(Lugares Escuros [2015] – diretor: Gilles Paquet-Brenner)

Baseado no livro escrito por Gillian Flynn (quem também escreveu Garota Exemplar, cuja adaptação cinematográfica foi dirigida por David Fincher), Lugares Escuros, filme dirigido e escrito por Gilles Paquet-Brenner, acompanha a história de Libby Day (Charlize Theron), que, em outubro de 1985, se tornou a única sobrevivente e testemunha do assassinato de sua mãe (Christina Hendricks) e suas duas irmãs. Na ocasião, o depoimento de Libby foi fundamental para que seu irmão Ben (interpretado por Tye Sheridan, quando jovem, e por Corey Stoll, quando adulto) fosse condenado pelo crime.

30 anos depois do crime, após ser procurada por Lyle Wirth (Nicholas Hoult), representante de um grupo amador de investigadores, Libby concorda em enfrentar o passado e entra numa jornada em busca da verdade sobre o que realmente aconteceu naquele fatídico dia. O desenvolvimento da trama é interessante, na medida em que alterna a linha temporal atual com flashbacks que retomam os momentos que antecederam o crime e que revelam toda a angústia que a mãe de Libby sentia em relação ao crescimento de suas dívidas financeiras, ao mesmo tempo em que retratam a personalidade dúbia de Ben, que estava se envolvendo com amizades erradas e sofria com as pressões advindas da namorada (Chlöe Grace Moretz).

Lugares Escuros acaba sendo um filme interessante muito em parte por mostrar que enfrentar as lembranças mais dolorosas de nossas vidas pode nos revelar o quanto, na realidade, nós não sabemos sobre os grandes traumas que sofremos – ou, então, o quanto que a nossa memória nos “protege” diante de situações desse tipo, fazendo com que nos esqueçamos, propositalmente, de acontecimentos que são fundamentais para que possamos compreender o que está ocorrendo conosco.