Espelho da Vida, novela escrita por Elizabeth Jhin com direção geral de Pedro Vasconcelos, foi ao ar, na Rede Globo, entre os meses de setembro de 2018 a abril de 2019. A trama tinha como proposta um relato bastante inovador, uma vez que a história se passava em dois tempos (o passado e o presente, bem como relances de uma terceira vida anterior a essas); que personagens importantes para a conclusão da trama foram introduzidos nela somente nos meses finais; e com uma história de amor desconstruída em prol da construção de outra.

Foram escolhas corajosas por parte de Elizabeth Jhin, mas que se revelaram, em alguns casos, muito erradas. Por exemplo: a sensação, durante boa parte da novela, era que a trama estava demorando a decolar; que alguns núcleos secundários (como o dos adolescentes) eram muito desnecessários; e que a entrada de Daniel (personagem interpretado por Rafael Cardoso) ocorreu muito tarde, sem tempo de um desenvolvimento mais a contento da história que o envolvia.

Apesar disso, Espelho da Vida foi uma novela que valeu a pena acompanhar pelo trabalho excelente de alguns destaques do elenco (como Vitória Strada, Felipe Camargo, Irene Ravache, Emiliano Queiroz, Suzana Faini, Julia Lemmertz, Alinne Moraes e Patricya Travassos), por algumas cenas marcantes (como o surto de Cris e a do assassinato de Julia Castelo – brilhantemente escritas, dirigidas, editadas e atuadas), mas, principalmente, por termos tido a chance de presenciar a construção do personagem Alain Dutra (interpretado por um esforçado e dedicado João Vicente de Castro).

Alain Dutra e sua encarnação do passado (Gustavo Bruno) representam toda a essência desta trama. Espelho da Vida foi uma novela sobre resgates, sobre perdão, sobre a evolução que cada um de nós nos propomos a fazer quando reencarnamos. Alain era um mocinho (sim, ele era) humano, imperfeito, intenso e que nos foi apresentado com seus acertos e com seus erros. Acompanhar a jornada dele, a sua transformação, foi muito gratificante – e emocionante.