando reencontramos Michael, quatro anos depois da entrada dele no seminário, ele está pedindo a sua dispensa do curso. Entretanto, o mentor dele, o Padre Matthew, enxerga nele características que são importantes para aqueles que dedicam a sua vida a Deus, notadamente a compaixão. É por esta razão, por não deixá-lo querer desistir de algo que Matthew acredita ser certo para Michael, que o seminarista é enviado ao curso em Roma. Aqui, temos a entrada de um outro ponto interessante (e que pode parecer clichê) na trama (e não estamos falando de Anthony Hopkins, cuja atuação é a melhor coisa deste filme): enfrentar situações de exorcismos, em que temos o claro desenho do bem versus mal, é a situação propícia – e perfeita – para Michael confrontar suas dúvidas e seus questionamentos e tentar encontrar em si a sua verdadeira vocação, o seu próprio caminho de fé.

Apesar de ter este lado interessante, “O Ritual” peca por ser um filme um tanto frio na forma como a trama escrita por Michael Petroni – com base em uma história real – é apresentada pelo diretor Mikael Hafstrom. Não ajuda também o fato de que o ator Colin O’Donoghue parece estar eternamente anestesiado (esse tom funciona no primeiro e segundo atos do longa, mas, nas cenas mais inflamadas, o ator continua sem esboçar qualquer tipo de sentimento), o que dificulta a gente a acreditar na transformação interna pela qual Michael Kovak passa. Enfim, numa obra que exige quase o envolvimento da plateia, somos todos mantidos muito distantes de tudo…

Cotação: 5,0

O Ritual (The Rite, 2011)
Direção: Mikael Hafstrom
Roteiro: Michael Petroni (levemente sugerido pelo livro de Matt Baglio)
Elenco: Anthony Hopkins, Colin O’Donoghue, Alice Braga, Ciáran Hinds, Toby Jones, Rutger Hauer, Maria Grazia Cucinotta, Chris Marquette



Jornalista e Publicitária


Comentários


Ainda não vi, e confesso não ter nenhuma curiosidade – ainda, me pergunto porque alguns atores insistem em escolher filmes que supostamente sabem que serão ruins. O Hopkins ainda é um bom ator, felizmente.

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Cleber, vai ver ele escolhe esse tipo de filme porque não o oferecem outro pra fazer…

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Ainda não vi, mas tenho curiosidade por causa do elenco. O Hopkins é um ator tão bom que sempre quero ver os filmes dele.

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A filmografia do Mikael Hafstrom continua sendo bem meia boca. Tenho curiosidade pela Alice Braga…

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Carissa, eu vi mais por causa do Hopkins mesmo!

Raspante, espere, sim, ser lançado em DVD.

Bruno, concordo. Totalmente meia boca a filmografia desse diretor.

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Concordo com você Kamila, a atuação do hopkins é a melhor coisa do filme, diria até que é justamente o que faz o filme não ser um completo fiasco.

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Concordo com quase tudo. Principalmente no que diz respeito ao ator Colin O’Donoghue – péssima escolha. Diferentemente de Hopkins, que está muito bem, assim como Alice Braga.

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Não concordo com sua avaliação do filme. Para mim, O ritual funciona maravilhosamente bem como drama psicológico disfarçado de fita de horror. Concordo, no entanto, que Colin O’Donoghue seja um ator limitado.
bjs

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Jonathan, exatamente. Concordo.

Mateus, concordo contigo em relação ao Hopkins e à Alice.

Reinaldo, eu concordo que o filme é muito mais um drama psicológico do que um horror.Mas, não consegui entrar na história. Beijos!

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Olá!!

Gostei muito do espaço que criou…

Posso te add em meus links na lateral de meu blog?

Já estou seguindo!

Um abraço,

Kleber
oteatrodavida.blogspot.com

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Pois é, a interpretação de Anthony Hopkins é a melhor coisa do filme, e olhe lá, achei esse filme um excesso de clichês.

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Kleber, obrigada. Pode, sim, adicionar o link do blog no seu espaço. Abraço!

Amanda, concordo contigo! Totalmente clichê!!!

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Oi Kamila, realmente é uma pena ver o Antony Hopkins e o percurso que a carreira dele tomou…Cadê o Hanibal Lecter que morava dentro dele rsrs

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Flávio, acabou-se com a decadência da franquia de “O Silêncio dos Inocentes”. rsrsrs

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Não curto muito o gênero, acho que ele não tem sido muito bem trabalhado ultimamente e esse diretor…sei lá. rsrsrs. Veria pela Alice, gosto de vê-la falando inglês. rsrs.

Beijos! 😉

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Não vi o filme e as criticas que li são negativas.Mas espero que Anthony Hopkins não interprete Hanibal Lecter(como ele vem fazendo a alguns anos)e não tente ser egoísta com elenco e “roubar o filme” pra ele.Em O Golpe do Mestre(filme de 2007)com Ryan Gosling ele interpreta um personagem identico a Lecter e O Lobisomen ele de forma egoista tentou “roubar as cenas” de Benicio Del Toro.Kamila,ele é um grande ator,mas de uns anos pra cá para chegar a um personagem ele recorre aos metodos que o consagrou em O Silencio dos Inocentes.Como cinéfilo isso me desagrada muito.Vou ver esse filme,espro que eu esteja completamente errado.Beijos.

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Mayara, eu também não curto muito o gênero. A Alice fala inglês de forma excelente, sem sotaque. 🙂 Beijos!

Paulo, ele não interpreta Hannibal Lecter, e está muito bem aqui, para falar a verdade. Beijos!

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