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>Six Feet Under – "Everyone’s Waiting"

publicado em:5/10/07 6:51 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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PS: Atenção para spoilers.

Existem certas séries que marcam um determinado período. “Six Feet Under” é uma delas. Quando estreou na programação da HBO, em 2002, o seriado era só uma das provas da ascensão que o canal teve naquela época, como sinônimo de qualidade – as outras foram “Sex and the City”, “The Sopranos” e “The Wire” – e que se converteram em elogios da crítica e reconhecimento da indústria.

A segunda marca que o seriado deixou foi a confirmação do brilhantismo de Alan Ball, roteirista do premiado filme “Beleza Americana” e criador de “Six Feet Under”. Se no filme, Ball abordava – de maneira irônica – o American Way of Life; no seriado, ele se aproxima de um tema mórbido, como a morte – mas utiliza o falecimento das pessoas como mote principal para falar sobre a vida.

“Six Feet Under” acompanha o dia-a-dia da família Fisher, que é dona de uma funerária. O seriado começa com a morte de Nathaniel (Richard Jenkins), o pai, e mostra de que maneira o falecimento dele vai afetar a vida de todos os Fisher. A esposa, Ruth (a excelente Frances Conroy, vencedora do Globo de Ouro e do SAG Awards de Melhor Atriz em uma Série Dramática pelo seu trabalho na série), vai começar a experimentar uma série de coisas novas. O filho mais velho, Nate (Peter Krause), tem que abandonar toda a sua vida e suas aspirações para assumir – totalmente a contragosto – o papel do pai. O filho do meio, David (Michael C. Hall, cuja primeira temporada de sua nova série, “Dexter”, acabou de ir ao ar no canal FOX), começa a não querer viver na mentira e assume a sua homossexualidade para toda a família. Ao mesmo tempo, a série trata da trajetória errante e, muitas vezes, autodestrutiva de Claire (a maravilhosa Lauren Ambrose), a filha mais nova dos Fisher – uma jovem que irá se envolver com drogas, em relacionamentos extenuantes do ponto de vista emocional e em experiências típicas de jovens que estão querendo se encontrar.

A quinta – e última – temporada de “Six Feet Under” tem como tema principal o acerto de contas. Nate – que agora está casado com Brenda (a atriz australiana Rachel Griffiths, que foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por sua performance em “Hilary & Jackie”) – se vê chegando aos 40 anos e não realizando metade do que gostaria de ter feito na vida. Aos poucos, ele vai abandonando o dia-a-dia na funerária dos Fisher e vai em busca daquilo que ele quer.

David vive uma boa fase no relacionamento com Keith Charles (Mathew St. Patrick) e, com ele, se prepara para dar um grande passo: ter um filho.

Ruth se vê diante da doença de seu segundo marido, George Sibley (James Cromwell), mas ela – em um primeiro momento – não vai querer se sentir presa a isso – afinal, já havia ficado presa durante muito tempo durante o casamento com Nathaniel. Ela sabe que viver é muito mais importante.

Já Claire, após abandonar a faculdade de Artes Plásticas, enfrenta uma crise no relacionamento com a mãe – que não quer que ela perca as oportunidades e termine como ela – e se depara com duas perguntas que todos nós enfrentamos em algum momento de nossas vidas: quem sou eu? O que eu quero ser?

No belíssimo series finale de “Six Feet Under”, “Everyone’s Waiting” (que rendeu duas indicações ao Emmy 2006 para o roteirista e diretor Alan Ball), a família Fisher ainda está lidando com o grande choque da quinta temporada: a morte de Nate (que acontece no episódio “Ecotone”). Mais do que o falecimento de Nathaniel, foi a precoce e abrupta partida de Nate o grande golpe sofrido pelos Fisher, que, literalmente, perdem o chão. Ruth perde seu grande parceiro. David, a figura paterna. Claire, o irmão que ela mal conhecia e tinha tanto para mostrar para ela.

Assim como acontecia com os – muitos – mortos com os quais os Fisher lidaram nas cinco temporadas de “Six Feet Under”, o espectro de Nate se fará presente na vida de sua família, como se ele fosse uma testemunha de tudo aquilo que eles estão pensando e fazendo. Em “Everyone’s Waiting”, ele se relaciona especialmente com Claire, que recebe a oportunidade de uma vida toda: uma proposta de trabalho em Nova York. Com medo do novo (quem diria que Claire teria medo do desconhecido) e de deixar a sua família para trás, ela enfraquece. Nate, que sabe como a vivência longe de casa lhe foi benéfica, entra em ação e a “encoraja” a embarcar nesta nova viagem. E é ao som da linda canção “Breathe Me”, da cantora Sia, que Claire se aventura; e, enquanto “Six Feet Under” vive os seus momentos finais, somos nós que temos o filme da vida dos Fisher diante dos nossos olhos – naquela que é a seqüência mais bela de um episódio final de um seriado de TV. Impossível não se emocionar.

É justamente “Everyone’s Waiting”, o episódio que o Warner Channel transmite na noite deste domingo, dia 07 de Outubro, a partir das 22hs. Uma oportunidade única de vivenciar novamente uma das horas dramáticas mais brilhantes da história recente da TV norte-americana, bem como um dos melhores series finale de todos os tempos – simplesmente porque nos mostra a continuidade da vida. “Six Feet Under” não poderia terminar de outra maneira.

“Six Feet Under”
Onde: Warner Channel
Quando: Domingos, às 22hs.
Elenco: Peter Krause, Frances Conroy, Michael C. Hall, Lauren Ambrose, Rachel Griffiths, James Cromwell, Freddy Rodriguez, Justina Machado, Mathew St. Patrick.

“Everyone’s Waiting”
Episódio escrito e dirigido por Alan Ball



Jornalista e Publicitária


Comentários


[…] isso mesmo, o mais surpreendente na trajetória de Ruth, ao longo das cinco temporadas de “Six Feet Under“, é perceber o fato de que ela tenha se transformado, no final, no esteio de sua família, […]

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Nem sabia que tinha um post de Six Feet Under por aqui!

Belo texto, Kamila. Excelente resumo do que foi o seriado.

Agora, esse series finale… certamente foi a cena mais emocionante que vi em um programa de televisão e talvez em qualquer tipo de audiovisual…

Fiquei triste por alguns dias, até…

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Bruno, tinha, sim! Obrigada!!! Sou fã de “Six Feet Under”. É uma das minhas séries favoritas e esse finale foi de arrebatar com as emoções de todo mundo. Uma perfeita conclusão para a série.

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