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>Um Cara Quase Perfeito (Man About Town, 2006)

publicado em:21/10/06 7:44 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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Jack Giamoro (Ben Affleck, numa boa performance) – o protagonista do filme “Um Cara Quase Perfeito”, do ator, diretor e roteirista Mike Binder – tem uma postura bastante reservada. Ele procura evitar qualquer tipo de artifício que o faça revelar seus segredos ou confrontar sua vida e relacionamentos. Portanto, dá para se ter uma idéia do quão difícil deve ter sido para ele decidir participar de um curso de autoconhecimento, ministrado pelo professor Dr. Primkin (John Cleese), um senhor de atitude rude e de economia com as palavras.

A atividade principal que o Dr. Primkin propõe aos seus alunos é a seguinte: cada um deles deve escrever um diário. A cada semana, o grau de dificuldade dessa tarefa vai aumentando, pois o professor espera que seus alunos vão retirando camada por camada até descobrirem a sua real essência – aquilo que escondemos por trás de tudo que fomos acumulando no decorrer de nossa vida.

Analisando por este ponto de vista, podemos dizer que Jack é um homem formado por facetas distintas. Ele foi uma criança e um jovem que teve negado o direito a qualquer tipo de amor – com exceção daquele que ele recebia de sua mãe. Como adulto, Jack se dividiu entre duas personas: a persistente, viva e ativa do trabalho como agente de talentos especializado em administrar as carreiras de roteiristas; e a apática, distante e sem vida que estava presente nos relacionamentos que Jack estabelecia com a sua esposa Nina (Rebecca Romijn) e com o pai doente (Howard Hesseman).

É justamente ao desempenhar a tarefa que lhe foi proposta no curso de autoconhecimento que Jack fará uma grande descoberta a respeito de si mesmo. Nada do que ele fez ou conquistou lhe trouxe felicidade. Ele vai descobrir isso da pior maneira, quando começará a ser chantageado por Barbi Ling (Ling Bai), uma aspirante à roteirista, e seu namorado Jimmy Dooley (Samuel Ball), um aspirante a ator, que tiveram a sua grande chance negada por Jack; e quando Nina revela ao marido que estava tendo um caso com um de seus clientes, Phil Balow (Adam Goldberg).

Para quem estreou num filme de tom ácido e sarcástico sobre a vida familiar nos subúrbios norte-americanos (o ótimo “A Outra Face da Raiva”, com Joan Allen, Kevin Costner e grande elenco), “Um Cara Quase Perfeito” é uma nítida mudança de ares. Não é que o filme não tenha momentos engraçados (eles existem, principalmente depois que Jack sofre um ataque), mas o seu tema principal é a autodescoberta de Jack. Pena que, em alguns momentos de “Um Cara Quase Perfeito”, Mike Binder deixa o filme perder o seu foco e dispersa a atenção da platéia. O mais interessante, então, é prestar uma atenção especial naquilo que Jack aprende: não importa o tamanho do sucesso, do reconhecimento e do dinheiro que você tenha, sempre existe algo novo a aprender. Quer coisa mais batida e sincera do que isso?

Cotação: 5,5

Crédito Foto: Yahoo! Cinema



Jornalista e Publicitária


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