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A Morte e a Vida de Charlie

publicado em:17/02/11 2:17 AM por: Kamila Azevedo Filmes

Muitas vezes, reclamamos do trabalho realizado pelos tradutores de títulos de filmes, no Brasil, mas, no caso de “A Morte e a Vida de Charlie”, eles acertaram muito. No título, está contido tudo aquilo sobre o que esta obra fala, uma vez que, no longa dirigido por Burr Steers, estamos diante de um personagem cuja vida perdeu completamente o sentido e o sabor. Na realidade, o que iremos acompanhar é a jornada de um jovem que, no decorrer dos 99 minutos de filme, vai reencontrar a vontade de viver, vai ter uma nova razão para existir.

Quando “A Morte e a Vida de Charlie” começa, o nosso personagem principal, Charlie St. Cloud (Zac Efron), tem o mundo aos seus pés. Prestes a se formar no colégio e com uma bolsa de estudos garantida para a Universidade de Stanford, é unânime a sensação de que o futuro dele será brilhante. Entretanto, a vida nos reserva enormes surpresas e, ao sair para deixar o irmão mais novo, Samuel (Charlie Tahan), na casa de um colega, um acidente de carro (não provocado por Charlie, é importante mencionar) acaba com todos os seus planos para o futuro.

A morte de Sam muda por completo a vida de Charlie. Corroído por um sentimento de culpa (que não deveria existir) e preso à promessa que fez, momentos antes do irmão morrer, de que ele iria ensiná-lo a jogar beisebol, todos os dias, até a data da partida dele para Stanford, Charlie passa a viver para manter acesa a memória de Sam dentro dele. Quando o reencontramos, cinco anos depois do acidente, Charlie nem de perto lembra o jovem alegre e cheio de vida do início do filme. Ele é alguém que vive, basicamente, para atenuar a sua própria dor e que deixou de lado todos os sonhos e planos que tinha para si mesmo.

O mundo de Charlie permanece inabalável até que Tess Carroll (Amanda Crew) reaparece na vida dele. Além de terem estudadojuntos, no colégio, os dois possuem uma paixão em comum (o iatismo) e uma atração mútua. Conviver de forma mais frequente com Tess significa que Charlie tem que abandonar toda a rotina com a qual ele se acostumou. Na realidade, a entrada de Tess na vida de Charlie é uma grande metáfora para a continuidade da vida, para aquele momento em que realizamos que temos que deixar o luto para trás e seguir em frente – e, para isso, é necessário que a pessoa esteja pronta para encarar esta nova realidade.

O diretor Burr Steers parece ser alguém muito interessado no tema da segunda chance. Seu filme anterior, “17 Outra Vez”, fala sobre alguém que volta no tempo e tem a chance de reescrever sua vida. No caso desta obra, Charlie não tem a chance de fazer tudo de novo (ele vai ter que conviver com o que lhe ocorreu), mas ele aprende que sobreviveu ao acidente de carro com o irmão por uma razão e a vida é muito preciosa para ser desperdiçada. Nós temos que ser felizes. As nossas pessoas queridas (presentes aqui ou não) querem que a gente seja feliz. É uma mensagem bonita a ser passada e que encontra seu elo com a plateia através da eficiente performance do Zac Efron, que equilibra a emoção com a inércia e a revolta sem parecer piegas ou clichê.

Cotação: 8,0

A Morte a Vida de Charlie (Charlie St. Cloud, 2010)
Direção: Burr Steers
Roteiro: Craig Pearce e Louis Colick (com base no livro de Ben Sherwood)
Elenco: Zac Efron, Charlie Tahan, Amanda Crew, Augustus Prew, Donal Logue, Ray Liotta, Kim Basinger, Dave Franco, Matt Ward



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Comentários


Já achei que soou piegas demais. Zac Efron até que não está tão ruim, até gostei da cena na âmbulância, mas no geral, ele ainda precisa melhorar bastante. Interessante sua análise sobre a “segunda chance” mais uma vez usada como ponto de partida pelo diretor mais uma vez. Acredito que o filme gostaria de tocar essas pessoas que ficam presas à morte de algum familiar ou amigo e acaba se esquecendo de viver sua vida enquanto tem. É uma mensagem bonita, mas que, pra mim, não foi passada da forma que deveria.

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Nota alta … mas tudo bem.

Apesar dos disperdicios de coadjuvantes e uma atuação pifia de Efron já que ele não consegue carregar o personagem nos momentos que deveriam fazer a diferença porém a mensagem e o sentimento que a vida nos pode oferecer consegue fazer um pouco a diferença … mas só um pouco …

Beijos Milla!

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Alexsandro, não achei piegas, não. Sim, Zac Efron precisa melhorar, mas aqui ele já mostra algum potencial. Concordo com parte de seu comentário. Acho que a mensagem foi passada da forma que deveria ter sido.

João Paulo, concordo que alguns bons coadjuvantes são desperdiçados, mas discordo sobre Efron.. Beijos!

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Porém não podemos esquecer que pelo menos existe a vontade do ator esquecer que ele é apenas um rostinho bonitinho … o caminho para ser um bom ator é isso ai … projetos ousados e dificeis sempre serão bem vindos.

Beijos.

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Olá, Kamila…
Acompanho o blog faz pouquinho tempo, mas preciso dizer que estou apaixonada pelas excelentes análises!
Descobri o blog por acaso e comecei a segui-lo no Reader porque no ‘último filme visto’ aparecia justamente ‘A vida e morte de Charlie’. =)
Sempre que apareciam as atualizações do teu blog eu ansiava que fosse o comentário desse filme!
Não preciso dizer que fiquei ainda mais louca para assistir, né?

Mais uma vez, parabéns pelos textos!
=)

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Oi Kamila, parece ser legal. Vou conferir.

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Cyntia, obrigada pela visita e pelo comentário carinhoso! 🙂 Que bom que gostou do texto e espero que, quando assistir ao filme, goste dele! 🙂

Flávio, confira, sim!

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Foi a crítica mais interessante ao respeito, você realmente gostou do filme e me deixou muito entusiasmado para conferir 🙂

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Acho louvável a determinação de Zac Efron em se livrar do rótulo, e acho que ele se sai bem aqui. O que me incomoda nesse filme é a forma como ele divide a narrativa, levando ao cansaço, repete muito as idas e vindas dele com o irmão na floresta, deixando para a última parte a questão com a mulher. Na verdade, essa questão poderia ser melhor desenvolvida, pois é a chave para ele se libertar da culpa e seguir vivendo, só que acabou indo por um caminho estranho. Não dá para detalhar aqui sem largar spoilers, por isso, fica difícil explicar, mas foi a forma como o relacionamento dos dois se desenvolveu que achei forçado. Mas, é um filme feito para emocionar e consegue de uma forma honesta. Também não achei piegas.

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Raspante, o Matheus também gostou desse filme. Então, não estou sozinha! 🙂

Cristiano, concordo que ele demonstra ser um bom ator aqui! Obrigada!

Amanda, eu também acho louvável a tentativa dele de se diferenciar dos outros atores jovens, pegando esses papeis mais difíceis. Eu não acho que a narrativa fica cansativa, mas acho que você tem razão em relação ao sentimento de culpa dele, da libertação dele com a mulher. Mas, te entendo e concordo contigo! 🙂

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Belo texto Ka. Dá para ver que o filme te tocou. Não teve o mesmo efeito comigo. Apesar de tanto eu como vc termos vivenciado perdas na família.
A ideia aventada no título do filme foi muito bem trabalhada por ti, mas apenas uma correção: o título do filme é A morte e vida de Charlie. Assim. Invertido mesmo…
Bjs

PS: É preciso dizer que ainda assim o título faz sentido para quem assiste o filme.
mais beijos

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Admiro sua coragem ao encarar um filme desses de frente. Olhando nos olhos da tela do cinema. És uma mulher de bravura indômita!

Bjs!

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Não gostei do filme. Achei ele confuso e pegas. Mas seu texto me deu vontade de ver de novo. Vai saber. Beijos

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Reinaldo, obrigada! Sim, o filme me tocou. Achei a história bonita. Ah, obrigada pela correção no título do filme! Vou ajeitar. 🙂 Beijos!

Otavio, mas eu não assisti a este filme na tela do cinema! rsrsrsrsrs Foi no conforto da minha casa, o que ajuda! rsrsrsrs Beijos!

Rodrigo, discordo de você. Beijos!

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Deixei de ver este filme logo em seu lançamento assim que soube que Kim Basinger não tem mais do que uma ponta. Injusto! De qualquer forma, gostei da parceria do cineasta com o jovem ator em “17 Outra Vez”. Assistirei em algum momento.

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Zac Efron se esforça tanto pra exorcizar o chatérrimo personagem que o perseguia desde o fim de High School Musical, que chega a ser injusto crucificá-lo. Por isso, concordo que ele esteja mostrando amadurecimento. Me irritou neste filme somente uma coisa: estragarem uma premissa tão bela (a devoção de um irmão pela memória de outro) com romancezinhos baratos e desfecho forçosamente impactante (aquilo de sair em desespero, mar adentro, não me pegou).
Beijos!

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Gosto do Zac, ele mostrou que tem carisma fora de High School Musical. Ele tem potencial, só precisa de papeis que demonstram isso. Fiquei curiosa pelo filme.

Beijos! 😉

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Alex, eu também gostei da parceria entre Burr e Zac em “17 Outra Vez”. E gostei, de novo, da dupla aqui! E, realmente, a Kim Basinger só faz uma ponta muito pequena.

Weiner, sua interpretação é bem interessante e lança outra luz sobre o filme. 🙂 Beijos!

Mayara, exatamente. Ele tem muito potencial e mostra isso aqui. Beijos!

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Também achei o título nacional perfeito para o filme, embora nem tenha achado espaço em meu texto para comentar isso. Mas a obra em si é muito problemática, e acredito que as falhas maiores são causados pelo roteiro indeciso e mal trabalhado, e menos pela direção. Zac Efron é um ator com enorme potencial e que já entregou ótimas performances (em 17 OUTRA VEZ, especialmente), mas aqui é apenas um desperdício de talento em um filme fraco (embora o ator esteja bem). Escrevi sobre e dei 3/10.

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EU me surpreendi com a qualidade do filme (que esperava muito menos de uma trama como esta). E o Zac, também concordo, é um ator com potencial (adoro Hairspray) e quero vê-lo em projetos mais ousados

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Mateus, não achei o roteiro indeciso e mal trabalhado…

Luís, eu também me surpreendi com a qualidade do filme!

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