Branca de Neve e o Caçador
Quando foi anunciado que Hollywood estava preparando duas adaptações livres do conto de fadas da Branca de Neve e dos Sete Anões, dos Irmãos Grimm, ficou aquela sensação de que a crise criativa na capital mais importante do cinema estava tão grande que os estúdios nem se preocupavam mais em desenvolver os mesmos projetos que os outros. Quando os respectivos trailers de “Espelho, Espelho Meu”, filme de Tarsem Singh, e de “Branca de Neve e o Caçador”, do diretor estreante Rupert Sanders, foram divulgados, veio um certo alívio: ao que tudo indicava, o primeiro filme seria uma obra mais leve, enquanto que o segundo se apresentava como uma obra mais obscura.
Após assistirmos aos dois filmes, podemos dizer, com certeza, que, apesar de “Espelho, Espelho Meu” ser uma comédia romântica com toques de ironia e influências de Bollywood, e de “Branca de Neve e o Caçador” ser um filme que privilegia mais o que vou chamar de drama de ação, as duas obras possuem uma essência muito similar, pois a sua trama principal gira em torno de reinos que sucumbiram às vaidades particulares de uma rainha super poderosa (Julia Roberts e Charlize Theron, respectivamente) e que encontram na figura pura e ingênua da Branca de Neve (Lily Collins e Kristen Stewart, respectivamente) a única chance de poderem retomar tempos de paz, de esperança e de harmonia.
A diferença entre os dois filmes acaba sendo a forma mesmo como a história nos é apresentada. Rupert Sanders pode não ter a visão artística de Tarsem Singh, mas se revela um diretor com traços competentes, especialmente nas suas decisões estéticas – se bem que ajuda muito trabalhar com profissionais do gabarito da figurinista Colleen Atwood, do compositor James Newton Howard e do diretor de fotografia Greig Fraser. De uma certa maneira, “Branca de Neve e o Caçador” aposta no território seguro, em cenas com planos abertos que enfocam paisagens, e na tentativa de mostrar Branca de Neve como uma heroina em processo de aceitação, como se ela fosse adquirindo a força dela na medida em que a trama vai progredindo e ela vai encontrando as pessoas que a ajudarão nesta jornada.
Entretanto, por mais que o filme tenha esse enfoco na figura da protagonista, quem rouba a cena por completo é a atriz sul-africana Charlize Theron. Desde a escolha pela empostação de voz, pelo olhar expressivo (sem nunca soar exagerado) e pela presença forte, a sua rainha Ravenna é um dos grandes personagens do ano. Chega até mesmo a soar irônico (pra não dizer mentiroso) que alguém desse porte e de tamanha beleza se sinta intimidada pela timidez e fragilidade da Branca de Neve. Mas, para isso existe aquela sensação de catarse que nos permite a inserção no universo fantástico dos filmes. E, neste sentido, “Branca de Neve e o Caçador” nos desafia a todo momento a entrar nessa fantasia livremente adaptada de um dos mais famosos contos de fadas que se tem notícia. No final, o longa pode não ser memorável, mas, com certeza, vai fazer com que você escape por um pouco da realidade.
Cotação: 6,0
Branca de Neve e o Caçador (Snow White and the Huntsman, 2012)
Direção: Rupert Sanders
Roteiro: Evan Daugherty, John Lee Hancock e Hossein Amini (com base na história de Evan Daugherty)
Elenco: Kristen Stewart, Chris Hemsworth, Charlize Theron, Sam Claflin, Sam Spruell, Ian McShane, Bob Hoskins, Ray Winstone, Nick Frost, Eddie Marsan, Toby Jones
É… O filme consegue ser bacana e tem os seus momentos, mas tinha muito coisa dispensável e clichê embutido no filme. O diretor poderia ter feito alguns cortes (principalmente no ato final). Acho que o filme poderia ter sido até mais sombrio como foi na parte da floresta negra. Enfim, a mistura de gêneros não ficou lá muito boa no resultado final. É bom, mas poderia ter mais qualidades do que apenas Charlize Theron.
Raspante, sim, tinha muito clichê dentro da trama do filme e concordo em relação ao filme poder ter sido mais curto, sem detrimento da trama principal. Também pensei que se tratasse de um longa mais sombrio. De qualquer maneira, Charlize Theron se sobressai e você está certíssimo na frase final de seu comentário.
Ainda não vi mas confesso aqui que não tinha muito interesse, o trailer ao menos pareceu bem legal, mas trailer é trailer né rsss sempre legal, de qualquer forma vou arriscar. Abraço!
Ygor, trailer é sempre trailer e parecia um filme legal mesmo. Abraço!
Ainda não vi nenhum dos dois filmes, mas gostei da análise e do confronto promovido por vc entre eles. A bem da verdade, gosto quando Hollywood apresenta dois exemplares semelhantes na mesma época como quando Armageddon e Impacto profundo rivalizaram ou, ainda, no caso de Capote e Infamous. De qualquer maneira, “Branca de neve e o caçador” veio com mais pompa. Com jeito de franquia e orçamento milionário.
Bjs
Kamila, eu sou um exemplo dessa loucura de hollywood em desenvolver projetos semelhantes, eu não fazia idéia de tudo isso, me perdi faz tempo e sinceramente não consigo mais acompanhar.
Deixo para DVD.E concordo em relação a Charlize Theron,ela é muito talentosa.bjs.
Reinaldo, obrigada, mas acho que era meio impossível não ter feito esse paralelo entre os dois filmes. E concordo com sua visão sobre este filme em particular. Beijos!
Cassiano, eu também não consigo acompanhar tudo que sai. É uma coisa meio doida essa sistemática de Hollywood.
Paulo, a Charlize é uma ótima atriz mesmo. Beijos!
Concordo que Charlize Theron rouba a cena, e gosto da atmosfera sombria que está em torno dela no filme, assim como a justificativa para a obsessão por beleza.
Quanto a comparação com os dois, bem pertinente, acho que ambos acabam se cruzando exatamente nessa busca pelo conto original. Uma explicação pela piada, outra pela magia.
Charlize rules! Merecia uma rival à altura como Branca de Neve.
Bjs!
Não conferi ainda, até mesmo por ter perdido a cabine de imprensa. Gostei do trailer e tenho vontade de conferir, mas…
Amanda, eu também adorei a atmosfera que a envolvia e a forma como ela se incorporou a tudo isso, com sua performance.
Otavio, concordo. Beijos!
Celo, mas?? rsrsrs
Tenho interesse em ver. Já pelo trailer dava pra sentir que a Charlize seria a “dona” desse filme rs
João Linno, exatamente. O trailer já nos mostrava que a Charlize que iria dominar a cena neste filme.
Considero também uma grande ironia esse confronto entre as “belezas” das personagens e “talentos” das atrizes Charlize e Kristen. Mas, ao analisar a (falta de) expressão da vitoriosa Branca de Neve, fiquei com a forte impressão de que, ao final de duas horas de filme, ainda não foi possível definir uma identidade para essa nova Branca de Neve. Ela é quem precisaria buscar sua imagem no espelho!
Carol, pois é. Uma boa forma de ver isso é considerando uma ironia, o que, na verdade é.
antes de ver este eu procurei assistir o clássico da Disney (e me matem…foi a primeira vez que vi)..sai decepcionado após a sessão deste lançamento. E realmente Teron é quem segura as pontas e oferece bastante diferencial na atuação e na construção de sue personagem.
Anderson, mas, esse filme não tem nada a ver com a versão clássica da Branca de Neve. É uma reinvenção dessa história, quase como se fosse uma adaptação livre do conto de fadas.
Pelos comentário a kristen deu vários passos para trás na carreira com esse filme, acho que levaram a sério demais isso dela não ser bonita com Charlize, as piadas que foram criadas para esse fato foram piores do que as da saga, porém achei que ela foi corajosa, não temeu o erro e em algums momentos deu dignidade a personagem . O filme não é uma bomba, mas é apenas mediano, o maior problema pra mim foi o roteiro mesmo que criou muito bem a personagem da rainha, mas esqueceu dos outros personagens(não consigo culpa a kristen e o Chris por isso) e também do resto da trama deixando muitas falhas.
Bia, não acho que a Kristen deu vários passos atrás na carreira, com esse filme. Pelo contrário: acho que faz com que ela mostre um lado versátil como atriz, com uma protagonista feminina forte e valente. Também não acho o filme uma bomba, somente mediano. O roteiro é que é o grande problema mesmo.
[…] Sam Claflin, são os únicos atores remanescentes do filme anterior dessa série cinematográfica: Branca de Neve e o Caçador, de Rupert […]