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Frost/Nixon

publicado em:3/05/10 10:16 PM por: Kamila Azevedo TV

Em 09 de agosto de 1974, Richard Nixon se tornou o primeiro presidente da história dos Estados Unidos a renunciar em pleno exercício do cargo. Tal fato ocorreu por causa dos desdobramentos do escândalo de Watergate (nome que se dá ao caso em que se constatou a tentativa de grampeamento e de registro fotográfico dos documentos que estavam no Comitê Nacional do Partido Democrata, em Washington). Na época, indignou a muita gente, no país, a questão de Nixon ter recebido um perdão presidencial do seu sucessor, que o livrou de ser julgado pelos crimes que ele cometeu. 

Também, por muito tempo, Richard Nixon permaneceu calado sobre as razões que levaram à sua denúncia. Foi somente o apresentador inglês David Frost que conseguiu aquilo que todos queriam: ouvir Nixon. A entrevista que foi levada ao ar, em quatro partes, no mês de maio de 1977, foi histórica por inúmeros motivos: além de ter sido a maior audiência de um programa político na história dos EUA, foi também a única vez em que Nixon admitiu publicamente a sua parcela de culpa no escândalo de Watergate. 

Baseado na peça escrita por Peter Morgan (roteirista de “A Rainha” e “O Último Rei da Escócia”), “Frost/Nixon”, de Ron Howard, retrata todo o processo que levou desde o instante em que David Frost (Michael Sheen) teve a ideia de entrevistar Richard Nixon (Frank Langella, indicado ao Oscar 2009 de Melhor Ator); passando pela aceitação da proposta por parte da equipe do ex-presidente, pela dificuldade para arrecadar recursos para a realização do programa, pelo trabalho de pesquisa intenso feito pelo grupo (Sam Rockwell, Oliver Platt e Matthew MacFadyen) contratado por Frost; até chegar ao momento dos três encontros realizados na casa de um cidadão comum para que o inglês pudesse entrevistar Nixon. 

Por causa disso, o filme dirigido por Ron Howard tem um tom bastante documental. Além disso, toda a adaptação feita por Peter Morgan privilegia muito o trabalho dos atores, especialmente os de Michael Sheen e Frank Langella, que trabalharam na peça e aqui reprisam os mesmos personagens. A sensação que fica é a de que estamos assistindo a um duelo, não só de interpretações, como também de personalidades. Toda a gravação da entrevista entre Frost e Nixon foi uma luta entre dois homens, que tentavam dominar um ao outro tanto verbalmente quanto psicologicamente. 

A batalha era para ver quem sairia vencedor, no final. Portanto, “Frost/Nixon” fica muito como um filme em que o poder da imagem se sobrepõe muito aos outros. Às vezes, é ela que fica de forma permanente. Às vezes, ela que é o maior legado deixado por alguém. Nixon ficou longe da vida pública até a sua morte. Porém, as imagens, as palavras captadas por David Frost estão ali para sempre, como uma testemunha viva e oculta da história sendo construida. 

Cotação: 9,5

Frost/Nixon (Frost/Nixon, 2008)
Direção: Ron Howard
Roteiro: Peter Morgan (com base na peça de sua autoria)
Elenco: Frank Langella, Michael Sheen, Sam Rockwell, Kevin Bacon, Matthew MacFadyen, Oliver Platt, Rebecca Hall, Toby Jones



Jornalista e Publicitária


Comentários


Frost/Nixon é um dos meus preferidos do seu ano,a tensão sempre presente entre Sheen e Langella é espetacular e que atuações divinas.
FILMAÇO !

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Muito bem colocado sobre o poder da imagem Ka. Ela é muito poderosa, quem souber fazer bom uso dela…
Filmaço! Não preciso dizer que era outro superior a Quem quer ser um milionário? né? O roteiro, a montagem, os atores, a simplicidade de Roward na condução disso tudo… filme maiusculo em seu sentido e na realização.
Bjs

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Leandro, concordo!

Reinaldo, obrigada! Concordo que é um filme superior à “Quem Quer Ser Um Milionário”. Beijos!

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Era meu preferido do ano. O aspecto ‘documentário’ acho que é um ingrediente a mais nessa belíssima adaptação dos teatros (o que é notável em vários momentos também). As atuações são perfeitas e o roteiro é genial. O considero até um pouco subestimado, rsrs.

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Luís, concordo plenamente. E a questão da subestimação é algo comum nos filmes do Ron Howard.

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Acho que é um filme importante de se assistir. Apesar de não ser 100% fiel a História (e nem precisa ser) ele é um belo retrato daquele período.

O “duelo” final é excelente.

Dou um 7,5.

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Se no meio do caminho não tivesse Quem Quer Ser um Milonário(que ganhou o Oscar pq era o filme da era Obama),Frost/Nixon ganharia o Oscar de Melhor Filme.Uma batalha travada por palavras com excelentes atuações de Frank Langella e Michael Sheen,e um roteiro brilhante de Peter Morgan.Um dos motivos do sucesso do filme é a quimica entre Langella/Sheen/Morgan.Isso se deve pq o trio fez parte da peça que ficou um bom tempo em cartaz.Concordo contigo em relação ao tom documental do filme,e aí entra Ron Howard.Não sou um fã de Howard(não perdoei o que ele fez em O Codigo da Vinci)e quando levou o Oscar de direção foi por um filme extremamente acadêmico e sem nenhuma originalidade(um filme não precisa ser original para ser bom,mas Uma Mente Brilhante é muito quadrado).Frost/Nixon é o melhor trabalho de Ron Howard.Beijos.

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Bruno, concordo! Não sei se foi 100% fiel à história, porque não a conheço! Mas, o duelo é sensacional mesmo!

Paulo Ricardo, será que ganharia? Não sei mesmo! Mas, eu torceria por ele, sem dúvida. E concordo que esta é a melhor obra dirigida por Ron Howard. Beijos!

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Oi Kamila,

Excelente escolha. Frost/Nixon é um belíssimo duelo de titãs no discurso exatamente por evocar a imagem e a defesa das idéias de dois homens. O embate é um espetáculo.
Gosto muito dos roteiros de Peter Morgan, como ele trabalha bem com o documentário+drama+adaptação da história. Os textos dele em “A Rainha” e “O Último Rei da Escócia” , que são filmes que já revisei no MaDame Lumière, são muito bons. Falta esse grande filme agora, obrigada por recordá-lo e também honrá-lo.

Beijos,

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Era genuinamente o único cinema-arte dos cinco concorrentes à estatueta da academia!

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Madame Lumière, obrigada! O embate entre Langella/Nixon e Shenn/Frost é sensacional. Também adoro os roteiros do Peter Morgan. Beijos!

Pedro, concordo!

Cassio, concordo!

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Realmente um filme extremamente virtuoso. Belo roteiro, direção segura e atuações formidáveis. Um pouco acadêmico, mas o formato convencional ao menos é muito bem editado. Só discordo totalmente dele ser “o único cinema-arte dos cinco correntes à estatueta da academia”. Alias, o que seria “cinema-arte”, e porque os outros quatro indicados não o são? Muito taxativo, não? Mas aí é com o Cassio…

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Não gostei assim tanto. Acho um filme razoável 3/5

MAIS:
– As magníficas interpretações de Frank Langella e Michael Sheen.
– O filme cumpre com assaz competência os seus propósitos artisticamente medianos.

MENOS:
– O filme não aquece nem arrefece.
Terá o seu interesse histórico (poderá mesmo ser um bom filme para aulas de História Política ou Retórica), mas poucos mais interesses terá. Nomeadamente em termos artísticos.

Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD – A Estrada do Cinema «

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Acredita que não vi? passou despercebido por mim, pode?
já coloquei pra baixar aqui, essa semana assisto. Gosto muito do Ron Howard e do Sam Rockwell.

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O filme é mesmo muito bom e o duelo, como você falou é mostrado de forma quase documental. Fora que a premissa é interessante, né? É como se aqui no Brasil, Otávio Mesquita fosse entrevistar Collor depois do Impeachment.

abraços

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Bem escrito, bem filmado e com atuações para se aplaudir de pé. Ver Frank Langella como Nixon foi uma das melhores coisas do cinema que vi o ano passado, claro que Michael Sheen está perfeito e travam o duelo que você disse, mas para mim o filme ainda é todo de Frank Langella.

Por isso que este filme entrou na minha lista dos melhores de 2009.

Bjos

p.s.: por causa das férias perdi de novo a eleição do SBBC, quero tentar recuperar meu lugar!

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Cristiano, se você tiver Telecine Premium, nem precisa baixar “Frost/Nixon”. Basta esperar por um horário que seja legal pra você conferir o filme.

Amanda, exatamente. Bom paralelo! rsrsrsr E a premissa desse filme é interessantíssima! Abraços!

André C., concordo plenamente com seu comentário! E tenta no próximo ano entrar na SBBC!

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Filmaço! Gostei bastante. Direção, elenco, roteiro bem sintonizados. E, sem esquecer das cenas do “duelo”. Merecia mais reconhecimento.

Beijos! 😉

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Demorou mas viu hein!

Realmente a primeira impressão que fica é essa. Mas posso te afirmar Kamila, que hoje não penso assim, esse filme não sabe envelhecer. É mediocre.

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É um interessante filme, Kamila, mas concordo em partes com o Cassiano, é um filme instantâneo. Hoje, passada a euforia pelas indicações, já não possui a mesma força, o mesmo vigor artístico. Mas, sem dúvida, vale pelo tema, pois dá um bom panorama do Era Nixon.

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Mayara, eu também gostei muito e concordo que merecia melhor reconhecimento! Beijos!

Cassiano, antes tarde do que nunca! É mesmo que você considera este filme medíocre? Que surpresa!

Pedro Henrique, eu não sinto isso, que o filme seja instantâneo. Para mim, que vi este filme dois anos depois de seu lançamento, a obra causou um impacto enorme!

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Uma das maiores surpresas em relação a esse filme é que ele é dirigido pelo Ron Howard, diretor na maioria das vezes medíocre, mas que, com um ótimo material nas mãos, constroi um tour de força entre os dois personagens de forma exemplar. Além disso, o texto, vindo do teatro, não possui resquício nenhum dos palcos, nunca parece teatro filmado, muito por conta de uma montagem bem realizada. E Frank Langella está assombroso.

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