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12 Anos de Escravidão

publicado em:6/03/14 1:29 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Dá para se fazer um paralelo muito grande entre “12 Anos de Escravidão”, filme dirigido por Steve McQueen, e “A Queda! As Últimas Horas de Hitler”, filme dirigido por Oliver Hirschbiegel. Os dois longas se passam em momentos históricos definidores de seus respectivos países (Estados Unidos e Alemanha) e são centrados em figuras reais. Além disso, são obras que expõem períodos vergonhosos de suas histórias por meio de um relato pungente que possui a função principal de auxiliar os habitantes desses países a entenderem as suas origens e as pessoas em que eles se transformaram – pois, tenha certeza que, culturalmente, as pessoas de hoje são consequência direta dos atos e dos pensamentos daqueles que os antecederam, em seus lados positivo e negativo.

“12 Anos de Escravidão” é um filme baseado no livro homônimo escrito por Solomon Northup (interpretado por Chiwetel Ejiofor, indicado ao Oscar 2014 de Melhor Ator). A obra relata os 12 anos em que Solomon, um violinista talentoso, foi sequestrado em circunstâncias misteriosas que o levaram a ser vendido na condição de escravo nos estados do Sul dos Estados Unidos. É importante ressaltar que a história de Solomon é somente uma das conhecidas daquele período, pois ele foi uma das poucas vítimas negras de sequestro, no século XIX, a conseguir sua liberdade de volta e poder compartilhar com os outros todo o sofrimento pelo qual passou.

Em sua essência, “12 Anos de Escravidão” é uma história de sobrevivência, que fala sobre como Solomon Northup, após ser arrancado de seu ambiente, assumiu um “personagem” (ele era chamado de Platt pelos seus “donos”), deixando de lado a saudade que sentia de sua família (a esposa e os dois filhos), de forma a tentar encontrar uma maneira de passar incólume (se é que isso era possível) diante dos muitos obstáculos de seu dia a dia – como as grosserias e abusos de mestres como Tibeats (Paul Dano) e Edwin Epps (Michael Fassbender, indicado ao Oscar 2014 de Melhor Ator Coadjuvante) – e, quem sabe, conseguir a sua liberdade de volta.

Por meio da jornada de Solomon, “12 Anos de Escravidão” também fala sobre a condição indigna em que os escravos dos estados do Sul viviam, subjugados à loucura e psicopatia de seus mestres e às condições impróprias de trabalho, sofrendo cobranças impossíveis e recebendo quase nada em troca. O relato que o roteiro escrito por John Ridley faz sobre a relação interna dos escravos também é muito curioso – preste atenção, especialmente, no relacionamento que se desenvolve entre Solomon e Patsey (Lupita Nyong’o, em sua estreia cinematográfica, que lhe rendeu um Oscar 2014 de Melhor Atriz Coadjuvante), que, de uma certa maneira, também tem as mesmas motivações que o personagem principal deste filme e tenta manter a sua dignidade em meio à tanta degradação humana.

Filme indicado a 9 Oscars 2014, dos quais venceu 3 (incluindo o mais importante da noite: Melhor Filme), “12 Anos de Escravidão” é um retrato fortíssimo sobre o período da escravidão nos Estados Unidos. Por mostrar pessoas que tinham que esconder suas verdadeiras personalidades e habilidades, pois quanto mais notados eram, piores eram as suas vidas dentro das fazendas nas quais estavam confinados. Por mostrar uma época em que a liberdade (um direito básico de qualquer cidadão) era negado pela própria sociedade em que ele se encontrava inserido. Por retratar um momento em que as pessoas não eram tratadas de forma igual, apesar de todos termos sido criados à imagem e semelhança de Deus.

Indicações ao Oscar 2014
Melhor Filme – VENCEDOR!
Melhor Ator – Chiwetel Ejiofor
Melhor Ator Coadjuvante – Michael Fassbender
Melhor Atriz Coadjuvante – Lupita Nyong’o – VENCEDORA!
Melhor Figurino – Patricia Norris
Melhor Diretor – Steve McQueen
Melhor Edição – Joe Walker
Melhor Direção de Arte – Adam Stockhousen e Alice Baker
Melhor Roteiro Adaptado – John Ridley – VENCEDOR!



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Comentários


É, sem dúvidas, um belíssimo filme. Ainda que seja o filme mais fraco de Steve McQueen, o ratifica como cineasta interessantíssimo para todos nós que amamos cinema.
Bjs

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Gostei do filme pois tinha tudo para ser um dramalhão, mas o diretor não perdeu o foco e fez um filme que deixa uma sensação de tristeza ao sair do cinema.

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Fabrício, mas cair para o lado do dramalhão não faz o estilo do Steve McQueen, como diretor. “12 Anos de Escravidão” é um grande filme!

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