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Billi Pig

publicado em:22/03/12 1:58 AM por: Kamila Azevedo Cinema

“Billi Pig”, filme dirigido e co-escrito por José Eduardo Belmonte, é uma comédia cujo assunto principal é aquilo que é conhecido como “jeitinho brasileiro”, que são aqueles atos (na maior parte das vezes trapaceiros) cometidos de forma a fazer com que as pessoas ganhem algo com isso. Como este é um assunto bastante delicado, mas que faz parte da cultura brasileira, para o bem ou para o mal, chama logo a atenção de cara o tom que Belmonte deu ao seu filme. “Billi Pig” é uma comédia que não tem a necessidade de fazer sentido, como visto recentemente em “Reis e Ratos”, de Mauro Lima. Curiosamente, ambos os filmes são estrelados por Selton Mello, aqueles que muitos consideram um dos melhores atores brasileiros em atividade atualmente.

Os personagens de “Billi Pig” são quase que uma caricatura de si mesmos – alguns chegando até mesmo ao ponto da bizarrice. Marivalda (Grazi Massafera) é uma aspirante a atriz, que está tão disposta a fazer tudo para alcançar isso que ela mais parece viver diversos personagens o dia inteiro e ainda tem como conselheiro principal um porco rosa de plástico (!!!!!), cujo nome dá título a esse filme. O marido dela, Wanderley (Selton Mello), é um corretor de seguros fracassado profissionalmente e pessoalmente, já que não dá a mínima atenção à esposa. Roberval (Milton Gonçalves) é um falso padre que ganha a vida enganando centenas de pessoas que aparecem diariamente em sua porta acreditando que ele faz milagres.

O destino destes três personagens vai cruzar quando eles armam um plano para arrancar dinheiro de um figurão do crime chamado Boca (Otávio Muller), cuja única filha entrou num coma profundo depois de levar um tiro numa festa na comunidade liderada pelo pai. Prometendo ao desesperado pai o milagre de curarem Sandy (a filha de Boca), os dois vão tentando encontrar maneiras de irem adiando o inevitável (já que todos ali são farsantes e, provavelmente, não irão conseguir fazer com que a jovem saia do coma) para poderem acumular todas as vantagens possíveis obtidas em situações desse tipo e sumirem do mapa sem sofrerem qualquer tipo de ameaças por parte do perigoso bando de Boca.

Provavelmente, ao fazer um filme no estilo de “Billi Pig”, com uma trama dessas, a intenção de José Eduardo Belmonte era fazer uma crítica a determinadas situações características da nossa sociedade (como, por exemplo, o constante desejo de ascensão social e a aspiração àqueles 15 minutos de fama, com as celebridades instantâneas). Entretanto, esta mensagem perde sua força tendo em vista o fraco roteiro, que, por exemplo, desenvolve muito bem a sua storyline principal, mas erra ao abandonar por completo a subtrama que envolve Marivalda e seu sonho de se tornar atriz e por não explorar mais aquela que é a verdadeira surpresa desse filme: a participação especial de Preta Gil, que comprova ter um tino raro para a comédia. Se, na vida real, situações como a retratada nesse longa terminam em pizza, aqui tudo termina com o samba de Arlindo Cruz…

Cotação: 1,0

Billi Pig (2012)
Direção: José Eduardo Belmonte
Roteiro: José Eduardo Belmonte e Ricardo D’Oxum
Elenco: Selton Mello, Grazi Massafera, Milton Gonçalves, Zezeh Barbosa, Milhem Cortaz, Arlindo Cruz, Aimée Espinosa, Álamo Facó, Léa Garcia, Preta Gil, Xando Graça, Cássia Kiss Magro, Otávio Muller, Tadeu Mello, Aramis Trindade



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Comentários


Kamila, não assisti, mas ainda olho com muita desconfiança para Grazi Massafera…

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Flávio, eu acho a Grazi muito esforçada como atriz. Este filme marca a estréia dela no cinema e ela até que tenta, mas o grande problema mesmo aqui é o roteiro sem pé nem cabeça.

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Não vi o filme, mas acho que facilita sua digestão se observado pelo prisma da pornochanchada que Belmonte disse querer homenagear. Pode ser uma boia de salvação. Mas vamos sublinhar esse pode aí.
bjs

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Reinaldo, não sabia que ele queria homenagear a pornochanchada e, sabendo disso, agora, entendo algumas das soluções narrativas adotadas por ele em “Billi Pig”, mas, mesmo assim, não ajuda a melhorar a digestão do filme. Beijos!

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Chuta que é cilada!

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Alyson, exatamente… Mas, eu sempre sou partidária do time de que a pessoa deve assistir ao filme e tirar suas próprias conclusões sobre o assunto.

Victor, cilada total! rsrss

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