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>Lendo – "A Tenda Vermelha"

publicado em:13/01/08 9:23 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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“O Egito apreciava o Lótus porque sua flor nunca morre. Também é assim com as pessoas que são amadas. Basta algo insignificante como um som, um nome – duas sílabas, uma alta, a outra suave – para trazer de volta os incontáveis sorrisos e lágrimas, suspiros e sonhos de uma vida humana” (p. 377)

A Bíblia, talvez, é o livro mais importante – e lido – da história da humanidade. Um relato de acontecimentos vividos e testemunhados pelos homens. Com exceção dos pedaços marcantes vivenciados por Maria, Maria Madalena e Eva, suas passagens são todas protagonizadas por pessoas do sexo masculino. O livro “A Tenda Vermelha”, de Anita Diamant, faz um retrato ficcional da vida das mulheres de Jacó – o filho de Rebeca e Isaac, neto de Abraão e Sara –, que, com os doze filhos, foi personagem principal de capítulos do Livro do Gênese.

Se, aos meninos, cabia a responsabilidade de aprender com seus pais o valor do trabalho braçal e de sentimentos como honra e respeito; as garotas aprendiam com as mulheres da família a serem as guardiãs dos segredos e dos acontecimentos marcantes da história do clã. E é justamente a única filha de Jacó, Dinah, a narradora de “A Tenda Vermelha” – o título do livro se refere ao local aonde as mulheres se reuniam num determinado período do mês para celebrarem a sua maturidade e a capacidade de fertilidade –, um livro que segue toda uma geração de mulheres da casa do patriarca Jacó.

A história criada por Anita Diamant é dividida em dois atos. No primeiro, acompanhamos as “mães” de Dinah: Lia, Raquel, Zilpah e Bilah. As quatro esposas de Jacó amam a filha profundamente e a escolhem como sucessora, como aquela que vai guardar para sempre seus ensinamentos, sua devoção à família e, principalmente, o amor que possuíam uns pelos outros – independente das diferenças existentes entre eles.

No segundo ato, acompanhamos a jornada solitária de Dinah no Egito, quando ela, já uma mulher adulta, viúva e com um filho para criar, tem que encarar o legado marcado pela conquista, rivalidade, dor, sofrimento, amor e medo que sua família deixou de forma que ela possa vislumbrar um futuro feliz para si própria.

“A Tenda Vermelha” é um livro que vai melhorando na medida em que a leitura progride. Por se tratar de um relato de histórias de mulheres em diferentes gerações, a prosa de Anita Diamant se revela um tanto irregular. As melhores partes do livro acontecem quando encontramos Dinah já amadurecida, chegando perto do final de sua vida. São nesses momentos que a mensagem do livro (o qual é um grande tributo à força, à sensibilidade e ao sacrifício impostos às mulheres) ganha um significado ainda mais especial.

“A Tenda Vermelha” (2001)
Autora:
Anita Diamant
Editora: Sextante



Jornalista e Publicitária


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