logo

>A Pele (Fur – An Imaginary Portrait of Diane Arbus, 2006)

publicado em:19/10/07 6:28 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

>

Quando encontramos Diane Arbus (Nicole Kidman), na primeira cena de “A Pele”, do diretor Steven Shainberg, ela está a caminho de um campo de nudismo, local que seria o objeto principal de sua próxima série de fotografias. Os adeptos do naturalismo foram somente um dos personagens da obra de Arbus. Ela também entrou em contato com anões, pessoas com sérios distúrbios mentais, homens que se travestiam de mulher; bem como retratou elementos rotineiros, como uma decoração de Natal e um jovem em plena passeata pró-Guerra do Vietnã, entre tantos outros.

Todos estes personagens, de uma certa maneira, estão representados pela figura de Lionel Sweeney (Robert Downey Jr.), o vizinho de Diane Arbus, e pessoa que – de acordo com o roteiro de Erin Cressida Wilson, tendo como base o livro de Patricia Bosworth – marcará a grande virada na vida de Arbus: o momento em que ela deixa de ser a assistente de seu marido Allan (Ty Burrell) no estúdio fotográfico familiar que eles mantinham, e vai procurar escutar a sua própria voz, fazendo as suas próprias fotografias.

“A Pele” não é uma biografia convencional, ou seja, não retrata a vida de Diane Arbus pela ótica de seu ambiente familiar (do contato com os pais ricos e donos de uma loja que vendia casaco de peles e roupas femininas; ou do relacionamento estabelecido com o marido Allan e as duas filhas Grace e Sophie), de seu sucesso profissional (a obra de Arbus foi marcada pelo interesse no indivíduo, pela vontade de trocar experiências e de se conectar com outros seres) e de seu trágico fim (ela cometeu suicídio em 1971, aos 48 anos). O objetivo de Erin Cressida Wilson e do diretor Steven Shainberg é fazer um retrato imaginário do momento em que Diane Arbus assumiu o seu gosto pelos indivíduos que viviam às margens da sociedade e que ofereciam um retrato bem mais interessante do que o mundo da cultura de consumo e das necessidades materiais, de riqueza e de luxo (leia-se o mundo em que ela mesma vivia e que era difundido pelas fotografias de seu marido). Neste sentido, o ponto forte do filme se encontra no tipo de troca que Diane estabelece com Lionel e seu estranho grupo de amigos.

É através do relacionamento entre Lionel e Diane que vemos também um dos elementos principais da personalidade da Diane fotógrafa e da Diane mulher. Ela não criava um ambiente para as suas fotografias. Arbus ia onde a foto estava e abordava seus personagens em bares, clubes e ruas. Diane se interessava pelas histórias de vida daqueles a quem ela fotografava. Ela conversava com eles, os deixava completamente à vontade; para, só depois, flagrá-los naquilo que os teóricos chamam de momento decisivo para se fazer a fotografia. Assim como acontecia com a obra de Diane Arbus, com “A Pele”, o diretor Steven Shainberg faz um filme muito interessante do ponto de vista visual (aqui, podemos destacar também o ótimo trabalho do diretor de fotografia Bill Pope, do diretor de arte Nick Ralbovsky e do figurinista Mark Bridges) e que mostra uma visão de mundo diferente e nada imaginária. Ela é totalmente verdadeira com o seu personagem principal.

Cotação: 7,5

A Pele (Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus, EUA, 2006)
Diretor(es):
Steven Shainberg
Roteirista(s): Erin Cressida Wilson
Elenco: Nicole Kidman, Robert Downey Jr, Ty Burrell, Harris Yulin, Jane Alexander (1), Emmy Clarke, Genevieve McCarthy, Boris McGiver, Marceline Hugot, Mary Duffy, Emily Bergl, Lynne Marie Stetson, Gwendolyn Bucci, Christina Rouner, Matt Servitto



Jornalista e Publicitária


Comentários



Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.