Me Chame Pelo Seu Nome | Resenha Crítica
“Me chame pelo seu nome e eu o chamarei pelo meu”. Essa frase é proferida num dos momentos mais emocionantes do filme Me Chame Pelo Seu Nome, dirigido por Luca Guadagnino, e representa muito bem o que é o encontro entre o jovem Elio (Timothée Chalamet, indicado ao Oscar 2018 de Melhor Ator) e o estudante Oliver (Armie Hammer): aquele momento em que dois se transformam num só, em que a conexão é tão grande que não se consegue mais pensar em um sem lembrar do outro.
Tudo é propício para que Elio e Oliver se apaixonem. A história se passa numa linda cidade do interior da Itália, onde Elio e seus pais (Michael Stuhlbarg e Amira Casar) passam as férias de verão. Oliver é o norte-americano desconhecido, o novo bolsista de seu pai. Por mais que fosse acostumado com as figuras dos bolsistas (afinal, era um novo a cada verão), a pessoa de Oliver impacta Elio de cara e você vê a necessidade que o jovem tem de agradar, a todo instante, o bolsista.
Tem muita influência nisso o fato de que Elio está vivendo aquele instante da adolescência em que anseia pela descoberta e pela vivência de um grande (provavelmente, o primeiro) amor e de novas experiências. As férias que ele passa na Itália são o ambiente perfeito para que isso aconteça, afinal são muitos jovens reunidos, banhos de rio, festas, paqueras e saídas para a cidade. Oliver se encaixa logo nessa rotina de Elio. Só que, ao contrário do jovem, o bolsista se coloca de uma maneira mais contida, como se estivesse sondando o ambiente ao seu redor e até onde (e com quem) poderia ir.
Tudo isso nos é retratado de uma maneira um tanto bacana pelo roteiro escrito por James Ivory. O fato de o roteirista respeitar o tempo de cada uma das personagens é que faz de Me Chame Pelo Seu Nome um filme muito interessante. Ao vermos o desabrochar de um sentimento que poderia muito bem não ter se concretizado, conseguimos sentir uma empatia enorme por Elio e Oliver – na medida em que quantos de nós não sentiram medo de revelar uma atração, com receio de rejeição ou de terem interpretado mal os sinais que nos são passados.
Além disso, chama a atenção no filme a sensibilidade da direção de Luca Guadagnino. Ao insinuar mais do que revelar, o diretor nos coloca lado a lado da descoberta de sentimentos que as personagens vivem. Estamos junto com Elio e Oliver, com o mesmo frio na barriga e as mesmas dúvidas. Isso também é mérito das atuações de Timothée Chalamet e de Armie Hammer, que ficam num jogo de flerte até o momento em que o sentimento se solidifica. A cena final, da conversa entre pai e filho, também é de uma beleza sem tamanho – quanto acolhimento, quanto amor e quanto respeito! Quem dera que todas as famílias fossem assim!
Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me By Your Name, 2017)
Direção: Luca Guadagnino
Roteiro: James Ivory (com base no livro escrito por André Aciman)
Elenco: Timothée Chalamet, Armie Hammer, Michael Stuhlbarg, Amira Casar, Esther Garrel
Indicações ao Oscar 2018
Melhor Ator – Timothée Chalamet
Melhor Roteiro Adaptado – James Ivory
Melhor Filme
Melhor Canção Original – “The Mystery of Love”
Kamila, tenho um problema muito grande com esse filme. Me incomoda, e muito. No final do filme fica no ar uma insinuação de que o pai armou o caso do filho (não sei se entendeu tb assim). Nesse momento passo a enxergar como uma crítica a esse processo do pai influenciar o filho, seja exigindo estudo no piano, ou fomentando uma experiencia homossexual (na maior parte do filme ele não aparenta nenhuma homossexualidade). Como logo depois o filme acaba, é a parte onde ele diz a esposa que a próxima convidada será uma mulher, não parece uma critica, acho que fui enganado pelo cineasta por defender essa ideia.
Cassiano, não enxerguei dessa forma. Acho que o pai, em sua sensibilidade e proximidade com o filho, percebeu o que estava se passando, mas não vejo uma intenção dele para que o romance acontecesse. Talvez, a próxima estagiária fosse uma mulher para que o filho não se envolvesse novamente com alguém, ainda estando sofrendo pelo que aconteceu no outro Verão…
É, talvez deva rever essa cena, mas enfim, o pai também tem essa tendencia de influenciar o filho, na cena do piano.
A cena da conversa entre o pai e o filho é muito bonita mesmo. Acho que o filme consegue ser sensível em sua condução, ainda que o final fruste um pouco a torcida pela realização amorosa.
Amanda, sim, o final pode ser frustrante, mas não acho que isso acabe prejudicando o filme. Acho que o final foi perfeito, especialmente se pensarmos que aquele era somente o primeiro amor de Elio.
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