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>Batismo de Sangue (2006)

publicado em:20/09/07 5:51 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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O filme “Batismo de Sangue”, do diretor Helvécio Ratton, se passa no final dos anos 60, quando a esquerda brasileira mudou de atitude em relação à ditadura militar. Eles aprenderam que as palavras e as imagens não eram suficientes para bater o regime, e viram que somente com a luta armada eles poderiam ser escutados e fazer com que a situação mudasse de figura. Baseado no livro homônimo de Frei Betto, “Batismo de Sangue” conta a história real de como quatro freis dominicanos – interpretados por Caio Blat, Daniel de Oliveira, Léo Quintão e Odilon Esteves – participaram da resistência contra a ditadura militar brasileira.

O roteiro do filme, que foi escrito pelo diretor Helvécio Ratton e por Dani Patarra, coloca o foco no frei Tito (Blat, ótimo), que junto com os amigos Betto (Oliveira), Fernando (Quintão) e Ivo (Esteves) passam a usar a independência do convento dos frades dominicanos (uma das poucas instituições a não ser controlada pelos militares) para apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella (Marku Ribas).

Assim como acontecia com todos aqueles que se envolviam com a luta armada, as atividades dos quatro freis dominicanos começam a ser monitoradas pelos órgãos de controle do regime. É nesse momento que a trama de “Batismo de Sangue” se divide em dois eixos: um que acompanha a prisão de Fernando e Ivo e o outro que acompanha Betto no seu papel de ser o atravessador dos envolvidos na luta armada pela fronteira que dividia o Brasil com outros países, como o Uruguai.

“Batismo de Sangue” entra no seu melhor momento quando os quatro amigos se encontram juntos – e presos – nas “delegacias” do regime. Sofrendo horrores com as torturas impostas pelo Papa (Cássio Gabus Mendes, excelente), os amigos vêem os seus ideais cristãos – bem como a amizade e a união existente entre eles – cada vez mais fortes. O viés interessante, neste sentido, é que, enquanto Betto, Fernando e Ivo acreditam piamente que a prisão não tira a liberdade deles; Tito se mostra muito mais frágil emocionalmente e quando é obrigado a viver em exílio na França, se sente numa prisão ainda maior – e dominada pelas péssimas lembranças dos tempos de tortura.

Helvécio Ratton, com “Batismo de Sangue”, realiza um filme muito bom e que tem como ponto forte o retrato cruel das cenas de tortura sofridas por Tito, Ivo e Fernando – as quais chegam a chocar até demais pela realidade com que foram filmadas. Além disso, o filme serve como um documento bem interessante da história do Brasil. Mesmo se passando no final dos anos 60, em uma realidade completamente diferente da que vivemos atualmente, “Batismo de Sangue” revela que os conflitos brasileiros são os mesmos de sempre: existe esse senso de que se tem uma luta constante pelo povo, quando, na realidade, o povo está pouco se lixando para o que está acontecendo.

Cotação: 9,5

Batismo de Sangue (Batismo de Sangue, Brasil, 2006)
Diretor(es):
Helvecio Ratton
Roteirista(s): Dani Patarra, Helvecio Ratton
Elenco: Kassia Lumi Abe, Marco Amaral, Júlio Andrade, Ângelo Antônio, José Carlos Aragão, André Arteche, Luiz Arthur, Leonardo Bertollini, Caio Blat, Bya Braga, Rômulo Braga, Léo Brasil, Marcus Brina, Raquel Campolina, Marcelo Campos



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