Homens e Deuses
Baseado em uma história real, “Homens e Deuses”, filme do diretor Xavier Beauvois, tem uma história que dialoga muito com as situações retratadas em “Uma Cruz à Beira do Abismo”, de Fred Zinnemann. Neste filme, Audrey Hepburn interpreta uma freira que trabalha como enfermeira num país africano e que, num determinado ponto de sua jornada, começa a questionar o seu verdadeiro propósito, entrando em conflito com a sua vida de obediência cega e sacrifício pela vontade de Deus.
Em algum momento de “Homens e Deuses”, veremos também o grupo de oito monges que vive no Mosteiro de Atlas, na Argélia, em perfeita harmonia com a comunidade local, começando a considerar a possibilidade de eles abandonarem a missão que ali estão desempenhando para cuidarem de suas seguranças – especialmente a partir do instante em que um grupo de fundamentalistas islâmicos começa a espalhar o terror pela região. É aquele velho conflito entre o lado pessoal e o da vida que eles escolheram seguir e qual será mais predominante diante do outro.
O filme, aliás, tem um formato muito interessante. Boa parte dele se dedica ao retrato da rotina dos monges, do papel social que eles exercem na região onde se encontram e da importância em si da presença deles ali para a proteção e resguardo da população da localidade – ainda mais em tempos de puro terror. Em seguida, começa a parte crucial de “Homens e Deuses”, que mostra as diferentes mediações que são feitas entre a população, as autoridades locais, os monges e o grupo de fundamentalistas islâmicos para que eles possam saber qual a melhor forma de se posicionar diante de algo que pode acabar se revelando muito perigoso para eles mesmos.
Como um bom filme europeu, “Homens e Deuses” não é dado a arroubos de uma direção sofisticada. O que assistimos em tela é muito simples – apesar de termos algumas cenas bastante poéticas e poderosas, como a que retrata a ceia dos monges ao som do balé “O Lago dos Cisnes”, composto por Tchaikovsky, regado a um bom vinho, um luxo que eles raramente se permitiam, mas o momento tenso pedia. Essa, por exemplo, é uma daquelas cenas que transcende e que muda todo o destino de um filme. É a partir dela que “Homens e Deuses” cresce a um ponto que não consegue te largar mais. Um belo filme.
Cotação: 8,0
Homens e Deuses (Des hommes et des Dieux, 2010)
Direção: Xavier Beauvois
Roteiro: Xavier Beauvois e Etienne Comar
Elenco: Lambert Wilson, Michael Lonsdale, Olivier Rabourdin, Philippe Laudenbach, Jacques Herlin, Loic Pichon, Xavier Maly, Jean-Marie Frin
Coincidência, vi também a pouco tempo e gostei bastante. A cena do Lago dos Cisnes é emocionante mesmo.
Parece uma história interessante, a qual quero conferir em breve. Gosto de debates acerca desse assunto, da relação homem x entidade divina, acho interessantíssimo e, se bem utilizado, pode render algo que me entretém bastante.
Amanda, a cena do Lago dos Cisnes é linda demais.
Luís, a história é muito inreressante. Eu também gosto de histórias assim, que fazem um debate entre o lado espiritual e o pessoal. E este filme trabalha muito bem essa dualidade.
comprei esse filme rescentemente, irei conferir logo menos e volto pra comentar.
Cleber, volte, sim! Fico no aguardo do seu comentário.
Também gostei do formato do filme que você descreveu… essa cena do vinho + lago dos cisnes é o grande momento mesmo! Mas não posso dizer que morri de amores pelo o que vi… achei que faltou algo, só não sei o quê…
Dei nota 7 pra ele.
Bruno, eu entendo essa sua sensação de que falta algo ao filme, que eu também não sei explicar o que é. Acho que é o ritmo lento da narrativa…
Como boa fã de vinho, paz, música e cinema… MINHA CENA FAVORITA. Nem imagina como agradeço este link que você colocou aqui =) Of Gods and Men – Swan Lake Scene – The last supper
Maria Luísa, essa é a melhor cena do filme, sem dúvida. 🙂