Deserto Feliz
Deserto Feliz é o nome de um lugarejo árido e inóspito no sertão pernambucano, e também é o título do último filme dirigido por Paulo Caldas. Nele, acompanharemos a jornada de Jéssica (a estreante Nash Laila), uma jovem de 14 anos, que vive com a mãe e o padrasto na cidade que citamos no início do texto. A vida de Jéssica é cheia de aspectos contrastantes, como mistério e silêncio, sensualidade e ingenuidade, sonhos e realidade.
Na medida em que o roteiro de Paulo Caldas, Marcelo Gomes, Manoela Dias e Xico Sá é desenvolvido, ficamos sabendo que Jéssica é vítima de violência sexual por parte do padrasto. A mãe dela não faz idéia do que acontece dentro de sua própria casa e é justamente para fugir disto que Jéssica pega uma carona com um caminhoneiro e parte para Recife. Na capital pernambucana, para sobreviver, a jovem apela para a única saída que encontra: a exploração de seu corpo, de preferência pelas mãos dos muitos turistas estrangeiros que ali estão.
Se você pensa que “Deserto Feliz” é um filme depressivo, vai ficar bem surpreendido ao notar que, na realidade, a história que ele conta é um tanto otimista. Isto está representado pelo personagem de Peter Ketnath (que é um dos co-produtores do longa). Ele faz Mark, um turista alemão que passa da posição de cliente de Jéssica para namorado dela, uma vez que ele a carrega para a Alemanha. Aqui, a obra começa a falar de um outro tema importante, que são as diferenças culturais (já que a adaptação de Jéssica ao novo país é muito difícil) e a falta de forças da jovem para se dar a oportunidade de encontrar a felicidade ou de fazer algo que seja bom para ela.
Filmado de uma maneira praticamente documental, “Deserto Feliz” é um desafio para a platéia que decidir encará-lo. Toda a obra é calcada em cima dos aspectos contrastantes de Jéssica, especialmente o silêncio. É interessante perceber como a vida dela passa a ser determinada por uma série de acidentes justamente por ela não ter um eixo, ou seja, aquela pessoa que seja franca com ela quando é necessário ser. Por isto mesmo, é importante lembrar, durante toda a duração do longa, que estamos diante de uma adolescente que está tentando encontrar seu caminho na vida e que foi vítima das circunstâncias que experimentou.
Cotação: 7,0
Deserto Feliz (Happy Desert, 2007)
Diretor: Paulo Caldas
Roteiro: Paulo Caldas, Marcelo Gomes, Manoela Dias e Xico Sá
Elenco: Hermila Guedes, Peter Ketnath, Nash Laila, João Miguel, Zezé Motta
não tenho muitas referencias sobre esse filme. mas isso não chega a ser um motivo a menos p/ conferi-lo. deve ser bom
abs, Kamila
🙂
Gostei de sua crítica, Kamila. Fiquei com vontade de ver o filme. A trama, apesar de à primeira vista ser “mais do mesmo”, em relação aos constantes filmes brasileiros que abordam temas como pobreza, favelas e crime, parece ser bem conduzido. Sem contar que o elenco é composto praticamente de atores desconhecidos.
Fiquei ainda mais curioso a respeito desse filme que já quero ver há um certo tempo. A trama parece ter um “quê” de “O Céu Suely” e até mesmo pela presença da excelente Hermila Guedes fiquei mais interessado – sem falar no João Miguel e no Peter Ketnath. Abraço!
Sabia que não conhecia este “Deserto Feliz”? Se já ouvi falar, faz algum tempo, porque realmente não me recordo. Gostei dos comentários no geral, ainda mais sobre o fato de ele não ser tão pessimista – vamos combinar que a maioria dos filmes brasileiros querem por que querem seguir este esteriótipo. Bjs!
E eu perdi a oportunidade de ver esse filme aqui em Aju com os atores principais do longa! =/ Fizeram um evento com eles, aqui no cinemark, para a estréia do filme, mas eu não pude ir por causa da universidade a noite. =/ Mas ainda quero assisti-lo!
Quero muito assistir este filme, qualquer coisa interessante que venha a surgir do cinema nacional eu estou dentro.
Poxa, Kamila, tá empenhada no cinema nacional, hein! Parabéns!
Também quero assistir esse.
Abs!
Kami, minha nota foi 7,5! Sabes que eu achei interessante a premissa, mas a narrativa me incomodou e MUITO! Vale lembrar que gosto muito de Nash Laila aqui.
Beijos!
Pela tematica, tem-se a impressao de q o filme eh triste, entao me surpreendeu o q vc disse no texto. A foto parece servir como afirmacao do q vc disse, Kamila!
Ultimamente vem só escrevendo sobre filmes que desconheço. Rsrs. Não curto muito a mistura de ficção com o estilo documental, tive muitos problemas com “Não Estou Lá”. A história me pareceu interessante e à princípio nos parece realmente depressiva. Adorei o dinal de seu texto… Abraço!
Não sou muito fã do cinema brasileiro … esta fita também não tinha conhecimento até agora … mas, vou procurar .
beijos!
Jeniss, fui assistir a este filme sem ter qualquer tipo de referência prévia sobre ele e isso não me impediu de apreciá-lo. Abraços!
Ibertson, acho que os nomes mais conhecidos do elenco são: Hermila Guedes, João Miguel e Peter Ketnath.
Vinícius, a trama tem um quê mesmo de ‘O Céu de Suely’, mas acho este longa melhor que “Deserto Feliz”. A Hermila faz uma participação bem pequena aqui. Abraço!
Weiner, o que eu mais gostei neste filme é que ele tem esperança. Ele mostra que pode ser que a Jéssica encontre seu caminho. Beijos!
Marcel, que pena que perdeu a oportunidade de ver o filme, ainda mais com a presença dos atores principais!
Sérgio, eu também!
Ramon, acho que a gente tem mesmo que prestigiar nosso cinema. Abraços!
Kau, a narrativa do filme é mesmo complicada, mas o resultado geral obtido pelo diretor é bom. Beijos!
Romeika, exatamente. O otimismo e a esperança é que surpreendem neste filme – e isso é ótimo.
Rafael Moreira, obrigada! E, que bom que estamos podendo te surpreender com os textos resenhados por aqui ultimamente. Abraço!
Cleber, por quê não és fã do cinema brasileiro? Beijos!
Assisti a esse filme há mais de um ano numa Mostra aqui em minha cidade e confesso que não me empolgou muito, não. Parece que falta um pouco mais de emoção, principalmente quando ela viaja para a Alemanha, e não me agrada a tentativa do diretor de parecer esteticamente descolado, filmando de forma diferenciada. Mas bem que eu gostaria de rever o filme.
Rafael, eu concordo que falta um pouco mais de emoção ao filme. Muitas vezes, a impressão que eu tive foi a de que existe um distanciamento entre o diretor e a história que ele relatou.