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Bastardos Inglórios

publicado em:19/10/09 11:32 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Antes de ser um dos mais talentosos diretores e roteiristas do cinema atual, Quentin Tarantino é um cinéfilo que viu, provavelmente, mais filmes – de todos os gêneros – do que eu ou você. Portanto, ele sabe que um bom filme sobre a temática da vingança tem que ter os seguintes elementos importantes: senso de oportunidade, uma motivação bem construída e a colocação de personagens e a revelação de situações na hora certa, no momento adequado. Todos esses elementos estão presentes durante os 153 minutos de projeção de “Bastardos Inglórios”, mais recente obra criada pela mente criativa de Tarantino. 

Apesar de ter como título o grupo de soldados judeus norte-americanos que, na França ocupada pelos nazistas, no decorrer da II Guerra Mundial, colocou em prática um plano de matança dos soldados e membros do regime do Terceiro Reich, a verdadeira história protagonista de “Bastardos Inglórios” é a vivida por Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent). Em 1941, a família dela se escondia numa pacata fazenda francesa e acabou sendo descoberta pela tropa comandada pelo Coronel Hans Landa (Christoph Waltz, vencedor do prêmio de Melhor Ator no último Festival de Cannes). O resultado foi que a família inteira de Shosanna foi assassinada e ela foi a única que conseguiu escapar das garras do Coronel. 

Quando a encontramos novamente, em 1944, ela está em Paris e é dona de um cinema. Por causa da afeição que lhe é demonstrada pelo soldado Frederick Zoller (Daniel Brühl), um heroi de guerra alemão protagonista do mais novo filme de Joseph Goebbels (Sylvester Groth), o estabelecimento de Shosanna será palco da premiere do tal longa. Portanto, em um dia de 1944, num pequeno cinema parisiense, todas as figuras mais importantes do Terceiro Reich estarão presentes lá (incluindo Adolf Hitler). Um palco perfeito para a vingança de Shosanna e é aqui que o caminho dela e dos Bastardos Inglórios acabam se cruzando. 

A frase final deste filme é meio emblemática. O Tenente Aldo Raine (Brad Pitt), líder do grupo que dá nome ao longa, olha para um de seus comandados e diz: “eu acho que esta é a minha obra-prima”. Qualquer cinéfilo que acompanha a trajetória de Quentin Tarantino sabe que este projeto em especial foi bastante acalentado por ele e cuja realização deve ter sido um dos pontos mais felizes da carreira dele como diretor e roteirista. Analisando a fundo “Bastardos Inglórios”, vemos que é um filme extremamente competente do ponto de vista técnico; que deixa meio de lado aquelas referências à cultura pop que são típicas do filme do diretor e que, por causa disso mesmo, deixa o longa com uma aura, digamos, mais clássica; que é uma obra madura e que tem pouquíssimas lacunas. É até estranho dizer isso de um cara que fez coisas do porte de um “Pulp Fiction – Tempo de Violência” e “Kill Bill – Volume 2”, mas, talvez, estejamos diante mesmo da obra-prima de um dos diretores mais brilhantes surgidos nos últimos tempos.

 Cotação: 9,7

Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009)
Diretor: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Brad Pitt, Mélanie Laurent, Christoph Waltz, Eli Roth, Michael Fassbender, Diane Kruger, Daniel Brühl, B.J. Novak, Mike Myers



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Comentários


Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

Ainda não consegui ver ete filme!!!

Me faltou tempo ($$$) esse fim de semna, sem contar as chuvas torrenciais haha

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Estou LOUCA pra ver esse filme !
Fui no cinema na terça-feira ver o filme e não me deixaram entrar porque sou menor de idade . Faltam apenas 3 meses para eu fazer 18 anos . (….) que os pariu!

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Ainda prefiro “Pulp Fiction” e “Kill Bill”, mas esse é lindo demais. A declaração de amor definitiva ao cinema.

Bjs!

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Bruno Gonçalves, não deixe de conferir o filme.

Bárbara, quanta rigorosidade do cinema que você frequenta!!

Bruno Soares, concordo! Beijos!

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Eu vi e gostei, mas nem podia ver e é forte as imagens, haha

Pena que a morte do Hitler não foi igual a do filme -falei!

Ká, adorei sua critica…

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Concordo com você Kamila, que obra maravilhosa que Tarantino entrega, não sou um dos maiores fãs do diretor, mas tenho que reverenciar quando merece. Sensacional.

Só prefiro “Pulp Fiction” um pouco mais 😉

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Yeah, That´s his masterpiece!

Concordo plenamente. Bastardos inglórios é não só a obra mais madura de Tarantino, como é aquela em que ele menos cede a impulsos estilísticos, embora não renuncie a seu estilo. Filmaço. Certamente integrará o top 10 do ano.

Bjs

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Rafa, obrigada! As imagens são fortes, sim, mas fazem parte desse universo do Tarantino. Os filmes dele são assim mesmo! Você já viu “A Queda – As Últimas Horas de Hitler”??? Se não, assista que é bem legal!

Yuri, eu não sou fã dele, mas sei reconhecer um bom cinema quando vejo. E “Inglórios Bastardos” é EXCELENTE cinema!

Reinaldo, concordo plenamente contigo! Beijos!

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Realmente, um filme maduro sem perder o estilo do diretor. Fui da risadinha ao desespero…muito bom! E o que foi o ator que interpretou o Coronel Hanz Landa?? Sen-sa-cio-nal!
Beijo!

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Mandy, que bom que gostou do filme. Vou no teu novo endereço!

Carol, o Christoph Waltz é uma das melhores atuações de 2009. Faço minhas as suas palavras: Sen-sa-cio-nal!! Beijo!

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Putz Kamila, não gostei.

Achei que Tarantino já foi bem melhor. Não conseguiu criar tensão nenhuma – até por causa da extensão dos diálogos. Exceto na primeira cena, que achei clássica. Mas de resto achei o filme bem vazio.

Beijos!

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sem dúvidas que quentin talvez seja o diretor que ‘redesenhou’ a década. aliar o conhecimento de cinéfilo com a capacidade de transformar violência em arte, é para poucos, e tarantino mostra mais uma vez que é capaz de criar obras que, mesmo com o passar dos anos, ainda conseguem ser imortalizadas. e ‘bastardos’ não foge a regra e se torna um dos melhores da carreira do diretor, que já tem o mérito de falar de milhares de temas em seus filmes mas sempre mantendo um conceito ‘comico-trágico’ com maestria. ele merece todo esse reconhecimento e admiração com certeza

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É isso aí, Kamila! É o melhor filme de Quentin Tarantino! Doa a quem doer! Aliás, não vi melhor trabalho de direção neste ano! Pelo menos, a Academia poderia dar um Oscarzinho pro Christoph Waltz.

Bjs!

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Por mais que tenha um estilo mais “classico”, o filme grita Tarantino desde o inicio, e principalmente no climax e fim. Foram 153 minutos? Nossa, juro que nao senti! Eu quero ver de novo:)

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Milla o filme é simples …

Tarantino é o nosso professor e nós, cinefilos apaixonados pela setima arte somos os seus alunos. Bastardos Inglóriosos (ainda acho o nome nacional ololosu) é uma aula especial de como fazer cinema para uma época importante onde a cada dia parecemos que esse mesmo conceito pode está desaparecendo. Não é a toa que tanto ele quanto Up são filmes que mostram a verdadeira importancia do por que o cinema é magico, por que são filmes que mesmo tendo conceitos simples, mas o modo de como é tratado e de como é entrege ao seu espectador, é a peça chave do sucesso.

O melhor filme do ano … e Aldo “O Apache” Reine … É IDULUUU!

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Otavio, também não vi melhor trabalho de direção neste ano. E acho que o Christoph Waltz ganha o Oscar de Coadjuvante. Beijos!

Romeika, eu também não senti os 153 minutos.

João Paulo, não acho que “Bastardos” tenha conceito simples. Pelo contrário! De qualquer forma, é um belíssimo filme!

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Gostei bastante desse … como disse em minha recente resenha ao filme … a comédia de Tarantino é uma futura referencia ao cinema!

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Estou louquinha para ver “Bastardos Inglórios”, mas infelizmente esta questão da censura… Bem que eles poderiam facilitar, já que falta algumas semanas para eu completar 18 anos, rsrsrsrs. 🙁

Beijos!

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Aquele primeiro ato é angostiante demais, nossa, você fica uns 15 a 20 minutos sem fôlego naquele diálogo de idas e voltas, ora francês, ora inglês. Fantástico mesmo.

[Contém Spoiler]Fiquei com um pé atrás com o roteiro, achei que o personagem de Pitt caiu muito fácil naquela armadilha, e que o personagem de Waltz deveria prever que ao assinar o acordo e libertar Pitt iria ter uma retaliação. Além de ficar meio decepcionado pelo Urso Judeu não ter tido uma participação mais viva na película.[Fim do Spoiler]

Mas são coisas pontuais e relativas ao meu gosto. A relação que ele fez com o cinema durante todo o filme foi excelente, e a desconstrução da história (o que aconteceu na realidade durante a segunda guerra) sem medo foi muito ousada e eficiente.

Ainda acho Pulp Fiction sua obra-prima, mas esse filme ficou muito bem cotado comigo.

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Cleber, não sei se consideraria este filme como uma comédia.

Mayara, acho que o filme deve ficar em cartaz até você completar 18 anos, não?? 🙂

Paco, o primeiro ato é fantático mesmo. Não me incomodei com essas ressalvas ao roteiro, citadas por você.

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tenho de concordar, a ficha caiu só depois que cheguei em casa, qdo na cena final o Brad fala “I think this is my masterpiece”. e realmente é, se não for O, é um dos melhores filmes do Tarantino.
Aliás, tem um vídeo muito interessante, do Selton Mello com o Seu Jorge, chamado “Tarantino’s Mind”, q vc pode ver clicando neste link aqui:

neste vídeo, tem umas teorias que mostram q todos os filmes do Tarantino estão interligados (a maioria, pelo menos). Ah sim, eu recomendaria também escutarem o Podcast do site do Jovem Nerd que fala JUSTAMENTE sobre Tarantino esta semana (aliás, eu considero o podcast do Jovem Nerd o melhor podcast brasileiro da internet). Caso queira seguir meus conselhos de sabedoria e escutar este podcast, basta clicar neste outro link.

http://jovemnerd.ig.com.br/nerdcast/nerdcast-183-o-codigo-tarantino/

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Thyago, eu cheguei a ver esse vídeo do Selton Mello com Seu Jorge. Muito bom! E vou tentar escutar o podcast do Jovem Nerd.

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Huuu, que bom ler comentários positivos de cinéfilos. É uma obra-prima sem duvida, veio pra rivalizar com Pulp Fiction e Kill Bill, acho que Tarantino está no seu auge. Seu proximo projeto, se for pra valer, será aguardadissimo!

Gostei da história que vc puxou da Shoshanna, acho que é bem por ai mesmo, adorei a Mélanie, ela é sensacional.

Discordo um pouco das referências pop. Disse até isso no meu texto quando falei que o filme começa estranho, mas logo os acordes de Ennio nos traz ao uinverso Tarantino.

Acho que essa coisa da cultura pop foi uma invenção da mídia norte-americana para rotular Tarantino, que na verdade não tem nada de pop, já que é sim amado por cinéfilos.

Pulp Fiction, Cães de Aluguel e Jackie Brown tem muitas referências pop é verdade, mas Kill Bill e Bastardos não. pq não foi o proposito. Tarantino usa o que ele dispõe para contar uma história. Se os bandidos dos 3 primeiros filmes conversam sobre Madonna, bares de maconha em Amsterdã e Delfonics, isso é a realidade. Seria inaceitavel que isso fosse feito em Bastardos.

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Eu não vi … vergonha 🙁

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Thyago, não vou ligar pro Paco, não! 🙂

Cassiano, eu acho que o longa tem a cara de Tarantino, mas é um Quentin diferente, mais maduro! E seu pensamento tem muito fundamento. Tarantino fez um filme para a época na qual ele se passa.

Alexandre, corrija esse “equívoco” em breve! 🙂

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Saí do cinema me indagando como foi a reação do público ao ver All About Eve em 1950, A Clockwork Orange em 1971, Taxi Driver em 1976, ou Apocalipse Now em 1979, apenas para citar alguns. Qual a relação disso com Bastardos Inglórios? É que todos seus predecessores são clássicos da sétima arte, e para mim, o novo longa do Tarantino entrou para esse hall.

Até o momento, Bastardos Inglórios é a melhor surpresa do ano, com grandes atuações dos atores, principalmente, do Waltz. E com um grande roteiro original. É um quebra-cabeça onde as peças se encaixam sem excessos. Digo que isso significa que por mais paradoxal que possa ser, o longa do Tarantino, ao mesmo tempo que subverte a História ao seu bel-prazer em Bastardos Inglórios, faz História nas páginas douradas da sétima arte.

Abraço.

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Santiago, também acho que esse filme vai virar um clássico. E não o consideraria uma surpresa, até porque eu sempre espero muito dos filmes do Tarantino! Adorei seu comentário! Abraço!

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Sinceramente o excesso de bla bla bla não funcionou nesse trabalho de Tarantino.Eu tiraria no minimo uns 40 minutos de filme.

SPOILER:Fiquei com uma dúvida tremenda:
No segundo ato do filme,o personagem de Waltz não é assassinado pelos “Bastardos Inglórios”?

Ainda fico com Jackie Brown,pra mim a obra prima do diretor.

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[…] que, agora, foi substituída pela talentosa e prodígio Anne-Marie Jacquet (Mélanie Laurent, de “Bastardos Inglórios”), profissional a quem Filipov acompanha de longe e com olhares bastante […]

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