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Roe x Wade: Direitos das Mulheres nos EUA | Resenha Crítica

publicado em:12/11/18 1:31 PM por: Kamila Azevedo Filmes

Um dos casos mais emblemáticos da história jurídica norte-americana, Roe x Wade foi decidido pela Suprema Corte Americana, em 1973, reconhecendo o direito ao aborto, nos Estados Unidos. Apesar disso, ao longo dos anos, os grupos pró-vida e pró-escolha continuaram a brigar abertamente por aquilo que eles acreditam ser o mais correto, colocando a lei Roe x Wade em risco.

O documentário Roe x Wade: Direitos das Mulheres nos EUA, dirigido por Anne Sundberg e Ricki Stern, faz um apanhado histórico sobre o debate em relação ao aborto, ao longo de todos esses anos. Rico em depoimentos de ativistas envolvidos nos dois lados dessa história, o filme faz uma contextualização bastante interessante sobre o tema, que nos mostra que, nos seus primórdios, quando ainda não era legalizado nos Estados Unidos, o aborto era uma solução defendida e sugerida por líderes religiosos, que formaram uma rede de médicos que se dispunham a realizar abortos em mulheres que assim o desejavam; e que, posteriormente, após a promulgação da lei que liberou-o, foi adotado como ponto principal da reinvenção de uma das maiores ONGs de planejamento familiar do país, a Planned Parenthood.

Um dos pontos também mais fortes de Roe x Wade: Direitos das Mulheres nos EUA é aquele que nos mostra que algumas das leis pioneiras a favor do aborto, nos Estados Unidos, foram encampadas por políticos do Partido Republicano – curiosamente, o partido que, a partir do governo de Ronald Reagan (ele mesmo promulgou uma das leis mas avançadas sobre o tema, quando era Governador), na década de 80, passou a ser o representante oficial dos grupos pró-vida, na luta contra a revogação da lei Roe x Wade. Neste sentido, os grupos pró-vida tentam encontrar brechas que permitam que cada Estado possa fazer a sua própria regulamentação de determinados casos de aborto ou do funcionamento das clínicas que realizam esse procedimento médico.

Entretanto, apesar de não tomar uma posição pré-definida a respeito do aborto, o documentário encontra seus melhores momentos quando ressalta que a decisão pela interrupção – ou não – de uma gravidez não deve ser tomada por pessoas que estão nas casas legislativas ou judiciárias. A discussão é maior do que a religião e envolve argumentos científicos, técnicos, médicos.

Enfim, esse é um ato que deve caber, única e exclusivamente, à mulher, em conjunto com o seu médico, e tendo como apoio a religião que ela segue. Por isso mesmo, a importância da manutenção da lei Roe x Wade, de forma que as mulheres continuem a exercer seus direitos em liberdade, com privacidade e sem qualquer tipo de julgamento ou influência externa. Até quando a lei irá resistir num Estados Unidos cada vez mais conservador? Não sabemos… O que o documentário nos mostra, no entanto, é que a luta segue nas trincheiras. E não será fácil derrotá-la.

Roe x Wade: Direitos das Mulheres nos EUA (Reversing Roe, 2018)
Direção: Ricki Stern e Anne Sundberg

Avaliação/Nota

Nota
9.0

Média Geral



Post Tags

Jornalista e Publicitária


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