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Capitães da Areia

publicado em:14/11/11 10:46 PM por: Kamila Azevedo Cinema

No dia 10 de agosto de 2012, será celebrado o centenário de nascimento do escritor baiano Jorge Amado, um dos autores brasileiros mais traduzidos em todo o mundo de todos os tempos. As festividades, no entanto, já estão começando um ano antes da chegada desta data, com o início do relançamento de livros, a realização de cursos e, principalmente, a estreia de “Capitães da Areia”, filme dirigido por Cecília Amado (que vem a ser neta do escritor) e Guy Gonçalves, e que é uma adaptação do livro que o baiano escreveu em 1937.

A obra retrata a vida de menores abandonados, que viviam num velho trapiche despovoado sob a liderança de Pedro Bala (Jean Luís Amorim), realizando diversos atos de criminalidade nas ruas do Pelourinho, um dos maiores pontos turísticos da cidade de Salvador. Assim como no livro, acompanhamos como estes adolescentes, que não possuem qualquer tipo de referência familiar, vão encontrando maneiras de se sustentarem, de se virarem, de crescerem e de viverem experiências que são bem condizentes com as características pessoais de cada um deles e que refletem, se é que isso é possível, a prioridade de cada um deles naquele exato momento em que os estamos acompanhando.

O filme tem alguns elementos estéticos muito interessantes, como, por exemplo, a fotografia, que valoriza as cores dos ambientes que os jovens membros do grupo “Capitães da Areia” freqüentam, de forma, talvez, a suavizar ou a tornar mais aprazível a dura realidade que eles já viviam. Por vezes, aliás, é importante notar que os dois diretores oferecem até uma visão muito romantizada do estilo de vida dos adolescentes liderados por Pedro Bala.

“Capitães da Areia” tenta fugir da característica de crônica de uma realidade e de personagens com características bem definidas que era tão marcante dos livros de Jorge Amado. O filme, na realidade, tenta não ser duro demais com esses jovens, apresentando-os por um ponto de vista que beira, às vezes, aquele velho conhecido retrato do cinema brasileiro de glamurização da violência e dos rituais típicos de cada cultura. Contribui muito para isso, por exemplo, a trilha sonora onírica composta por Carlinhos Brown, com a participação de vários de seus habituais parceiros, como Arnaldo Antunes.

Um dos maiores acertos da dupla de diretores Cecília Amado e Guy Gonçalves acaba sendo a escolha dos jovens atores que interpretam os membros do grupo “Capitães da Areia”. Não sei se esta foi a primeira experiência deles na atuação, mas a verdade é que todos eles se encaixaram muito bem na pele dos personagens que interpretam. Todos eles possuem aquela dureza no rosto, uma certa descrença na mudança e, principalmente, a malandragem que somente aqueles que precisam se virar pra viver possuem. São neles que devemos ficar de olho durante o filme.

Cotação: 6,0

Capitães da Areia (2011)
Direção: Cecília Amado e Guy Gonçalves
Roteiro: Cecília Amado e Hilton Lacerda (com base no livro de Jorge Amado)
Elenco: Jean Luís Amorim, Ana Graciela, Roberio Lima, Israel Gouveia, Paulo Abade, Marinho Gonçalves, Ana Cecília, Jussilene Santana



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Comentários


não gostei muito desse filme, apesar de achar o elenco juvenil afinado, até pela proposta da oficina q rolou mais de um ano senão me engano, mas a diretora quis meter tds as historias ao mesmo tempo, ficou meio confuso :/ Pena, pq o livro é muito bom.

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Não sou fã dos livros de Jorge Amado, tentei, mas nunca me fascinou…e olhe que sou baiano, poderia me identificar com o universo dele. E esse filme, logo que vi o trailer, me parecia muito amador em tudo. Posso até gostar, mas não tenho vontade, por ora.

beijao

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Cleber, confira, sim!

Celo, eu não gostei do filme, mas gostei do elenco.

Cristiano, eu li pouco do Jorge Amado, e gosto dos livros que tive a oportunidade de ler dele. E o filme não tem nada de amador. Pode até lhe surpreender, neste sentido. Beijo!

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Você foi generosa por causa do Jorge Amado hein Kamila! Achei o filme fraquinho fraquinho. Talvez tenha faltado uma maior experiência na hora de lidar com as muitas histórias. Contudo, a fotografia realmente merece destaque.

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Uma das coisas que você mais gostou no filme foi o que eu mais odiei, o elenco. A diretora não deveria ter arriscado tanto em escolher jovens inexperientes para interpretar personagens tão memoráveis. No mais, gostei muito da fotografia e da trilha sonora.

Beijos.

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João Linno, eu acho que justamente o fato de ela ter corrido o risco com esses atores inexperientes atuou muito a favor do filme dela. Beijos!

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Tenho expectativas deste ser um dos melhores nacionais deste ano. Ainda pretendo assistir.

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Eu fiquei com medo de ver este filme porque acho o livro é maravilhoso e eu sempre acabo me decepcionando, mas eu ainda pretendo ver!

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