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>A Dama na Água (Lady in the Water, 2006)

publicado em:2/09/06 6:04 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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A estréia como diretor e roteirista do indo-americano M. Night Shyamalan foi arrebatadora. “O Sexto Sentido” é um filme que possui uma trama inteligente e que pegava o espectador desprevenido – tendo em vista que ninguém esperava que o filme terminasse daquela maneira. O resultado foi que Shyamalan virou um grande nome da noite para o dia – e seus filmes seguintes estrearam rodeados por um espectro de curiosidade e expectativa.

“Corpo Fechado” – um favorito da crítica – e “Sinais” tiveram uma boa bilheteria, mas não tiveram metade do impacto que “O Sexto Sentido” teve. Já “A Vila”, foi um filme que teve a compreensão da crítica, mas foi odiado pelo público, que não viu graça nenhuma em acompanhar um filme de suspense cujo maior segredo é revelado no meio da trama. Teria M. Night Shyamalan perdido a mão ou se tornado um cineasta incompreendido? A pré-produção de “A Dama na Água” só veio colocar mais lenha na fogueira – afinal, em decorrência de diferenças criativas, o diretor e roteirista encerrou uma parceria de longos anos com os estúdios Disney e migrou para a Warner Bros.

O roteiro de “A Dama na Água” foi sendo construído por M. Night Shyamalan na medida em que ele contava histórias de ninar para seus filhos dormirem. Essa influência está bastante explicitada no prólogo do filme, quando o diretor e roteirista usa gravuras para retratar a relação do homem com a água – no início, a água servia como uma espécie de guia para os humanos. Com o tempo, estes quiseram ir morar em locais cada vez mais longe das águas, por isso o mundo entrou em parafuso e os homens se voltaram uns contra os outros.

De acordo com M. Night Shyamalan, um anjo das águas visita os homens de vez em quando para passar uma mensagem para eles, de forma que o curso da humanidade seja modificado. É isso o que irá acontecer com Cleveland Heep (Paul Giamatti), zelador de um prédio na Filadélfia em que moram tipos estranhos. Heep sabe de tudo sobre os outros, os quais, por sua vez, pouco sabem sobre a vida dele. Quando Cleveland começa a notar uma movimentação estranha na piscina do prédio durante a noite, ele descobre a criatura narf Story (Bryce Dallas Howard, atriz revelada pelo diretor e roteirista no filme “A Vila”). Ela veio para a terra para deixar uma mensagem para o escritor (o próprio Shyamalan) de um livro sobre os problemas culturais do mundo. Depois que a mensagem é transmitida, todos no prédio têm que se unir para ajudar Story a voltar para o seu Mundo Azul.

“A Dama na Água” retoma um tema recorrente na filmografia de M. Night Shyamalan. Assim como os personagens de seus outros filmes, Cleveland Heep e os moradores do prédio no qual ele trabalha buscam algo em que acreditar. O filme faz referência aos Estados Unidos de hoje – um país envolvido em uma guerra interminável – e mostra através de suas ações que as pessoas têm a possibilidade de mudar o curso dos acontecimentos, pois elas nunca estão sozinhas – numa cena que é uma das passagens mais lindas de “A Dama na Água”.

O filme ainda faz referências à relação complicada que se estabeleceu entre M. Night Shyamalan e os críticos (o ator Bob Balaban, inclusive, interpreta um crítico de cinema, que é uma espécie de narrador interno do filme e antecipa alguns acontecimentos; para, depois, ser desmentido pelo roteiro criado por Shyamalan). É como se o diretor e roteirista quisesse dizer a todos que ele é o dono de sua carreira e que ele controla aquilo que faz. “A Dama na Água” é um filme complicado – talvez o pior da carreira de Shyamalan – e, tenho certeza, que será incompreendido por muitos – fato que não impede que outros considerem este filme como uma obra-prima; neste caso, se isso for verdade, o tempo se encarregará de colocá-lo em seu devido lugar.

Cotação: 5,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies



Jornalista e Publicitária


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