Há quem diga que o álbum “Sou”, de Marcelo Camelo, é depressivo, melancólico e sonolento (é importante frisar que não concordo com isso). Há quem afirme que o CD ganha muito mais vida nos shows da turnê de divulgação do primeiro trabalho solo de Marcelo Camelo, cantor que fez carreira como um dos líderes da banda Los Hermanos. Pude comprovar isto na noite de ontem, quando Camelo apresentou seu show no Vila Hall, casa que se adequa perfeitamente à proposta mais intimista deste seu trabalho.

O show é poderoso, por várias razões, mas, principalmente, por causa da sincronia perfeita existente entre Marcelo Camelo e a banda paulistana Hurtmold, que o acompanha nesta nova empreitada. Os dois vértices executam com maestria arranjos que aparentam ser muito complexos de uma forma extremamente simples.

Vale destacar também a maneira como Marcelo Camelo compõe o set list das apresentações, equilibrando músicas que soam arrastadas, como “Passeando”, com outras que impressionam, como “Téo e a Gaivota”. Curioso é perceber que, apesar do público estar com as canções do CD “Sou” na ponta da língua, as músicas que mais levantam a galera são as que Camelo gravou com o Los Hermanos, como “Pois É” (que ganha um arranjo belíssimo em sua nova roupagem), “Morena” e “Além do que se Vê”.

Assistir ao show de Marcelo Camelo na noite de ontem só fez reforçar ainda mais toda a admiração que possuo por este artista. Acho que a singularidade do seu trabalho está na vontade que ele tem de não se repetir nunca. Além disso, muito me encanta a forma como ele sente cada palavra que canta no palco. Portanto, a experiência de se assistir ao show da turnê “Sou” é altamente recomendada, pois, além de poder conferir um dos artistas mais interessantes da atual música brasileira, você irá assistir a uma verdadeira aula de como se apresentar um trabalho conceitual de forma que ele seja digerido de uma forma extremamente prazerosa.