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>Dália Negra (The Black Dahlia, 2006)

publicado em:7/10/06 7:59 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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Um dos gêneros clássicos da idade de ouro de Hollywood foi o noir – que alcançou o seu ápice nos anos 40, com filmes como “A Relíquia Macabra”, de John Huston; e cuja figura marcante do ator Humphrey Bogart serviu como a face oficial dos detetives que tinham a ambigüidade como princípio maior de vida e de carreira. O filme “Dália Negra”, do diretor Brian de Palma, tenta recriar o universo desses filmes usando como base o livro de James Ellroy (autor de outro noir recente, “Los Angeles Cidade Proibida”, de Curtis Hanson).

O trailer de “Dália Negra” vendeu o filme como sendo o relato da história da investigação do assassinato de Elizabeth Short (Mia Kirshner, do seriado “The L Word”, que vai ao ar no Brasil pela Warner Channel), uma das muitas aspirantes à estrela que viviam em Hollywood. Na época em que o crime ocorreu, o caso mexeu com a imprensa e causou comoção popular. No entanto, “Dália Negra” se prende mais aos efeitos da investigação deste crime na vida de dois detetives de homicídios.

O mais velho deles, Lee Blanchard (Aaron Eckhart), ou Mr. Fire (a sua alcunha nos ringues de boxe), é um sujeito passional, que não hesitará em fazer o que for necessário para conseguir o que quer e cumprir o seu papel – seja como boxeador, detetive ou marido. O mais novo deles, Dwight “Bucky” Bleichert (Josh Hartnett), ou Mr. Ice (o apelido que ele usava nos ringues de boxe), é um cara mais racional e analítico, do tipo que mede bem os seus passos antes de agir.

“Dália Negra” retrata todo o conflito que vai existir entre eles dois no decorrer da investigação do assassinato de Elizabeth Short. O conflito deles irá ultrapassar os limites do ringue (os dois irão lutar para conseguir mais benefícios para os policiais) e chegará até o trabalho deles e, mais tarde, vai abranger também o lado pessoal, quando os dois começarão a brigar pela atenção – e pelo amor – de uma mesma mulher, Kay Lake (Scarlett Johansson).

Lee e Bucky serão, portanto, os veículos perfeitos para que a platéia possa perceber todos os conflitos clássicos dos filmes noir: a lei X o arbítrio, a inocência X a corrupção, o mundo selvagem X o mundo primitivo. Todos os personagens de “Dália Negra” têm características ambíguas e podem ser bons ou maus, mocinhos ou vilões (às vezes eles são tudo isso ao mesmo tempo). No final, um deles tem que tomar iniciativa e sair de sua passividade – e é essa a grande transformação que a investigação do assassinato de Elizabeth Short vai trazer para um dos detetives.

“Dália Negra” é um filme muito bom do ponto de vista estético. A fotografia de Vilmos Zsigmond é boa (o filme não é em preto e branco, como a maioria dos clássicos noir, mas consegue criar – com a ajuda da trilha de Mark Isham – um acentuado clima de suspense). A direção de arte (o design da produção ficou a cargo de Dante Ferretti, o colaborador habitual de Martin Scorsese) e os figurinos de Jenny Beavan reconstroem com perfeição uma época. O único problema de “Dália Negra” é o roteiro de Josh Friedman. Algumas cenas do filme eram dispensáveis e acabam prejudicando o andamento da película – o que deixa a impressão, em certos momentos, de que “Dália Negra” é um filme lento.

Cotação: 6,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies



Jornalista e Publicitária


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