Detona Ralph
A animação “Detona Ralph”, do diretor Rich Moore, bebe muito na fonte de “Toy Story”, série cinematográfica dirigida por John Lasseter, na medida em que ambos são protagonizados por personagens inanimadas que ganham vida após os fliperamas fecharem e seus donos irem dormir, respectivamente. Os dois longas também possuem outros elementos em comum, notadamente o fato de que as narrativas se apoiam nos laços de amizade, de companheirismo e de compaixão que nascem entre essas personagens.
Entretanto, “Detona Ralph” não fala sobre aventuras vividas após o apagar da luzes. O roteiro escrito por Phil Johnston e Jennifer Lee está centrado em um vilão chamado Ralph (dublado por John C. Reilly na versão original), que está em crise consigo mesmo e, principalmente, com o papel que ele tem que desempenhar. Ralph se ressente do preço que paga por ser o vilão de um jogo de videogame. Ele não quer mais ser solitário e sem amigos. Ele quer ser mais do que já é. Por isso mesmo, a jornada da personagem, no filme, é em busca de si mesmo – ou da aceitação daquilo que ele é de verdade. Neste sentido, é muito importante o relacionamento que ele desenvolve com Vanellope von Schweetz (dublada por Sarah Silverman na versão original), que, assim como Ralph, também é excluída e solitária.
Uma das tendências recentes do cinema foi o surgimento de filmes cujos vilões ganhavam um caráter humanizado, como “Monster – Desejo Assassino”, da diretora Patty Jenkins. No gênero de animação, “Detona Ralph” faz um contorno peculiar desse desejo de mostrar personagens considerados maus como gente comum. Até porque a personagem título do filme não é um típico vilão. Só o fato de ele querer ser diferente do que é já é uma prova disso. Entretanto, e aqui está um dos pontos mais legais de “Detona Ralph”, o que a animação nos mostra é que nós podemos ser pessoas melhores ao aceitarmos – e abraçarmos – aquilo que somos, sem nos descaracterizarmos de uma forma completa.
Indicado ao Oscar 2013 de Melhor Animação e vencedor do prêmio de Melhor Filme de 2012 no gênero, no Annie Awards, “Detona Ralph” chama a atenção por ser um filme honesto, sensível e cativante. De muitas maneiras, este é um longa que fala sobre uma busca, não só pela identidade, como também, e principalmente, pela felicidade. Ralph não é um anti-herói. É somente alguém que aprende, por meio de uma grande aventura, que faz o melhor que é capaz, sendo aquilo que ele é de verdade. E é justamente esse o verdadeiro caminho rumo à aceitação e à felicidade.
Indicação ao Oscar 2013
Melhor Filme de Animação
Florzinha, nem gosto tanto de Filme de animação infantil, mas com o seu comentário digo que fiquei curioso para ver o filme.
Eu achei sensacional. Me encantou mesmo. Uma história construída de maneira inteligente sem se mostrar uma cópia de “Toy Story”
Beijos
Gostei da sua avaliação do filme Ka. Acho que a animação vem trabalhando muito bem essa relativização do vilão. Repare em filmes como Meu malvado favorito e Megamind. até o próprio Shrek, né? É um genêro, e não mais um formato, que vem enfileirando reflexões muito interessantes…
bjs
Mô, eu sei que você naão gosta de filme de animação infantil, mas esse é uma excelente pedida, para crianças e adultos, com uma mensagem pra lá de positiva. Beijo!
Brenno, também gostei muito, mas não chamaria o filme de sensacional. Fiquei encantada e cativada pela história.
Reinaldo, obrigada! Me lembrei de “Megamente” escrevendo esse texto, mas não encontrei muitos paralelos entre esses dois filmes, a não ser o fato de que eles são animações que humanizam, de uma certa maneira, personagens considerados vilões.
Ótimo trabalho, vale para todos os públicos,
mesmo com uma corrida doce carregada de glicose.
Herculano, também achei um ótimo filme. Deve ser favorito ao Oscar, tendo em vista a ausência do melhor filme do gênero, em 2013: “A Origem dos Guardiões”.
Gosto do filme, mas está longe de ser uma das animações que mais me cativou. A jornada de Ralph é mesmo interessante, sua busca por aceitação, a forma como ele se redescobre. Mas, acho que exagera no tom, principalmente por ficar muito tempo na corrida doce.
Amanda, também gostei desse filme, mas minha animação favorita de 2012 foi “A Origem dos Guardiões”, que nem indicada ao Oscar foi. Discordo que o filme exagere no tom e eu adorei a corrida doce.
Ainda não tive oportunidade de assistir, mas não sou chegado a esse tipo de animação. No entanto, esse lance de brincar com games antigos me atrai. Abração.
Celo, eu adoro animações e esse filme é muito bom. O lance de brincar com games antigos só dá um charme a mais a “Detona Ralph”.
Me diverti pra caramba no cinema vendo esse filme, mas acho que a maior parte da graça ficou para os adultos nostálgicos do que para as crianças da geração atual. Estou na torcida por esse filme na categoria em que concorre ao Oscar! Mas será que 7.3 não foi muito baixo, hein Kamila?
Elloa, também me diverti muito assistindo ao filme. Também estou na torcida por esse filme no Oscar 2013 de Animação, especialmente por causa da ausência de “A Origem dos Guardiões”. E a nota não foi baixa… Pelo menos, não para mim.
Eu adorei o filme! Apesar de um história relativamente simples e, como você disse, que remete a um Q de Toy Story, me veio uma nostalgia incrível, que não tive como não me emocionar.
Victor, não fiquei emocionada com “Detona Ralph”, mas gostei do tom nostálgico do filme e acho que a animação acaba comovendo mais pelo relato de uma história de alguém que passa a se sentir confortável com aquilo que ele é de verdade. Essa é uma mensagem bonita.