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Poder sem Limites

publicado em:23/03/12 12:57 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Existe algo de Peter Parker dentro de Andrew Detmer (Dane DeHaam), protagonista do suspense “Poder sem Limites”, do diretor Josh Trank. Ambos os personagens são jovens tímidos, dotados de uma rara inteligência, mas que preferem se esconder por trás dessa personalidade introspectiva, até mesmo como uma forma de proteção contra um ambiente difícil como o da escola. Andrew ainda vai um pouco mais além do que Peter, uma vez que decidiu erguer uma barreira entre ele mesmo e o mundo colegial que o cerca, afinal não desgruda de uma câmera com a qual ele registra todos os momentos de seu dia a dia, o que faz com que a maioria das cenas vistas aqui tenham o ponto de vista e a perspectiva dele dos fatos – e, vamos dizer a verdade, a vida de Andrew é um tanto complicada, já que ele sofre bullying no colégio e violência dentro de casa.

A trajetória de Andrew no decorrer de “Poder sem Limites” é marcada por um grande ponto de virada no roteiro escrito por Max Landis e que o coloca, novamente, no caminho da comparação com Peter Parker: a descoberta de poderes  super especiais após ele e mais dois amigos – o primo Matt Garetty (Alex Russell) e Steve Montgomery (Michael B. Jordan) – entrarem em contato com uma espécie de pedra preciosa que eles descobrem num buraco cravado perto de um local onde colegas de colégio estavam realizando uma festa.

A partir desta descoberta, o filme entra naquele caminho clichê de mostrar os três jovens entrando em contato com o que ainda é desconhecido para eles, uma vez que eles não sabem de que forma este poder adquirido por eles pode ser manifestado e quais os limites que eles irão conseguir alcançar com isso. Na medida em que eles vão brincando com diversas situações, a gente vê a vida de Andrew dando um giro de 360 graus, uma vez que ele sai de pária para alguém por quem as pessoas, agora, nutrem um interesse “verdadeiro”.

“Poder sem Limites” começa a entrar por um lado interessante quando começa a abordar a questão de como uma cabeça de um adolescente, ainda mais se ele for cheio de traumas e de medos como Andrew, lida com um poder recém-descoberto. Aqui, neste sentido, temos a grande diferença do personagem para Peter Parker, uma vez que Andrew não teve alguém mais velho e que ele respeitasse que olhasse para ele e dissesse que grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Isso, em nenhum momento, passa pela cabeça prepotente de Andrew, que vai, cada vez mais, se entregando a um lado obscuro de sua personalidade.

Por mais que tenha essa abordagem interessante, “Poder sem Limites” peca bastante pela previsibilidade de seu roteiro, especialmente no que é tocante à construção do background e da trajetória de Andrew. O diretor Josh Trank ainda erra na conclusão simplista demais e que ocorre de uma forma tão rápida que a gente não chega a saber mesmo de que forma tudo aquilo foi finalizado. Além disso, o jovem ator Dane DeHaam (que possui olheiras fundas e um olhar levemente angustiado) é muito fraco como ator e opta pela composição mais clichê possível para um personagem que é tão importante para o desenrolar dos acontecimentos de um filme como “Poder sem Limites”. De qualquer maneira, é um longa que, até a manifestação desses maiores problemas, prende a sua atenção e o envolve na trama que nos é contada.

Cotação: 4,0

Poder sem Limites (Chronicle, 2012)
Direção: Josh Trank
Roteiro: Max Landis (com base na história escrita por ele mesmo e por Josh Trank)
Elenco: Dane DeHaam, Alex Russell, Michael B. Jordan, Michael Kelly, Ashley Hinshaw, Bo Peterson, Anna Wood, Rudi Malcolm, Luke Tyler



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Comentários


Nossa…rs. Eu achei esse filme muito interessante. Um frescor na filmografia de super-heróis. Pena que vc não gostou. Abs.

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Rafael W., sim. É um filme interessante, mas que peca muito por seguir o caminho da previsibilidade.

Cleber, acho que é melhor assistir a este filme no DVD mesmo.

Celo, muita gente achou. Pelo que ando percebendo, só eu que não gostei muito mesmo. A obra pode até ser diferente, mas acaba se tornando previsível demais. Abraços!

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Em linhas gerais, concordo com sua análise. No entanto, entendo que o clichê deles “descobrindo” os poderes é o que de melhor o filme tem a oferecer. Uma vez que, como vc falou, Trank não sabe muito bem o que fazer com seu filme…
Bjs

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Qdo li Poder sem Limites pensei logo em Sem Limites, é tanto limite que nossa cabeça acaba ficando limitada.

Ñão conhecia essa “coisa” ai, e nunca ouvi falar em nenhum dos nomes envolvidos.

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É, ainda não consegui ver o filme, e fico curiosa com as opiniões divididas que tenho lido. Gostei da comparação com Peter Parker.

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Reinaldo, sim, e eu concordo com o que você falou em relação à parte dos adolescentes descobrindo os seus poderes. Beijos!

Cassiano, pois é! Antes de assistir a este filme eu também nunca tinha ouvido falar nos nomes envolvidos no projeto.

Amanda, tem gente que gostou desse filme. Eu faço parte do time que não gostou. Acho que filmes que dividem a opinião são interessantes e “forçam” a gente a assisti-los também para que a gente forme a nossa própria opinião. Obrigada! Quando você assistir ao filme, verá que é quase impossível fugir dessa analogia. O João Linno, na crítica que fez no Cine Mosaico, também fez esse mesmo paralelo.

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Nem tenho curiosidade… Esse estilo “documentário” nunca fez aminha cabeça…

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Raspante, eu gosto de filmes que fazem a linha documental e parece que essa é uma tendência que voltou com força no cinema americano.

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Não curti muito esse filme, embora não o tenha achado assim tão chato quanto você o achou. Na verdade, achei-o interessante até sob ponto, inclusive o resenhei recentemente, mas realmente não me epolgou muito. Senti que falta alguma vida à trama.

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Luís, mas eu achei-o interessante até certo ponto, depois ficou tudo muito previsível… O filme se perdeu pra mim.

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