*Atenção aos spoilers.

Baseado na peça homônima escrita por Robert Anderson (que também escreveu o roteiro desta adaptação cinematográfica), “Meu Pai, um Estranho”, filme dirigido por Gilbert Cates (que, anos mais tarde, viria a ser um dos produtores da noite de premiação mais importante do cinema), fala sobre uma temática que é muito abordada pelo cinema: a relação entre pais e filhos, mais precisamente o delicado relacionamento entre um pai e um filho, que sempre estiveram muito próximos ao outro.

Melvyn Douglas interpreta Tom Garrison, o pai. Gene Hackman, interpreta Gene Garrison, o filho. Após um período de viuvez, Gene está prestes a reiniciar sua vida com uma nova mulher, que mora em um outro Estado. O grande conflito que se desenha, neste filme, é justamente a necessidade de Gene de sair um pouco das asas dos pais, da proteção deles, para alçar um voo que seja somente seu, para cuidar de sua própria vida, uma vez que a sua própria irmã (Estelle Parsons) já está distante. Ou seja, o peso de cuidar dos pais, de se certificar de que eles estão bem está todo nas costas dele.

Um filme como esses necessita de um ponto de virada forte e ele vem quando a amada mãe de Gene falece. Isso força os dois irmãos a decidirem o destino que darão ao seu pai. Neste sentido, vem a grande força de “Meu Pai, um Estranho”, pois, ao deliberarem sobre as responsabilidades que envolvem cuidar de um pai que está envelhecendo e que necessitará de cuidados, a gente vê as diferentes formas que as pessoas acabam reagindo a esta situação e faz com que o espectador, inevitavelmente, pense sobre as pessoas que ama e se coloque no lugar desses personagens. E essa é uma qualidade rara em filmes.

“Meu Pai, um Estranho” foi indicado a três Oscars, em 1971, justamente nos elementos em que é mais forte: as atuações (Melhor Ator para Melvyn Douglas e Melhor Ator Coadjuvante para Gene Hackman) e o roteiro (para Robert Anderson).