Tão Forte e Tão Perto
Existe algo de Hugo Cabret em Oskar Schell (Thomas Horn), protagonista de “Tão Forte e Tão Perto”, filme dirigido por Stephen Daldry. Assim como Hugo, Oskar é um menino que deixa a sua mente a serviço de sua imaginação e demonstra uma sensibilidade enorme para assuntos relacionados à invenções e aventuras. Os dois personagens também são muito espertos e inteligentes e possuem uma relação de muita proximidade com os seus pais, que são aquelas figuras que vão incentivá-los a ir sempre mais além, de preferência desenvolvendo as várias habilidades que eles possuem. Uma outra semelhança forte que une esses dois personagens é o fato de eles terem perdido os seus amados pais muito cedo, em circunstâncias trágicas – o pai de Oskar, Thomas (Tom Hanks), foi uma das vítimas dos atentados terroristas ao World Trade Center.
De uma certa forma, a jornada pela qual Oskar irá passar, no decorrer de “Tão Forte e Tão Perto” é muito parecida com a que Hugo vive em “A Invenção de Hugo Cabret”. Ao mexer nas coisas de seu falecido pai, um ano após a morte dele, e quebrar um vaso que, na verdade, escondia uma chave, Oskar embarca em uma expedição (essa era uma aventura que ele sempre vivia com Thomas, que estimulava o filho a participar dessas expedições para que ele pudesse deixar a sua timidez de lado e conversar com pessoas novas) que tem o objetivo de descobrir qual a finalidade dessa chave, se ela abre algum cofre, armário ou ambiente; e, se o que ele irá encontrar, faz parte de algum plano/desejo deixado pelo seu pai para ele. Vivenciando essa experiência, Oskar sente que mantém a memória de seu pai viva e que, principalmente, o contato com eles é prorrogado – mais uma semelhança com Hugo.
Nas mãos de um diretor talentoso como Stephen Daldry, a experiência vivida por Oskar Schell ganha contornos emocionantes. Ao entrar em contato com diferentes pessoas, Oskar enfrenta os próprios medos que possui – e eles são muitos, uma vez que o garoto é muito complicado, cheio de manias, o que faz com que a plateia tenha um problema enorme de empatia com o protagonista, já que ele soa irritante em várias cenas. Ao mesmo tempo, porém, a busca de Oskar o permite entrar em contato também com os pontos mais vulneráveis de seu relacionamento com a mãe, Linda (Sandra Bullock, numa atuação que é melhor do que a de “Um Sonho Possível”, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz), e com o Inquilino (Max Von Sydow, numa performance indicada ao Oscar 2012 de Melhor Ator Coadjuvante), que é o senhor que irá acompanhá-lo em boa parte das visitas que Oskar faz.
A verdade é que “Tão Forte e Tão Perto” é um filme irregular até o seu ato final, momento em que Stephen Daldry aproveita todo o potencial emocional que esta história possui e entrega duas cenas que são muito poderosas e que representam justamente o momento de Oskar de reencontro consigo mesmo, com o seu sentimento de culpa diante do que aconteceu ao pai e com a possibilidade de ele começar (já que retomar a sua existência prévia se revela impossível) uma nova vida. São dois momentos altamente tristes, mas, curiosamente, muito otimistas, pois retratam instantes de revelação. É o toque de Midas de um diretor que viu todos os longas que realizou serem indicados ao Oscar de Melhor Filme (com exceção de “Billy Eliot”). Respeito com Stephen Daldry.
Cotação: 9,0
Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close, 2011)
Direção: Stephen Daldry
Roteiro: Eric Roth (com base no livro escrito por Jonathan Safran Foer)
Elenco: Tom Hanks, Thomas Horn, Sandra Bullock, Zoe Caldwell, John Goodman, Max Von Sydow, Viola Davis, Jeffrey Wright
Eu achei sensacional, como você já sabe, sensacional do inicio ao fim, não vejo problemas de ritmo, nem de roteiro, o elenco soberbo (apesar do Thomas Horn me irritar em alguns momentos) é uma “aventura” linda, Daldry em seu quarto filme e em sua quarta conquista!
Cleber, eu vejo problemas de ritmo e queria que o filme tivesse um roteiro mais constante. De qualquer maneira, Daldry se “redime” no final, que é arrebatador.
Lembrando que Billy Elliot não foi indicado ao Oscar de melhor filme. Então, nem TODOS os filmes de Daldry foram indicados nessa categoria.
O filme apenas vale pela excepcional atuação de Max Von Sydon, pelas fortes presenças de Sandra Bullock e Viola Davis, e pela pela trilha sonora. Fora isso, o filme peca pelo roteiro, o garoto, apesar da bela atuação, é um personagem antipático, frio, que causa todo o distanciamento causado pelo longa. Apesar da bela direção de Daldry na metade inicial, ele demonstra uma perda de rumo na segunda metade,
Mas ótimo texto seu, apesar de discordar de algumas coisas, principalmente a nota.
🙂
Kadú, obrigada pela correção ao texto. 🙂 Para ser bem sincera, não achei nada muito excepcional no Max Von Sydow. O filme, pra mim, teve inúmeras qualidades, mas concordo com você em relação ao roteiro (que é inconstante) e em relação ao Oskar, que é um personagem muito irritante. E eu acho que a direção do Daldry se encontra mesmo do meio pro final do filme, quando a obra cresce bastante. Mas, essa é a minha opinião! 😉
Concordo, Kamila, é um irregular, mas que nos envolve pela emoção de maneira honesta. Eu gostei bastante do resultado.
Quanto a comparação entre Oskar e Hugo, é por aí mesmo, até o símbolo da busca é parecido de certa maneira. Oskar tem uma chave e procura uma fechadura, Hugo tem uma fechadura e procura uma chave, hehe.
Amanda, eu também gostei muito do resultado final deste filme, apesar da irregularidade. Pois é! Bem notado esse negócio da chave e da fechadura. Isso tinha me passado despercebido! rsrsrs
Muito respeito. Daldry é de meus diretores preferidos. É um cineasta sensível e habilidoso, combinação rara no cinema americano. Acho que Tão forte e tão perto é seu filme “menor” o que não o torna insatisfatório.
bjs
Reinaldo, o Daldry também é um dos meus diretores favoritos. Gosto muito dele e da forma como ele coloca os seus filmes. Realmente, é alguém dotado de muita sensibilidade e habilidade – características até mesmo raras em se tratando do fato de que ele é britânico e os ingleses são, naturalmente, mais frios. Perfeito o final de seu comentário. Concordo com o que você disse. Beijos!
Kamila, é justamente o menino meu principal bloqueio com este filme, além da inevitável pergunta que não quer calar: Por que o menino chegou a pensar que o pai poderia ter cometido aquele ato , quando no WTC , se a personalidade do personagem do Hanks não denunciava que ele seria capaz de tal atitude?Como ja te disse pra mim , vale por Viola, Sandrinha e Max.
Flávio
Flávio, acho que o Oskar pensou aquilo porque, provavelmente, essa foi a imagem mais forte que ficou nele, naquele dia… Talvez, ele tenha visto as pessoas pulando e pensou que o pai dele fez a mesma coisa. E não se surpreenda. Diante de situações desesperadoras, as pessoas são capazes de tudo.
Concordo com a crítica e com a nota! Gostei bastante da interpretação do Thomas Horn e da Sandra Bullock também!
Elloa, já eu gostei mais da Sandra Bullock que do Thomas Horn.
A pior coisa é a expectativa.Seja nas pessoas ou nos projetos pessoais.Quando criamos muita expectativa em torno de algo a tendencia é nos decepcionarmos.Eu gosto muito de “O Leitor”,acho um filmaço que foi injustamente criticado por tomar a vaga de “Cavaleiro das Trevas”(eu acho uma bobagem sem tamanho.Quem esquentou esse debate na epoca foi a revista SET) e vejo algumas qualidades em “Billy Elliot”.Sobre o melhor filme da carreira dele eu não preciso dizer muita coisa que ao longo dos anos eu elogio “As Horas” e aquela trio espetacular formado por Streep-Moore-Kidman e Ed Harris arrasando como um filho que sente a ausencia da mãe.Vou assistir “Tão Forte e Tão Perto” esperando mais um filmaço de Daldry.Reconhecido nas premiações ele foi.O que é um bom sinal.
Beijos!
Paulo, eu aconselho assistir sem esperar um filmaço. Você vai apreciar mais a obra. Beijos!
Mesmo não achando “Tão Forte e Tão Perto” um grande filme, continuo defendendo o Stephen Daldry. Na minha opinião, ele continua infalível!
Matheus, eu também defendo o Stephen Daldry. Pra mim, ele é um diretor que preza pela regularidade em seus trabalhos.
Acho um filme muito fraco, Ka. Não me convenceu e Oskar me irritava, muitas vezes. Mas, Daldry mantém a bela direção emocional e isso me segurou. Acho que o problema é mesmo o roteiro, super pretensioso. Beijão! ps, sua nota é altíssima e não combinou com o tom de seu texto, nem de sua impressão! Sempre acho “curioso” sua forma de dar nota, rsrs. Uma coisa bem sua, só você entende, rs.
beijo!
Cristiano, discordo que seja um filme fraco, mas concordo que Oskar é um personagem totalmente irritante. E não acho o roteiro pretensioso!
Um dia, vou ter que fazer um tutorial sobre como funciona o meu sistema de notas. E isso é totalmente subjetivo, uma coisa minha. Eu nunca gostei de dar notas aos filmes. Só comecei a fazer isso porque os leitores do blog pediram! rsrsrsrs Beijo!
Ainda não vi. Estou ansioso, pq gosto mto do trabalho de Stephen Daldry.
Marconi, eu também gosto muito do trabalho do Stephen Daldry. Ele é um dos meus diretores favoritos. E esse filme me agradou.
[…] por Jay Roach) 09. Os Descendentes (The Descendants, 2011, dirigido por Alexander Payne) 10.Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close, 2011, dirigido por Stephen Daldry) Compartilhe isso:Facebook (function(d, s, id) { var js, fjs = d.getElementsByTagName(s)[0]; if […]