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Meia-Noite em Paris

publicado em:22/06/11 11:16 PM por: Kamila Azevedo Cinema

É importante prestar atenção à primeira cena de “Meia-Noite em Paris”, filme dirigido e escrito por Woody Allen. Ela nos conta muito a respeito de Gil (Owen Wilson, que, pela primeira vez, não está irritante como ator), um homem que possui uma visão um tanto idealista e romantizada da capital francesa. Um ponto de vista que acaba sendo até condizente com pessoas como ele, que possuem uma veia artística (no caso dele, um escritor), e que veem Paris como um lugar que proporciona a efervescência de ideias e da inspiração em geral.

Gil está em Paris viajando com a família da noiva, Inez (Rachel McAdams). No decorrer de “Meia-Noite em Paris”, fica claro para a plateia o quanto os dois são diferentes e possuem quase que aspirações de vida totalmente diversas. Enquanto ele quer que ela embarque nos sonhos dele, ela é mais pé no chão e o chama para a realidade na qual (ela acredita, é bom frisar) ambos estarem inseridos. Com a descrição deste cenário, Woody Allen nos mostra que os caminhos deles andam cada vez mais distantes, uma vez que Gil não consegue se adaptar aos amigos de Inez (o casal interpretado por Michael Sheen e Nina Arianda) e começa a achar Paris mais interessante na medida em que começa a andar sozinho pela cidade.

“Meia-Noite em Paris” encontra momentos muito interessantes quando começa a acompanhar os passeios noturnos de Gil (o título do filme faz referência justamente a eles), os quais abrem a mente dele para aquela única certeza sonhadora que ele tinha para a sua vida. O curioso nesses passeios é que fica sempre aquela linha tênue entre o que pode ser real e o que pode ser fruto da própria imaginação de um sonhador como o personagem de Owen Wilson – ou seja, sempre fica aquela dúvida sobre se o que Gil vive ali é verdade ou mentira, fato até corroborado pela storyline do detetive contratado pelo pai de Inez para segui-lo em seus passeios misteriosos.

Um outro ponto a se mencionar em “Meia-Noite em Paris” é que o filme se agarra ao conceito de nostalgia para retratar a crise interna vivida por Gil. A nostalgia dele é de algo que ele nunca viveu e que ele não sabe se é verdade ou não. O que o longa acaba lembrando é que a ilusão, um dia, pode se tornar realidade e nós temos que estar sempre abertos às oportunidades, na medida em que a vida nos apresenta a elas.

Este filme lembra muito a atmosfera fantasiosa (especialmente na direção de arte e na escolha da trilha sonora) de “Todos Dizem Eu Te Amo”, principalmente na forma como trata o amor idealizado, aquilo que gostaríamos de ver a nossa vida se transformando. Ao mesmo tempo, o longa mostra a visão de amor real e crua típica dos filmes mais recentes de Woody Allen. Ou seja, o diretor e roteirista sonha, mas sabe que o verdadeiro amor está muito longe daquilo que acabamos projetando. Neste sentido, cabe a cada personagem e a cada ser ver os caminhos que são melhores para si mesmos e ter a coragem de assumir isso. E é justamente essa a jornada de Gil em “Meia-Noite em Paris”.

Cotação: 8,5

Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris, 2011)
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Owen Wilson, Rachel McAdams, Kurt Fuller, Mimi Kennedy, Michael Sheen, Nina Arianda, Carla Bruni, Alison Pill, Kathy Bates, Marion Cotillard



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Comentários


Uma maravilha de filme! Poderia ficar umas 10h assistindo, que clima prazeroso que ele transmite! Woody Allen é ídolo! haha Ainda conseguiu mostrar que Owen Wilson não precisa ser um ator medíocre. Clap clap!

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Realmente, Kamila, Woody Allen consegue arrancar uma interpretação muito boa de Owen Wilson. O clima do filme é ótimo, me surpreendeu. Eu me apaixonei por essa Paris sonhadora e artistica do longa. E sem dúvidas, o detetive é um ponto de sustentação da viagem mágica.

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Victor, concordo! Uma maravilha de filme mesmo!! Palmas pro Woody Allen!

Amanda, interpretação boa e convincente dele, o que chega a ser surpreendente. Eu também fui surpreendida por esse filme. Paris é apaixonante de todas as formas!!!

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Cannes gostou,a critica brasileira tem elogiado,vc gostou e quando um filme de Woody Allen e bem recebido é um bom sinal.Tá cheirando Oscar.Olho nos coadjuvantaes que Allen conseguiu tirar boas atuações até da Mira Sorvino rss.Rachel McAdams nomeada a coadjuvante?.Beijos.

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Bruno, acho – e espero – que você não vai se decepcionar.

Paulo, com certeza, quando uma obra do Woody Allen é elogiada é SEMPRE um excelente sinal. Acho que pode receber indicação em roteiro original. Acho que a McAdams não é indicada em Coadjuvante, não! Beijos!

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Estou apaixonado pelo filme! E seu texto está ótimo! Jamais fale aquilo que escreveu em meu blog. Ok? Você é ótima!

Ah, além de “Todos Dizem Eu Te Amo”, o filme lembra um pouco o clima de “A Rosa Púrpura do Cairo”.

Bjs”

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Otavio, obrigada! 🙂 Deu para perceber sua paixão pelo filme pelo excelente texto que você escreveu no Hollywoodiano! Me lembro dessa referência que você citou, mas, como eu disse antes para você, não assisti “A Rosa Púrpura do Cairo”, então fico com a referência que acabei citando no meu texto. Beijos!

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Ah! Um filme lindo, apaixonante e saboroso! E sua crítica faz justiça a ele. Só discordo de sua avaliação quanto a Owen Wilson. Não o acho irritante. Nesse filme, sua opção por emular Allen torna-se até mesmo folclórica…
Bjs

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Bacana. Meia-Noite em Paris é um filme de Allen que eu estava esperando há tempos. A magia sai da tela e encanta o espectador, que a agarra com força para entrar no mesmo universo de Owen Wilson. Concordo contigo na parte da nostalgia não vivida.

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Tomara que o filme seja bem recebido pela Academia. O último grande reconhecimento para Allen foi em 1989. Faz falta o nome dele entre os nomeados a melhor diretor, ele é grande!

Kamila, tem alguma coadjuvante que se destaca a nível de Oscar (Allen é mestre nisso)?

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Reinaldo, concordo! Obrigada! Mas, eu acho o Owen Wilson muito irritante. Essa foi a primeira vez em que eu gostei dele. Beijos!

Gabriel, você foi muito feliz em seu comentário. Realmente, a magia sai da tela neste filme e nos encanta por completo.

Pedro, esperamos que seja bem recebido, sim. Por ora, vislumbro uma indicação em roteiro original. Acho que essa é quase uma certeza. Infelizmente, não vi, neste filme, nenhuma coadjuvante que se destacasse a ponto de poder ser lembrada no Oscar.

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Doido, doido, pra conferir! Você sabe que gosto do universo de Allen! E este, pelo tudo que tenho lido, parece surpreender mesmo, encantar – essa é a palavra. Ele encanta, todo mundo se contagiou. E que bom que o chato do Owen Wilson aqui convenceu, hein? Que bom mesmo.

Ka, revi um bom filme, a propósito, que mostra bem essa questão de ‘amor idealizado’ comentado por voce. Procure “Amores Imaginários” do Xavier Dolan, urgente.

Beijo 😉

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O que acho mais interessante no filme é que, por mais que todo esse clima de nostalgia seja trazido pelo diretor na forma de uma viagem fantasiosa deliciosíssima, me parece que existe uma bela defesa do tempo presente ali. Gil vai perceber lá no final do filme que o tempo a que ele pertence é o presente, onde ele nasceu, se criou e se formou enquanto pessoa, mesmo que tivesse inspiração no passado. Não dá para fugir disso, negar o passado, mas mesmo assim é possível encontrar inspiração nele para continuar criando no presente. O filme é gracioso do início ao fim.

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Estou impressionado com a bilheteria do filme, parece ser bem interessante. Vou conferir essa semana.

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Cristiano, sim, esta é uma obra que nos encanta. Obrigada pela dica de filme. Procurarei. Beijo!

Rafael, que comentário bonito! Concordo com sua visão! Perfeita! 🙂

Cleber, confira, sim!

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Ainda não vi o filme, mas confesso que fiquei bastante curioso para ver, já que é de Woody Allen com o pavoroso do Owen Wilson. Eu não consigo assistir um filme com Owen sem me irritar, sério. Vejamos se Woody conseguiu um milagre, mesmo. Se tiver feito isso será meu diretor favorito. HAhahaha

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Esse parece ser um daqueles filmes que o Woody Allen realiza de três em três anos e que realmente tem relevância, a exemplo de “Match Point” e “Vicky Cristina Barcelona”. Curioso para conferir, em especial por causa da Marion Cotillard!

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Belo filme. Palmas para a direção, fotografia e todo o elenco. Já fazia tempo que o Woody não entrega um filme com um roteiro tão bem elaborado. As várias “fases” do filme se encaixam perfeitamente e ele mantém um bom ritmo do início ao fim. Gostei d+

Bjs!

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[…] Actor in a Leading Role: Jean Dujardin, “O Artista” Actor in a Supporting Role: Christopher Plummer, “Toda Forma de Amor” Actress in a Leading Role: Meryl Streep, “A Dama de Ferro” Actress in a Supporting Role: Octavia Spencer, “Histórias Cruzadas” Animated Feature Film: “Rango” Art Direction: Dante Ferretti e Francesca LoSchiavo, “A Invenção de Hugo Cabret” Cinematography: Emmanuel Lubezki, “A Árvore da Vida” Costume Design: Ariane Phillips, “W.E. – O Romance do Século” Directing: Michel Hazanavicius, “O Artista” Documentary (Feature): “Pina” Documentary (Short Subject): “Saving Face” Film Editing: Thelma Schoomaker, “A Invenção de Hugo Cabret” Foreign Language Film: “A Separação”, Irã Makeup: Mark Coulier e J. Roy Helland, “A Dama de Ferro” Music (Original Score): Ludovic Bource, “O Artista” Music (Original Song): “Man or Muppet” (“Os Muppets”) Best Picture: “O Artista” Short Film (Animated): “La Luna” Short Film (Live Action): “The Shore” Sound Editing: “A Invenção de Hugo Cabret” Sound Mixing: “A Invenção de Hugo Cabret” Visual Effects: “Planeta dos Macacos: A Origem” Writing (Adapted Screenplay): Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash, “Os Descendentes” Writing (Original Screenplay): Woody Allen, “Meia-Noite em Paris” […]

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[…] pano de fundo uma das mais belas cidades europeias e que, de uma certa maneira, como a Paris de “Meia-Noite em Paris” (seu penúltimo filme), exala amor, nostalgia e […]

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