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>2:37 (2006)

publicado em:28/11/07 9:03 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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O brilhante – e prematuramente cancelado – seriado “Once and Again”, que foi criado por Marshall Herskovitz (do filme “Em Luta Pelo Amor”) e por Edward Zwick (dos filmes “Tempo de Glória”, “Lendas da Paixão”, “O Último Samurai”, “Diamante de Sangue”, dentre outros), marcou época na televisão não só por sua qualidade, como também pelo uso de um recurso narrativo bem interessante. Na medida em que assistíamos ao casal Rick Sammler (Bill Campbell) e Lily Manning (a fantástica Sela Ward) tentando iniciar uma vida a dois com toda a bagagem de um casamento anterior – os filhos e ex-cônjuges eram presença permanente na vida dos dois –, víamos estes mesmos personagens encarando a câmera de uma forma diferente: eles analisavam os acontecimentos de sua vida para um interlocutor (aparentemente nós da platéia) repensando erros e acertos e pesando o quanto tudo isso havia sido fundamental para a formação da própria personalidade deles.

Já o filme “Elefante”, do diretor Gus Van Sant, percorre um caminho bem diferente no que diz respeito ao estilo narrativo. Numa recriação ficcional da tragédia que aconteceu numa escola de Columbine, acompanhamos a rotina separada de alunos de um colégio de segundo grau dos Estados Unidos, sem que eles saibam que dois colegas tramam uma chacina que irá abalar o local.

Mas, você deve estar pensando: o que estas duas obras têm a ver com o filme australiano “2:37”, do diretor e roteirista Murali K. Thalluri? A resposta é: muito. Para contar a história de adolescentes que estudam em uma escola secundarista do sul da Austrália, Thalluri usa justamente o recurso de separar segmentos em que cada estudante é um protagonista, ao mesmo tempo em que coloca estes alunos dando a cara para bater em depoimentos que nos ajudam a entender a personalidade de cada um deles.

Melody (Teresa Palmer, numa excelente atuação), Marcus (Frank Sweet), Luke (Sam Harris), Steven (Charles Baird), Sean (Joel MacKenzie), Sarah (Marni Spillane) e Kelly (Clementine Mellor) são os estudantes cuja rotina acompanharemos. Às 2:37, um (a) aluno (a) – cuja identidade não saberemos até o final – comete suicídio. É este acontecimento que nos permite conhecer o lado sombrio da vida de cada um deles. Relações amorosas, uso de drogas, abuso sexual, negligência familiar, incesto, doenças e humilhações são somente alguns dos temas com os quais seremos confrontados nos 91 minutos de duração do filme.

Baseado em uma experiência pessoal do próprio diretor e roteirista Murali K. Thalluri, “2:37” é o primeiro filme que ele fez e uma grande mostra do potencial que ele tem. Apesar dos assuntos pesados com os quais somos defrontados no decorrer do filme, tudo é abordado com muita sensibilidade e verdade. “2:37” é um filme que mostra como a imersão em nossos próprios problemas nos deixam invisíveis a tudo aquilo que está ao nosso redor. O desfecho chocante e comovente só constata que tudo parece ser tão pequeno diante de experiências que ajudam a definir aquilo o que somos.

Cotação: 9,8

2:37 (2:37, Austrália, 2006)
Diretor(es): Murali K. Thalluri
Roteirista(s): Murali K. Thalluri
Elenco: Teresa Palmer, Joel Mackenzie, Frank Sweet, Clementine Mellor, Charles Baird, Sam Harris, Marni Spillane, Sarah Hudson, Chris Olver, Xavier Samuel, Gary Sweet, Daniel Whyte, Irena Dangov, Olivia Furlong, Michael Griffin



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