Roma | Resenha Crítica
Ao contrário do que muita gente pode pensar, o título Roma, do filme escrito e dirigido por Alfonso Cuarón, não faz referência à capital italiana, e sim a um bairro da Cidade do México, de classe média, e que fica próximo ao centro histórico da localidade. Foi neste bairro que Cuarón nasceu e cresceu e são as suas memórias que norteiam o que veremos no decorrer dos 135 minutos do longa.
A história é centrada em Cleo (Yalitza Aparicio, na sua primeira performance como atriz), que trabalha como babá e empregada doméstica numa casa ampla, povoada pelos patrões, pela mãe do patrão e pelos quatro filhos do casal. Além disso, o filme se passa numa conjuntura histórica interessante: em 1970 e 1971, época em que o México não só sediou uma Copa do Mundo, como também passou por mudanças políticas, que culminaram num dos acontecimentos mais trágicos da história do país, o massacre de Corpus Christi, que ocorreu em 10 de junho de 1971 – e que é retratado em Roma.
Fotografado em preto e branco, Roma se apoia em longos silêncios, que ilustram a rotina quase meticulosa e repetitiva de Cleo, que se divide entre os cuidados com a casa, com as crianças e com momentos de lazer. Apesar de estar sempre rodeada de pessoas, a verdade é que Cleo é extremamente solitária e uma sensação de melancolia nos invade quando percebemos que, além de se contentar com tudo aquilo com o qual é contemplada, Cleo não vislumbra para si melhores oportunidades. Ela está (ou acha que está) feliz onde está. Ela sente que deve ser grata por ter patrões que cuidam dela, que oferecem a ela um lar e que a tratam como se ela fosse de casa.
Mesmo assim, apesar de termos todas essas sensações, a verdade é que Roma é um filme que não aprofunda os conflitos internos de suas personagens, muito menos faz uma contextualização adequada que nos ajude a compreender as progressões narrativas. O longa vai se desenrolando sem maiores desenvolvimentos. Isso é, definitivamente, um problema. Entretanto, Roma não tem o objetivo, talvez, de explicar. O filme deseja nos causar sensações, nos colocar dentro das memórias afetivas de Cuarón. Nesse ponto, Roma é extremamente bem-sucedido.
Roma (Roma, 2018)
Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Alfonso Cuarón
Elenco: Yalitza Aparicio, Marina de Tavira, Diego Cortina Autrey, Carlos Peralta, Marco Graf, Daniela Demesa, Nancy García García, Verónica García, Fernando Grediaga, Jorge Antonio Guerreiro
Indicações ao Oscar 2019
Melhor Filme Estrangeiro
Melhor Diretor – Alfonso Cuarón
Melhor Fotografia – Alfonso Cuarón
Melhor Filme
Melhor Atriz – Yalitza Aparicio
Melhor Atriz Coadjuvante – Marina de Tavira
Melhor Roteiro Original – Alfonso Cuarón
Melhor Direção de Arte – Eugenio Caballero e Barbara Enriquez
Melhor Edição de Som
Melhor Mixagem de Som
[…] nada, de uma trama política para trazer um ponto de transição ao roteiro. Isso não funcionou em Roma, filme dirigido e escrito por Alfonso Cuarón, com uma estrutura narrativa bem mais clara; imagine, […]