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Moonlight: Sob a Luz do Luar

publicado em:14/03/17 8:21 PM por: Kamila Azevedo Cinema

A cena mais importante de Moonlight: Sob a Luz do Luar, filme dirigido e escrito por Barry Jenkins, é justamente aquela que explica o título do longa, na qual Juan (Mahershala Ali, numa performance vencedora do Oscar 2017 de Melhor Ator Coadjuvante) explica para Little (Alex R. Hibbert) o momento em que ele decidiu a pessoa que ele iria ser. Little ainda não conseguirá entender a mensagem de Juan, devido à sua pouca idade, mas o que ele quis dizer é que nunca devemos nos deixar levar pelo olhar que os outros possuem sobre nós, e sim nós que devemos decidir a maneira pela qual os outros devem nos enxergar.

Essa cena diz muito também sobre a trama de Moonlight: Sob a Luz do Luar. Por meio dela, acompanhamos a jornada de crescimento de Little/Chiron (Ashton Sanders)/Black (Trevante Rhodes) nas três fases mais importantes – digamos assim – da sua vida: a infância, a adolescência e a vida adulta. É interessante perceber que as três fases da existência de Chiron possuem elementos bastante comuns, com os quais ele terá que lidar recorrentemente, como a falta de um ambiente familiar sólido; a mãe (Naomie Harris, em atuação indicada ao Oscar 2017 de Melhor Atriz Coadjuvante) viciada em drogas; a tentação do mundo da criminalidade; o bullying na vida escolar e a repressão da sua sexualidade e de sentimentos básicos como a raiva, a dor, a tristeza.

Todo esse background será fundamental para o homem no qual Chiron se transformou e que se apresenta a nós no terceiro capítulo de Moonlight: Sob a Luz do Luar. Ao emular a grande figura masculina que teve em sua vida (Juan) e ao modificar seu físico por completo, Black pode ter resolvido boa parte de seus problemas; entretanto, para ele se tornar alguém de verdade, ele tem muitas coisas no seu lado íntimo para trabalhar. Por isso mesmo, o final aberto do filme nos deixa com a sensação de que, talvez, Black esteja pronto para enfrentar os seus medos mais íntimos, se enxergando de verdade, como a pessoa que ele verdadeiramente é.

Vencedor do Oscar 2017 de Melhor Filme, Moonlight: Sob a Luz do Luar é um filme que representa muito bem a sua personagem principal, com a opção de uma narrativa repleta de silêncios e de lacunas que deverão ser preenchidas por nós (plateia). Por falar no roteiro, este é o elemento mais irregular do filme, especialmente pela maneira como não desenvolve a contento as personagens (com exceção de Chiron) e nos deixa por fora de muitos acontecimentos que seriam importantes para o desenrolar desta história. Fica a sensação de que este é um filme que promete mais do que cumpre.

Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight, 2016)
Direção: Barry Jenkins
Roteiro: Barry Jenkins (com base na história de Tarell Alvin McCraney)
Elenco: Mahershala Ali, Alex R. Hibbert, Janelle Monáe, Naomie Harris, Ashton Sanders, Jharell Jerome, Trevante Rhodes, André Holland

Indicações ao Oscar 2017
Melhor Filme – VENCEDOR!!!
Melhor Ator Coadjuvante – Mahershala Ali – VENCEDOR!!!
Melhor Roteiro Adaptado – Barry Jenkins e Tarell Alvin McCraney – VENCEDOR!!!
Melhor Atriz Coadjuvante – Naomie Harris
Melhor Diretor – Barry Jenkins
Melhor Fotografia – James Laxton
Melhor Montagem – Joi McMillon e Nat Sanders
Melhor Trilha Sonora Original – Nicholas Britell



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Comentários


“Moonlight” é um filme que considero catártico em muitas das discussões que levanta, mas, do ponto de vista estrutural, ele me decepciona profundamente: além do último ato adotar um tom que, ao meu ver, não condiz com os outros dois capítulos, simplesmente não consegui ver o pequeno Chiron naquele homem adulto e ainda perdido na vida. Não sei se foi problema de escalação, direção ou roteiro… Mas o filme simplesmente não funcionou para mim no terço final!

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Matheus, confesso que eu esperava mais de “Moonlight”. Meu maior problema com o filme foi o roteiro. Achei a história em si muito mal construída, com inúmeros furos, situações mal explicadas – e isso prejudica, em muito, a nossa imersão na jornada do Chiron. Concordo com seus comentários em relação ao terceiro ato do filme, que, pra mim, também foi muito equivocado.

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