>Munique (Munich, 2005)
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De quatro em quatro anos, atletas do mundo todo se reúnem para participar dos Jogos Olímpicos. Durante a competição, os países colocam as suas divergências de lado e entram em um espírito único de paz e de fraternidade. Mas, no dia 05 de Setembro de 1972, em meio aos Jogos Olímpicos de Munique (Alemanha), a paz foi quebrada quando terroristas do grupo palestino Setembro Negro anunciaram o seqüestro de onze atletas israelenses. Os terroristas só iriam libertar os atletas quando Israel liberasse duas centenas de prisioneiros árabes. Exigência não atendida, o saldo final foi a morte dos onze esportistas.
Os primeiros vinte minutos de “Munique”, novo filme do diretor Steven Spielberg, retratam como a ação dos terroristas palestinos aconteceu – na maior parte das cenas, vemos o seqüestro ser retratado pelas emissoras de TV, num paralelo muito interessante com o mundo atual, em que os conflitos entre as nações são mostrados minuto a minuto pelas câmeras de TV. Mas, o grande objetivo de “Munique” não é dissecar o seqüestro dos atletas israelenses, e sim mostrar aquilo que aconteceu depois do ato terrorista.
É desta maneira que ficamos conhecendo a história de um esquadrão formado por agentes do Mossad, o serviço secreto israelense, designado para perseguir e matar os onze palestinos suspeitos de terem planejado o seqüestro dos atletas israelenses no Jogos Olímpicos de 1972. Com esta operação, a primeira-ministra israelense Golda Meir queria mostrar que, atacar os israelenses, podia custar muito caro.
Para liderar o esquadrão, Golda Meir destacou Avner Kaufman (o ator australiano Eric Bana, numa excelente performance), um ex-guarda-costas seu e o filho de um herói de guerra israelense – o qual terá ao seu lado, na difícil missão, quatro homens (Daniel Craig, Ciaran Hinds, Mathieu Kassovitz e Hanns Zichler) especialistas em cada uma das áreas que são necessárias para a execução do plano idealizado pelo governo de Israel.
“Munique” é um filme muito lento e que privilegia o pleno desenvolvimento de sua história. É justamente o roteiro escrito por Tony Kushner (o aclamado dramaturgo de “Angels of America”) e Eric Roth a grande estrela de “Munique” – ofuscando até mesmo o eficiente elenco e a ótima direção de Steven Spielberg. O filme consegue uma proeza: ser totalmente imparcial, pois dá voz a todos os lados da história ao mostrar que todos eles têm fortes razões para realizar atos que, para a maioria das pessoas, parecem incompreensíveis.
No entanto, “Munique” é uma grande peça de transformação e de reflexão; e a grande prova de que Steven Spielberg não é mais aquele diretor que acredita em um mundo colorido e cheio de fantasias. Não é que o diretor tenha virado um pessimista. Ele só está mais realista e consciente de que, infelizmente, a situação do mundo só tende a piorar. Avner, seus companheiros de missão e nós da platéia, ao vivenciarmos os acontecimentos retratados em “Munique”, também chegaremos à mesma conclusão.
Crédito da Foto: Yahoo! Cinema
[…] um Steven Spielberg na sua melhor forma – repetindo, em muito, os elementos que fizeram de Munique (filme que ele mesmo dirigiu em 2005) uma grande obra. Merecia até mais reconhecimento do Oscar […]