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As Vantagens de ser Invisível

publicado em:20/03/13 12:32 AM por: Kamila Azevedo DVD

Hollywood é cheia de filmes sobre o lado bom e o lado ruim de ser adolescente e, principalmente, de tentar passar incólume a uma das mais difíceis fases da vida, que é justamente essa: a adolescência. É nesse período, mais do que em qualquer outro, que queremos ser aceitos pelos outros – e isso se revela muito complicado, especialmente porque também é nesse momento que a nossa personalidade está sendo solidificada e em que os nossos gostos vão se moldando. O longa “As Vantagens de ser Invisível”, dirigido e escrito por Stephen Chbosky com base no livro de sua própria autoria, fala justamente sobre uma situação desse tipo.

Para alguém que acaba de sair de um período internado para tratamento em uma instituição psicológica, é até curioso perceber que o maior medo de Charlie (Logan Lerman) não é ter uma recaída na sua doença, e sim, ter uma existência solitária no colegial, sem fazer qualquer tipo de amigos. Prestes a iniciar essa nova fase como estudante, Charlie, apesar de estar numa escola em que tem pessoas conhecidas, como a sua irmã Candace (Nina Dobrev) e amigos da época do primeiro grau, fica, praticamente, invisível ao resto dos outros estudantes, sem conseguir se inserir em qualquer grupo.

A sorte de Charlie muda quando ele reconhece um outro jovem tímido e impopular no meio da multidão: Patrick (Ezra Miller, de “Precisamos Falar sobre o Kevin”). Por meio da amizade que nasce entre os dois, Charlie se vê inserido num grupo de adolescentes meio desajustados – formado pelas personagens interpretadas por Emma Watson, Mae Whitman, Erin Wilhelmi, dentre outros –, mas que possuem o desejo de viver coisas diferentes e que levam Charlie a experimentar todo um mundo novo que lhe é apresentado por meio da descoberta do primeiro amor, entre outras experiências que parecem ser parte do universo adolescente e que vão desafiar a ideia de futuro que ele tinha para si mesmo, bem como vai fazer com que ele enfrente aquele que é o seu maior medo.

Um dos elementos mais interessantes de “As Vantagens de ser Invisível” é a forma como o roteiro estrutura a reflexão que é feita, periodicamente, por Charlie sobre o seu estado de espírito e a sua vida. Por meio de cartas que ele troca com uma espécie de amigo imaginário, com quem ele pode desabafar sobre os seus maiores motivos de alegria e de tristeza, vemos Charlie passar por uma fase de amadurecimento profunda. Se ele não encontra a paz que ele precisa para poder seguir em frente, com certeza, vemos a personagem encarar os seus demônios internos em busca justamente daquilo que ele considera ser infinito. Por meio de uma atuação excelente de Logan Lerman (que demonstrava o seu talento desde a época da série “Jack & Bobby”) e de performances sólidas do elenco de coadjuvantes, com destaque para Ezra Miller e Emma Watson (naquela que pode ser considerada a sua melhor atuação no cinema), temos o desenho de um filme sensível que fala sobre viver o agora de uma forma tão intensa que a sensação que a gente tem é a de que nós não queremos que ele termine.



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Comentários


Perfeito o texto Kamila, vc conseguiu traduzir com sua palavras tudo o que o filme quis passar e representou.
Tenho muita vontade de ler o livro, para saber o quão fiel foi o filme ao livro.
Emma Watson com o tempo vai conseguir provar que ela é uma excelente atriz, e se desvincular do papel de Hermione da saga Harry Potter
Mais uma vez frisando, As Vantagens de ser Invisível está no Top 5 dos melhores filmes de 2012

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Grata surpresa, se o livro não é la grande coisa
o filme consegue nos levar para uma época que parecia esquecida:
amizade sincera, temores, fitas k7 (e sem internet).

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Pablo, obrigada! Não li o livro, mas confesso que fiquei curiosa para fazer isso após assistir ao filme.

Herculano, poxa, o livro não é muito bom?

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Eu adoro o livro! Já faz alguns anos que eu o li, mas ele permanece comigo até hoje. É assombroso o modo como o autor transmite todas as dúvidas, inocência e insegurança do Charlie e acerta em cheio na alma do leitor. Fiquei bastante comovido com a obra. Talvez, por isso, eu tenha ficado um pouco decepcionado com o longa, que não me transmitiu a mesma sensação. E essa adaptação me pareceu bem mais suscetível aos clichês do gênero do que a obra original foi. Ainda assim, é um filme bastante diferente que traz um certo frescor a um gênero já acostumado ao lugar-comum e que encontra seu ponto mais alto nas excelentes atuações do seu trio de protagonistas.

Nota: 8,8

Abs.

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Clóvis, não li o livro, mas fiquei interessada em ler a obra depois de assistir ao filme. Achei curioso seu comentário, especialmente por se tratar de alguém que leu bem e conhece bem o livro.

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O amigo não é imaginário. Ele tinha um amigo que cometeu suicídio e ele escreve para esse amigo…essa característica do filme me lembrou bastante A cor púrpura…quando a Whoppi escrevia para deus…

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Max, sim, sei que ele escrevia para o amigo dele, que cometeu suicídio, mas, de uma certa maneira, ele lida com alguém imaginário.

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