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O Mensageiro

publicado em:3/06/10 10:00 PM por: Kamila Azevedo Filmes

Assistir ao filme “O Mensageiro”, do diretor Oren Moverman, não é uma experiência das mais fáceis. Ao contrário de outros filmes que falam sobre as marcas que a batalha deixam naqueles que a vivem, este longa mostra um outro lado: o daqueles militares que ficam e possuem a dura missão de informar aos entes queridos dos soldados que eles faleceram no front – e esse é o tipo de tarefa que também causa efeitos profundos na vida de qualquer pessoa. 

As cenas que relatam estes momentos são os elementos que fazem com que “O Mensageiro” se destaque. Vivenciar experiências deste tipo, aliás, é o fator mais importante pelo qual irá passar o Sargento Will Montgomery (Ben Foster). Ele é remanejado para a divisão comandada por Tony Stone (Woody Harrelson, indicado ao Oscar 2010 de Melhor Ator Coadjuvante) após voltar para casa depois de ser ferido no Iraque. Com três meses ainda de serviço militar para cumprir e, através da função que ele tem que desempenhar, ele começa a entrar em contato direto com um sentimento do qual muitos fazem questão de fugir: a dor. 

Com a ajuda da experiência de Stone, com a amizade que nasce entre eles; ao notificar os parentes, ao presenciar reações que variam do conformismo à tristeza profunda, à raiva e à negação, é como se Will exorcizasse as suas próprias lembranças, aquilo que ainda o mantém preso ao passado e pudesse colocar o olhar no futuro, naquilo que ele deseja para si mesmo. Nesta jornada, é bom prestar atenção no relacionamento que Will estabelece com Olivia (Samantha Morton), uma jovem viúva que ele encontra no decorrer de seu serviço. 

Filme indicado para dois Oscars 2010 – uma delas a surpreendente indicação para Melhor Roteiro Original -, “O Mensageiro” é uma obra que se destaca justamente por colocar o foco nas pessoas. Cada personagem tem uma função muito bem definida e um arco narrativo que tem um fechamento completo. Não é de se surpreender que, por causa disso, as atuações de gente como Ben Foster e Woody Harrelson sejam alguns dos pontos altos deste longa. É o contraste entre a compaixão de Will e a dureza de Tony (características complementares e que, aliás, são necessárias e importantes em qualquer tipo de guerra) que faz de “O Mensageiro” um filme altamente comovente. 

Cotação: 9,0

O Mensageiro (The Messenger, 2009)
Direção: Oren Moverman
Roteiro: Oren Moverman e Alessandro Camon
Elenco: Ben Foster, Woody Harrelson, Jena Malone, Samantha Morton, Steve Buscemi, Eamonn Walker



Jornalista e Publicitária


Comentários


Você gostou mesmo desse filme, hein? Também achei super competente, apesar de não ter me conquistado tanto assim. Desses dramas recentes com temade guerra é um dos melhores, sem falar da excelente atuação do Woody Harrelson.

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Para mim foi um dos melhores filmes do ano passado.Superior a muitos concorrentes ao oscar de melhor filme. Inclusive o vencedor.
bjs

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Vinícius, adorei, porque gosto de filmes intimistas assim!

Raspante, ele é ótimo mesmo! Abraços!

Reinaldo, era um dos bons filmes concorrentes deste ano, mas ainda não o considero melhor que “Guerra ao Terror”. Beijos!

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Kamila,você postou essa critica e eu vi esse filme semana passada,eu só posso dizer uma palvra sobre esse filme…ESTUPENDO! Na temporada passada tivemos o sucesso de Guerra ao Terror.A obra de Kathryn Bigelow papou 6 Oscars e foi considerado a obra definitiva sobre a geurra no iraque.Ouso dizer que esse filme é tão bom quanto o de Bigelow(em algumas cenas é até melhor).A dor de comunicar a morte de um filho para pessoas que o Sargento Will Montgomery(Ben Foster que não precisa de muitas xpressões para demonstrar o que esta sentindo) e o veterano Tony Stone(Woody Harrelson,atuação digna de levar o Oscar) não conhecem,e não pode demontrar sentimentos.A cena da parte final do filme é de deixar o coração na boca,ao ver um brutamontes como Tony Stone chorando como um bebê e principalmente se solidarizando com o sargento Will Montgomery.Essa cena daqui uns 10 anos vai ser lembrada como uma das melhores da decada.Eu li uma critica do Rubens Ewald Flho(que por sinal respeito muito)dizendo que o filme não tinha um bom roteiro e que o diretor Oren Moverman não sabia para qual caminho ir em um determinado momento do filme,e que as sequencias de anuncio das mortes dos soldados é uma mostra disso.Mas Ora bolas,isso mostra o quanto o roteiro é bom.A cada momento que ambos os sargentos vão se identificando um com outro e se comovendo com as perdas das familias é um sinal que o roteiro do filme é bom e segue a direção certa.Queria ler uma critica da Isabela Boscov sobre o filme(linda e talentosa,talvez seja a melhor critica de cinema desse país).Merecidamente premiado com o Urso de Prata no festival de Berlim,para Alessandro Camom e Oren Moverman(que estreia na direção e antes havia roteirizado o filme Não Estou lá),O Mensageiro foi um dos melhores filmes que eu vi e vou rever daqui um tempo.Você foi perfeita na sua colocação,ao afirmar que o filme se destaca por colocar o foco nas pessoas.Não precisa da Isabela Boscov e o Rubens Ewald Filho ter gostado do filme.A Kamila,o Paulo Ricardo e os companheiros do blog ter apoiado essa grande obra é uma mostra que o filme é muito bom,beijos.

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Paulo Ricardo, eu concordo com muito do seu comentário. Este filme é estupendo! Muito bom mesmo! E que bom que apoiamos obras como essas. Se mais pessoas assistirem filmes assim, nosso papel está totalmente cumprido! Beijos!

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Não esperava que eu fosse gostar deste filme como gostei. Adorei o elenco e a direção meticulosa, que recheia a metragem de planos longos magníficos.

Nota 8,0

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Wally, eu também não esperava gostar deste filme tanto quanto o apreciei. Foi uma agradabilíssima surpresa!

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Oi Ka,

Também apreciei bastante este filme e, olhe que eu não gosto tanto de filmes de guerra. Mas neste aqui minha relação foi diferente com ela porque eu tentei me colocar no lugar das pessoas que perdem entes queridos e, também, me coloquei nos papéis dos soldados mensageiros. Já não é fácil dar os pêsames a quem conhecemos, imagine chegar na casa de uma pessoa desconhecida e dizer com racionalidade que o filho, marido, etc dele(a) não voltará. É fogo, é guerra! bjs!

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Jeremy Renner que me desculpe, mas se existe um ator que merecia ter sido indicado ao Oscar por um filme sobre efeitos de guerra, esse era Ben Foster. Ele está ÓTIMO no filme!

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Madame Lumière, eu também tentei me colocar no lugar de ambos os lados desta história, por isso que acho que me inseri tanto no relato que este filme faz. Eles vivem uma guerra diária também! Beijos!

Matheus, concordo plenamente. Ben Foster, aliás, vem se revelando um belíssimo ator.

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Assistir ao filme é realmente bastante duro, várias vezes fui às lágrimas porque dar a notícia de morte de alguém próximo é muito doloroso, e todas essas cenas contam com uma tensão incrível, muito bem filmadas. E acho a perspectiva humana do filme muito interessante, porque mesmo aqueles soldados não parecem ter estrutura emocional para realizar tal tarefa, principalmente o personagem do Ben Foster. Mas quem mais me impressiona no filme é Samantha Morton, dano de uma personagem difícil e complexa. Para mim, é uma das grandes atuações coadjuvantes do ano.

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Rafael, eu também fui às lágrimas nestas cenas. A perspectiva humana deste longa é mesmo bem interessante. E eu, sinceramente, não achei muita coisa desta performance da Samantha Morton!

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