O Destino de uma Nação | Resenha Crítica
Em maio de 1940, o mundo estava vivendo um período bastante delicado de sua história. Em plena Segunda Guerra Mundial, a Europa tinha que lidar com os avanços, cada vez mais significativos, da Alemanha nazista, que estava prestes a ter o domínio completo do continente. A Inglaterra, por sua vez, além do delicado ambiente externo, tinha que administrar também um conflito interno: nem a população, muito menos os políticos, confiavam na capacidade do então Primeiro-Ministro Neville Chamberlain de administrar o país em tempos adversos.
A Inglaterra precisava de um líder que aglutinasse a nação e que fosse capaz de inspirar a confiança necessária de que tudo terminaria bem. É justamente neste contexto histórico que Winston Churchill ascende ao poder, como Primeiro-Ministro da Inglaterra, em 10 de maio de 1940. O filme O Destino de uma Nação, dirigido por Joe Wright, retrata justamente os primeiros dias de Churchill (interpretado por Gary Oldman, vencedor do Globo de Ouro e do SAG Awards de Melhor Ator e favorito absoluto ao Oscar 2018 de Melhor Ator) como líder político da nação britânica, ao mesmo tempo em que tem que lidar com as pressões internas (principalmente pela negociação de um acordo de paz com os países aliados) e externas (o avanço das tropas do Eixo e a eminente queda da França – o que seria desastroso para toda a Europa) e, principalmente, utilizando aquilo que ele tinha como ponto mais forte: a oratória para manter os ânimos elevados e a união do povo britânico (incluindo seus políticos e monarcas) rumo à vitória.
De uma maneira um tanto interessante – e não sei se coincidente –, O Destino de uma Nação dialoga diretamente com Dunkirk, filme de Christopher Nolan, que também foi lançado no ano passado. O ápice do longa de Joe Wright nos mostra as negociações entre Churchill e o Almirantado para que a Operação Dínamo (que colocou os barcos civis britânicos numa missão de resgate das tropas inglesas que se encontravam cercadas na cidade francesa de Dunquerque) acontecesse. O Destino de uma Nação, aliás, finaliza justamente no início dessa Operação, quando num discurso feito na Câmara de Lordes, se tem a certeza de que Churchill venceu a resistência inicial e era a pessoa certa, no lugar certo, para virar o jogo na Europa em Guerra.
O Destino de uma Nação, por isso mesmo, por se apoiar em um relato totalmente histórico, é uma obra um tanto anticlimática. O filme tem como ponto alto, não só a reconstituição de um tempo turbulento, mas também o fato de ser um grande tributo a uma das figuras mais marcantes da história da Inglaterra. Winston Churchill se notabilizou por ter sido um político e líder competentes, mas, principalmente, por ter sido um homem visionário (na conjuntura histórica em que o filme se passa, a postura da Inglaterra de oposição à Adolf Hitler era única) e que fez o que tinha que ser feito. Churchill foi alguém que veio ao resgate da Inglaterra nos momentos em que o país mais precisava de uma pessoa com a segurança que ele tinha e passava.
O Destino de uma Nação (Darkest Hour, 2017)
Direção: Joe Wright
Roteiro: Anthony McCarten
Elenco: Gary Oldman, Kristin Scott-Thomas, Ben Mendelsohn, Lily James, Ronald Pickup, Stephen Dillane
Indicações ao Oscar 2018
Melhor Cabelo e Maquiagem
Melhor Filme
Melhor Ator – Gary Oldman
Melhor Fotografia – Bruno Delbonnel
Melhor Figurino – Jacqueline Durran
Melhor Direção de Arte – Sarah Greenwood e Katie Spencer
Kamila, permita-me discordar de sua analise, o anticlimático que cita, devido a sabermos a história, não se consolida no filme porque são as nuances, o fato de Churchill brigar por aquilo que hoje conhecemos, é o grande plot do filme. Enxergamos (e isso o Dunkirk ajuda muito) como aquele conservador luta, quase que sozinho com o povo (a cena do metrô é genial) para derrotar o nazismo. Por questão de horas, por questão de perseverança e ideologia, nós hoje podemos viver num mundo melhor. Esse climax de alguns políticos ingleses irem acertar um tratado de paz com o Mussolini, enquanto o velho Churchill luta até o final, nos dá a sensação de agonia de saber o que seria do mundo hoje se Hitler derrotasse Churchill.
Cassiano, claro que pode discordar! De uma certa maneira, você tem razão. Churchill, naquela época, foi uma voz solitária e dissonante contra o nazismo. Ele foi jogado aos leões pelos companheiros de partido, que torciam pelo seu fracasso e, na verdade, ele fez o contrário, calando a boca de todos!
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