Reis e Ratos
O filme “Reis e Ratos”, que foi escrito e dirigido por Mauro Lima, se passa em um dos momentos cruciais da história do Brasil: as vésperas do Golpe Militar ocorrido em 31 de março de 1964. Ao contrário de outras abordagens mais sérias sobre o tema, a opção narrativa de Lima foi contar a sua história por meio de uma grande comédia de erros, com atuações bastante caricaturais e com uma linguagem bastante diferente (a obra parece que quer ser, propositalmente, ruim) e que, provavelmente, não será compreendida por muita gente.
O contexto histórico feito por Mauro Lima é perfeito: por volta de 1963, vivíamos em um mundo polarizado em lados opostos, muito em parte por causa da Guerra Fria envolvendo os Estados Unidos e a Rússia. Portanto, palavras como comunistas eram bradadas como cantos de guerra e, especialmente em países cujos governos eram alinhados ideologicamente com os Estados Unidos, eram eles os grandes inimigos a serem combalidos e batidos. Neste sentido, talvez, os dois elementos mais importantes do contexto abordado por Mauro Lima, em “Reis e Ratos” são o apoio logístico oferecido pelos Estados Unidos às instituições militares, de forma que estas pudessem promover o Golpe; e a Revolta dos Marinheiros, que foi um motim promovido por praças da Marinha do Brasil e que foi um dos fatores que ajudaram a solidificar o Golpe Militar.
Desta forma, então, temos um agente da CIA radicado no Rio de Janeiro chamado Tony Somerset (Selton Mello), que, em parceria com o Major Esdras (Otávio Muller), da Força Aérea Brasileira, e com a Embaixada Americana passa a programar uma série de casos conspiratórios – alguns com tudo a ver, outros nada a ver com a situação do Golpe Militar de 1964. O filme ainda faz paródia com figuras típicas da época como as vedetes, por meio da personagem que é interpretada por Rafaella Mandelli e que tem trânsito fácil com os homens do poder – ela, por sinal, é responsável por um dos grandes equívocos deste longa, que é a vontade de rotulá-lo como uma história de amor, coisa que a obra não chega nem perto de ser.
A proposta por trás de “Reis e Ratos” é até muito interessante. O filme parece querer beber na fonte das obras que foram produzidas por grupos como o inglês Monty Python e conta a sua história como se ela, na realidade, fosse uma grande farsa. O grande problema, no entanto, do trabalho realizado por Mauro Lima (que conta, por sinal, com uma parte técnica bastante competente, especialmente no que diz respeito à reconstituição de época) é que ele consegue fazer com que atores como Selton Mello e Rodrigo Santoro nos deem a impressão de que estão no seu pior trabalho na atuação. Cauã Reymond, por exemplo, também causa o mesmo efeito na plateia. A mistura de elementos norte-americanos e brasileiros não dá certo. Fica tudo muito forçado.
Cotação: 2,0
Reis e Ratos (2012)
Direção: Mauro Lima
Roteiro: Mauro Lima
Elenco: Daniel Alvim, Paula Burlamaqui, Seu Jorge, Oberdan Júnior, Rafaella Mandelli, Kiko Mascarenhas, Selton Mello, Otávio Muller, Cauã Reymond, Rodrigo Santoro
Não suporto essas produções brasileiras que tentam dar uma de “cinema americanizado”, aff!
http://cinelupinha.blogspot.com.br/
pô, tão irregular assim, esperava ao menos um filme razoavel!
Rafael, bom, acho que o cinema nacional pode até absorver certas influências do cinema norte-americano. Não consigo ser tão radical assim.
Cleber, sim, bastante irregular. O cinema nacional não começou bem o ano de 2012.
Parece que todas as tentativas do cinema brasileiro em diferenciar de gêneros e explorar outros sempre será bem vinda, mas como está sendo demonstrado nos ultimos filmes …
Dá até um alivio em não ver filme nacional … triste isso.
Não tenho a mínima vontade de ver… Nenhuma mesmo!
Deus, que filme?! Não acho que esse é o caminho que o cinema nacional deveria envergar. Mas também não sei se essa opinião é mais barrismo tupiniquim. hehhe 😀
João, eu acho ótimo que o cinema nacional experimente. Erraram aqui, mas, um dia, acertam!
Raspante, eu assisto pra prestigiar nosso cinema mesmo!
Luís, eu gosto de experimentação. Adoro quando vejo o cinema nacional saindo de sua zona de conforto. Como eu disse: erraram aqui, mas, um dia, acertam! rsrsrs
Pelo bom elenco, eu esperava ao menos um filme razoável. Perdi o interesse em ver.
João Linno, IDEM! Também esperava um filme razoável, especialmente por causa do elenco, mas “Reis e Ratos” é uma verdadeira decepção.
[…] Pig” é uma comédia que não tem a necessidade de fazer sentido, como visto recentemente em “Reis e Ratos”, de Mauro Lima. Curiosamente, ambos os filmes são estrelados por Selton Mello, aqueles que […]