(“Jesus Camp” [2006] – diretoras: Heidi Ewing e Rachel Grady)

Não existem dúvidas de que as imagens carregam um poder muito grande dentro de si. Ao mesmo tempo, o mesmo poder também pode ser atribuído às palavras. O documentário “Jesus Camp”, dirigido por Heidi Ewing e Rachel Grady, é uma prova disso. A obra fala a respeito dos acampamentos de férias (algo típico da cultura norte-americana) para os filhos de famílias evangélicas. O objetivo desses acampamentos, além, claro, de fortalecer a fé dessas crianças em Jesus Cristo, é o de formar verdadeiros “exércitos de Deus”, nos quais essas crianças lutarão pelos valores que elas acreditam ser os corretos para a sociedade norte-americana e, consequentemente, a do mundo inteiro – já que os Estados Unidos são o país mais importante do nosso planeta.

É importante, ao assistir “Jesus Camp”, compreender a realidade na qual o filme foi realizado. Em 2006, estávamos no segundo mandato de George W. Bush, um presidente que representa um partido, o Republicano, que é uma síntese do conservadorismo norte-americano. Tal conjuntura favorecia a difusão desse pensamento mais extremista. No entanto, o aspecto mais preocupante – e assustador – de “Jesus Camp” é que ele nos mostra crianças, no auge da idade em que eles estão na sua formação intelectual, cultural e pessoal, que são confrontadas com informações – quase como se eles estivessem sofrendo uma lavagem cerebral – que são absorvidas sem qualquer tipo de reflexão sobre o que está sendo passado a eles. Isso que é doentio!

Seria interessante, já que estamos quase 10 anos após o lançamento desse documentário, que foi indicado ao Oscar da categoria em 2007, como estão as crianças que são enfocadas pelas diretoras. Será que elas continuam com o mesmo pensamento? Será que o amadurecimento, o crescimento pessoal e o acúmulo de experiências fizeram com que eles refletissem sobre o que eles acreditavam, sobre o que foi passado para eles? Isso eu gostaria de saber!