Baseado em uma série de TV que foi ao ar no final dos anos 80 e que ficou famosa por ter revelado o ator Johnny Depp, “Anjos da Lei”, dos diretores Phil Lord e Chris Miller, é um filme que tem encravado em si, aliás, todas as marcas dessa década, uma vez que tem um tom de humor forte semelhante à sátira, que era um elemento bastante característico de longas que poderiam muito bem ser classificados de comédias desastradas, como “Loucademia de Polícia” e “Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu”.

A história é centrada na dupla Schmidt (Jonah Hill) e Jenko (Channing Tatum), os quais são dois estereótipos bastante encarnados. O primeiro é aquele nerd que é totalmente medroso e atrapalhado. O segundo é o cara popular, que adora fazer um show para os outros, bonachão e um tanto desprovido de inteligência. Se, no ambiente escolar em que eles se conheceram, a distância entre eles era quase que uma necessidade de sobrevivência a um meio um tanto cruel; na Academia de Polícia e, consequentemente, na vida profissional dos dois, a dupla se alia por pura conveniência, mas também por amizade e por possuírem qualidades que se complementam e que se destacam em uma parceria.

Após a finalização de um caso de flagrante de posse de drogas que termina de forma desastrosa, Schmidt e Jenko são enviados ao 21 Jump Street, divisão chefiada pelo Capitão Dickson (o rapper Ice Cube) que trabalha com policiais jovens que estão disfarçados em ambientes os quais possam passar despercebidos. O trabalho da dupla é se infiltrar em uma escola de ensino médio, como alunos, e desmontarem um forte esquema de fornecimento, distribuição e venda de drogas pesadas entre os estudantes. Porém, mais do que isso, eles têm a oportunidade de recomeçar do zero uma jornada que eles já viveram e conhecem muito bem –  e aqui está o grande obstáculo ao cumprimento do dever deles na escola.

Se a grande tendência do gênero de comédia, atualmente, em Hollywood, é trabalhar com elementos advindos do gênero de ação, nunca isto foi tão bem executado quanto em “Anjos da Lei”. O filme tem um ritmo muito ágil, com cenas extremamente engraçadas e uma história que, apesar de ser bastante caricatural, acaba funcionando tão bem que a gente termina perdoando esse pequeno deslize. Entretanto, talvez, o maior mérito do filme seja revelar o lado cômico de Channing Tatum. Ele está sensacional como Jenko e forma uma dupla perfeita com Jonah Hill, que mudou completamente a sua figura para poder acompanhar Tatum nas diversas cenas de ação que ambos têm que fazer, e também está engraçadíssimo no longa – é de Hill, aliás, uma das cenas memoráveis de “Anjos da Lei”, que ocorre já no seu quarto final, quando Schimidt vence um de seus maiores medos.

Cotação: 8,5

Anjos da Lei (21 Jump Street, 2012)
Direção: Phil Lord e Chris Miller
Roteiro: Michael Bacall (com base na história de sua autoria e de Jonah Hill e na série de TV criada por Patrick Hasburgh e Stephen J. Cannell)
Elenco: Channing Tatum, Jonah Hill, Brie Larson, Dave Franco, Rob Riggle, Ice Cube, Chris Parnell, Ellie Kemper, Nick Offerman, Holly Robinson Peete