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O Pacto

publicado em:23/03/12 11:14 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Sim, não vivemos em um mundo fácil. A sensação que temos é a de que não estamos seguros nem mesmo na nossa própria casa. Atos de violência passaram a se tornar algo comum e o pior é que a maioria das pessoas nem reage mais com indignação a situações desse tipo. Estamos conformados e anestesiados, incrédulos no sistema policial e judiciário. O filme “O Pacto”, do diretor Roger Donaldson, retrata justamente uma situação em que temos um grupo de pessoas que se recusa a viver dentro de uma atmosfera de conformismo e toma ações efetivas para modificar um pouco o mundo em que estamos inseridos, de forma a tentar deixar um lugar um pouquinho melhor para os seus descendentes viverem.

O professor Will Gerard (Nicolas Cage) vive uma vida aparentemente normal, tranquila e feliz ao lado da esposa Laura (January Jones, conhecida pelo seriado “Mad Men”). Quando “O Pacto” começa, ao vermos esse casal comemorando mais um aniversário juntos, temos aquela sensação de que eles têm tudo pela frente, muito ainda a viver e a conquistarem na relação deles. O presente harmonioso de Will e Laura é ameaçado quando, após sair do ensaio da orquestra onde toca, Laura é abordada por um homem que a abusa física e sexualmente, fato que tira Will de seu chão.

Quando Simon (Guy Pierce), um personagem bastante misterioso, entra em cena, “O Pacto” entra na sua storyline principal, uma vez que Simon é o líder de um grupo de justiceiros, que não são profissionais, mas que são pessoas comuns que foram atingidas direta ou indiretamente por atos de violência e perderam completamente as suas crenças no sistema policial e judiciário que procura e condena esses meliantes. Os argumentos que Simon usa para convencer Will a entrar num jogo de vingança pessoal contra aquele que cometeu o crime contra sua esposa são muito fortes e o estado psicológico de Will, naquele momento em particular, justifica o por quê de ele ter aceito a proposta feita por Simon. Não existe espaço para julgamentos e lições de moral aqui.

Histórias de justiceiros pessoais já foram contadas diversas vezes no cinema. O mais famoso deles, talvez, seja Paul Kersey, que Charles Bronson interpretou na série “Desejo de Matar”. Mais recentemente, tivemos Jodie Foster em uma situação parecida no filme “Valente”, de Neil Jordan. O que “O Pacto” acrescenta de diferente nesse clichê cinematográfico é que vai chegar o momento em que Simon cobrará o “favor” que fez para Will de volta e é aqui que o filme acaba transformando novamente a sua trama ao passar a ser um longa em que Will entra numa jornada de correr contra o tempo para provar sua inocência na morte de um jornalista que estava investigando o grupo liderado por Simon.

Roger Donaldson é um dos diretores mais experientes no gênero de ação. Por causa disso mesmo, “O Pacto” tem um ritmo muito ágil e, apesar dos muitos pontos de transição no roteiro escrito por Todd Hickey e Robert Tannen, a atenção da plateia é mantida até a sua cena final. Apesar disso, nem a direção segura de Donaldson esconde o grande problema deste longa que é, justamente, o roteiro. “O Pacto” começa como um filme, depois se torna outro, posteriormente se transforma em outro e, quando chega a cena final, a impressão que a obra nos deixa é a de que nós rodamos, rodamos, rodamos e rodamos e acabamos terminando no mesmo lugar, uma vez que a jornada de Will termina do mesmo jeito que tinha ficado a partir da última mudança de foco do roteiro.

Cotação: 3,5

O Pacto (Seeking Justice, 2011)
Direção: Roger Donaldson
Roteiro: Todd Hickey e Robert Tannen (com base na história de Robert Tannen)
Elenco: Nicolas Cage, January Jones, Guy Pierce, Jennifer Carpenter, Harold Perrineau, Xander Berkeley



A última modificação foi feita em:março 30th, 2012 as 1:27 am


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Comentários


Bom, estou em greve quando se fala de Nicolas Cage, hehe. Enquanto não tiver um filme dele com boas críticas, vou deixando passar. ;p

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Raspante, tadinho do Nicolas Cage, gente! rsrsrsrsrs Mas, eu entendo: a fase NÃO anda boa! rsrsrs

Luís, totalmente. Puro território minado.

Amanda, faz bem! Mas, olha, eu AINDA acredito nele! rsrsrs

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